9 de dez. de 2012

I Encontro Sergipano de Escritores

Auditório do Museu da Gente Sergipana
Aconteceu no auditório do Museu  da Gente Sergipana o primeiro encontro de escritores sergipanos. No decorrer dele, houve declamação de poemas de escritores sergipanos, foram expostas as dificuldades não em publicar, mas distribuir as obras pelas livrarias do Estado e do Brasil.
Foi dado destaque para a importância de editais literários, especificamente os do estado de Sergipe, para que a iniciativa privada e pública deem maior ênfase e importância para a motivação de jovens autores ou não.

Houve, também, a presença do palestrante Hermínio Sargentim que nos falou da escrita criativa, de sua importância e da leitura. Para ele, um dos requisitos é “ler, ler, ler”. Escrever, escrever, escreve". Conversando pessoalmente como ele, sempre dizia que o escritor deve perceber e repetia com frequência este verbo, dando a entender que o olhar do escritor deve estar atento aos acontecimentos externos e internos de cada um.
Também houve orientações sobre a importância do Direito Autoral, e aspectos técnicos que envolvem o livro, como revisão crítica, coesão, coerência, clareza, editoração e outros. Esses temas foram abordados de forma simples pelo palestrante Gustavo Aragão, sendo útil para muitos iniciantes deste mundo.
Por fim, o evento foi encerrado pelo palestrante Pimpão, abordando a importância da palavra e a sua exploração literária como forma de nos descobrir nos outros.
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4 de dez. de 2012

Um pouco do tempo


O tempo de doação e de anjo está se expirando.

O tempo de compreensão mais lúcida está se aproximando.

O tempo mal aproveitado e disperso está se organizando.

O tempo feito de dor e angústia está amadurecendo.

É o meu tempo, nada mais que meu tempo.
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10 de nov. de 2012

As lavadeiras

Eu estava no terreiro brincando com Valente. Vovó apareceu no batente da porta e me chamou. Fui ao encontro dela e ele me acompanhou. Vovó pôs a mão dentro do bolso direito do vestido, tirou um tostão e me pediu para comprar sabão branco e sabão da terra. Eu fiquei curioso para saber qual era a diferença entre um e outro, mas quando retornei da casa de dona Firmina, entreguei os sabões, ganhei o troco; me entreti com Valente, deixando a aquela curiosidade de lado.

Mas tarde, alguém apareceu na porta da frente chamando por vovó. Ela acenou para mim e pediu que eu observasse quem era. Depois de ter prestado atenção, de lá mesmo disse que era Marli, a lavadeira. Vovó pediu que ela entrasse, indo pra cozinha. Eu acompanhei ela. As suas mãos eram engiadas e a maioria das unhas tinha caído. Conversaram bastante tempo. Depois foi embora. Cheguei para vovó e perguntei para ela:
Vó, por que as mãos e as unhas de Marli são daquele jeito. Tive pena dela!
Porque ela lava pra ganhar.
Não entendi direito isso.
É por causa daqueles sabão que dona Firmina faz. Marli ganha por lavagem de roupa. Como ela lava todo dia, aí prejudica.
Vó, o que será que tem nesses sabões?
Ah, meu filho, não sei! Só você indo perguntar a dona Firmina. Só ela pode responder isso a você porque ela é quem faz os sabão, lá na casa dela.
Dona Firmina morava na mesma rua que a gente. Pensei em ir lá, mas desisti porque ela vivia com a cara amarrada. Então, esperei que vovó pedisse que eu fosse comprar sabão novamente. Depois de uma semana, eu fui comprar. Da porta, disse:
Dona Firmina, ô dona Firmina! Quero comprar sabão!
Entre meu filho, pode entrar. Tô aqui na cozinha ocupada.
Entrei, fui aonde ela estava, comprei um tostão de sabão. Ela embrulhou no papel e me entregou. Olhei para ela e disse:
Dona Firmina, como é que se faz Sabão?
Ela me olhou por alguns instantes, me deu as costas e pediu que eu me aproximasse. Próximo aos latões, ela disse:
Para fazer o sabão branco, primeiro coloca sebo de boi e água dentro de latões de querosene de vinte litros. Quando o sebo derreter, é só colocar soda caustica e esperar por duas horas. Quando tiver pronto, espera esfriar, pega o arame e faz as barras.
Depois me mostrou como era feito o sabão da terra. Para fazê-lo, tinha que colocar pouca soda cáustica, acrescentar cinza e cal. A cinza era para dar um colorido diferente as barras de sabão e a cal para limpar as borras da cinza quando estava fervendo.
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26 de out. de 2012

O Eleitoral


O Eleitoral é um blog de crônicas políticas, onde o autor publica todos os meses. As crônicas nele publicadas diferem das demais porque não se prende a comentar vários assuntos abordados pela grande mídia, nem o estardalhaço que essa costuma fazer quando surge algum escândalo de corrupção.

Esse blog tem como finalidade demonstrar os vários aspectos do comércio eleitoral das cidadezinhas, as suas manifestações políticas e a maneira como os políticos são vistos pelos eleitores.

Essas crônicas também foram publicadas no jornal online Tribuna da Praia, onde fui colunista por mais de sete anos. Foi a partir desse sítio e desse blogue que se originou o livro Viu o home? 

  A publicação destas crônicas será atualizada mensalmente. Espero que vocês participem com comentários e sugestões.
Abaixo, segue uma lista delas:
  1. Os prefeitos, a folha paralela e os cognatas;
  2. Creditados;
  3. Possuídos pela barganha;
  4. Reeducação política;
  5. Os homens de bem e a política;
  6. Senado do povo, como povo;
  7. O vendedor de cocadas;
  8. Base mal aliada;
  9. Arruda, as cueacas e as meias;
  10. Voto não é mercadoria;
  11. Não seja parceiro da corrupção;
  12. Andando de lancha;
  13. A espera de um candidato;
  14. Receitas A4;
  15. Fundo de quintal;
  16. Mazela eleitoral;
  17. Tucanada raivosa;
  18. Malditas picuinhas;
  19. Ladinos;
  20. No Alto do Cariri;
  21. O vilão;
  22. Utopia e covardia;
  23. Lamentações sem Jeremias;
  24. Cãomício;
  25. Deseducação Política
  26. O menos pior ou quem dar mais
  27. Dualismo;
  28. Dualismo entre as vassouras;
  29. Irmã da covardia;
  30. As redes sociais e o fazer político;
  31. Harmônicos entre si;
  32. A presença.;
  33. A merenda que não estar nas escolas;
  34. Isso é um sonho;
  35. A Lei da Ficha Limpa, os laranjas e os cognatas;
  36. Este ano é mais um ano eleitoral;
  37. Papagaios midiáticos;
  38. O poder que elege;
  39. Decadentes;
  40. Para professor? Não tem dinheiro;
  41. É em casa que se aprende a barganhar;
  42. A historinha é essa; 
  43. Professores e educadores; 
  44. Língua Solta;
  45. Maria não vai com as outras; 
  46. Sabujos Rabujos; 
  47. Ele se acha; 
  48. Existem dois tipos de corrupção; 
  49. Molhando a mão; 
  50. Laço do passarinheiro; 
  51. Mil blocos logo no início;  
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21 de out. de 2012

O teclado


Estou diante do monitor. Olho para o teclado e vejo nele um monte de símbolos e me faltam palavras. A impressora espera alguma folha, “doida” para imprimir. Procuro palavras no meio de tantas, e não as acho. Se for buscá-las em dicionário, não servirão para um idílio ou dor. A minha carne  cansou-se de tudo, até de mim. Vozes vibram no ar. Palavras se entrelaçam no abraço da comunicação. Algo pousou em mim. O que é, não sei. O mundo gira em torno deste teclado. O mundo parado, inerte, que não quer morrer. Apenas está num estado de movimento, mexendo nas teclas sem saber para onde ir.

 Cadernos, 08 junho 2001
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3 de out. de 2012

A menina das queimadas

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Sinopse: 

As histórias contidas neste livro se passaram numa cidadezinha de Sergipe. Ele nasceu das memórias de Zélia de O. Rocha, recolhidas das conversas, das anotações e pesquisas feitas pelo autor.

Ela contava para ele com extrema lucidez coisas que se passaram na sua infância, adolescência e juventude durante as décadas de 30 a 50. De tanto ouvi-la falar desses temas, o autor resolveu recriar literariamente parte dessas memórias.

As histórias aqui narradas tratam do sistema precário de educação e de saúde, das brincadeiras, das angústias cotidianas, das paqueras e seus tabus, das crenças e costumes religiosos, da medicina popular e do trabalho infantil que eram impostos na época.

Assim, este livro conduz o leitor por esses meandros, suscitando reflexões capazes de transcender o texto na direção de vários contextos atuais.


Ronperlim

O que dizem os leitores:

“História interessante, de fácil compreensão”.
“(...) simpático livro covê nos mandou. Essa questão da memória e das cidades é de fundamental importância para o mosaico que compõe a história do país e das comunidades. O indivíduo como protagonista das narrativas locais e da história, e esse resgate você fez bem. Parabéns”!
José Maria Rodrigues, editor – Taba Cultural Editora

“(...) posso adiantar que estou me deleitando bastante com a leitura do mesmo: de fácil leitura, não cansativo, e cada capítulo nos arremete à leitura do próximo!”.
Orlando Santana da Cruz, Guarujá - São Paulo
"Um livro curto de 50 páginas que li numa sentada. Linguajar solto e fácil no ritmo... Não sei se fui sugestionado pelo perfil do escritor que o conheço do concurso onde ganhou o prêmio de literatura infantil, com um livro chamado Laura... ‘A Menina das Queimadas’ me pareceu encaixado nessa mesma categoria. O que achei bom, pois pode ser lido com facilidade pelas crianças e com proveito pelos adultos, que foi o meu caso".
Saracusa, Escritor, Prêmio Mário Cabral de Crônicas, Aracaju - Sergipe

"Adorei a leitura do livro ‘A Menina das Queimadas’. Uma leitura leve que nos leva pra outrora... Fiz a leitura no tempo de uma travessia pelo Rio São Francisco entre Sergipe e Alagoas e essa travessia não foi apenas dos limites entre dois estados... Foi uma viajem ao túnel do tempo que nos remete de forma bem descritiva os detalhes do espaço e tempo do homem e da mulher (grifo meu) da época de 30 e 40. Recomendo essa viajem a todos".
Fátima Ferreira dos Santos, Pedagoga e Arte Educadora, Propriá - Sergipe.

A maneira que o autor escreve é viciante e instigante, um verdadeiro diferencial para histórias do gênero.

Caíque Fortunado. Entre Páginas de Livros, Minas Gerais - MG.

Onde Comprar:
O livro pode ser adquirido no site da Livraria Asabeça, Livraria Ronperlim, Martins Fontes Paulista e Livraria Cultura.






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16 de set. de 2012

Escrever não é um dom

[1]“E para escrever um texto literário não precisa nascer com o dom (negrito meu) divino, porque o dono do texto já não é mais quem escreve, mas quem o lê. Ninguém nasce sabendo criar textos, músicas, por maior que seja a capacidade e potencial criativos. O futuro escritor para chegar a produzir textos literários, passa a ser aprendiz de escritor, como em todas as profissões (negrito meu)
Eu comecei a escrever desde cedo, por volta dos dezoitos anos, em cadernos escolares 15 por 21 e tinha preferência por canetas de bico fino porque elas propiciam uma escrita mais suave. Ao todo, eu tenho sete cadernos, duas agendas e uma caderneta espiral transbordando letras. Ainda mantenho o hábito de andar com papel e caneta para esse fim.

Eu tenho textos do início de meus escritos que não servem para concorrer ao mais singelo concurso literário. Querem saber por quê? Porque eles não foram inspiração divina, mas escrito por um pequeno escritor que percebia o mundo e não sabia expressá-lo de forma adequada. Faltava-me intimidade, amizade com as palavras. E esses substantivos só foram acrescidos a minha vida literária quando eu passei a me dedicar à leitura da gramática, de bons autores de literatura, jornais, revistas, sites e blogs de assuntos diversificados. Com o passar dos anos a minha escrita atual se distanciou da nascitura de tal forma que já me rendeu resultados positivos em concursos literários e elogios de alguns editores.

Ao ler isso, alguém pode se perguntar qual a relação do meu hábito de escrita com a palavra dom. A resposta é simples: escrever é uma coisa do espírito humano que se aprende com a prática da leitura e da escrita diária. Se assim não fosse, bastaria uma inspiração divina e tudo seria perfeito, pois, a própria doutrina cristã afirma que Deus não dar com imperfeição ou pela metade.

Por que todo mundo não escreve? Porque falta o domínio da palavra. Porque falta a intimidade com a palavra. E para se tornar escritor é necessário compreender a importância da palavra na vida íntima e social de cada um.

Portanto, não existe dom com o sentido de dádiva, presente divino passando a falsa ideia de que escritores são seres iluminados, escolhidos a dedo por Deus para comunicar. A escrita literária é árdua, pois, trata-se de uma arte escrita e reescrita até chegar a “perfeição”, como nos ensina Graciliano Ramos: “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou no riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.

Diante disso, prefiro as lavadeiras a me enganar que irei receber o manar das palavras.


[1] Ortencio, Bariani. Você gostaria de escrever um livro? Cartilha do pré-escritor. Brasília: Tresaurus, 2009. Pp. 32-33.




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