29 de nov. de 2024

Crônica - Burburinho na madrugada

  Crônica - Burburinho na madrugada


Dormia profundamente à meia noite, quando, de repente, a janela do meu quarto se abriu sob o efeito de uma ventania que me despertou e fui fechá-la depressa. Quis voltar a dormir, mas apareceu um barulho estranho vindo da rua que me incomodava, por ouvir gritos e risadas. O que estaria acontecendo lá fora? Eram quatro pessoas, pois as vozes se destacavam.

Fui até a janela da sala e vi que a manifestação era de pessoas com camisas de um partido político. Alguns seguravam bandeiras e um estava com um alto falante, tocando jungles de um candidato chamado Zé do hospital. Não pude me conter e caí na gargalhada, pois uma moça estava vestida de enfermeira e um rapaz com vestes de um paciente.

Quando já estavam subindo a ladeira da rua Prof. Lauro do Carmo, percebi que os quatro eleitores estavam indo no bar do Mané, que permanece aberto durante a madrugada nas eleições, mas o hospital não. Que situação, há quem diga que o Zé não perde a eleição.

Aquele encontro inusitado, no meio da noite, me fez refletir sobre a política e suas nuances. A imagem daqueles quatro amigos, com suas fantasias improvisadas, me pareceu uma metáfora da nossa democracia: às vezes colorida e barulhenta, outras vezes confusa e até mesmo um pouco cômica. E, no fim das contas, todos em busca de um lugar para se divertir e esquecer, por um instante, dos problemas do dia a dia.

A política, afinal, é feita de pessoas, com suas paixões, suas frustrações e suas esperanças. E, por mais que as campanhas eleitorais sejam marcadas por discursos inflamados e promessas grandiosas, a verdade é que a maioria de nós busca algo mais simples: um futuro melhor para nossas famílias e para o nosso país. E, quem sabe, um bom lugar para tomar uma cerveja depois de um dia de trabalho.


Magna Maria de Oliveira Ramos

Cleno Vieira



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16 de out. de 2024

Alunos fazem homenagem a Ron Perllim

Dia 02 de outubro de 2024.

O escritor Ron Perlim foi convidado para participar de um evento cultural realizado pela Escola Estadual D. Santa Bulhões, ele e Nhenety Kariri-Xocó.

Em sua fala reforçou a importância do livro e da leitura para a vida pessoal, profissional e para a saúde. Sempre que participar desses eventos, faz questão de dar ênfase sobre isso por saber o quanto a leitura é importante para as pessoas. Fez isso quando participou de uma Roda de Conversa nessa mesma escola, com a turma da professora Geovana no dia 18 de setembro de 2024.

Escola Estadual Dona Santa Bulhões
Porto Real do Colégio, AL.

Antes de passar a palavra para Nhenety Kariri-Xocó, fez uma breve apresentação de seu amigo e coautor de Muritaê, livro cujo conteúdo é a Memória, História desse povo.

Nhenety, por sua vez, falou sobre a importância do encontro cultural e da proximidade das escolas com a cultural do seu seu povo, deu o significado do nome Muritaê, agradeceu pelo convite e encerrou a sua fala. 

Houve uma apresentação do alunado.

Após a apresentação, a professora doutoranda, Elizabeth Costa Suzart, deu ênfase no que havia sido dito anteriormente; enriquecendo ainda mais o bate-papo. Parabenizou os alunos, o corpo docente e agradeceu pela participação.

Os alunos e a professora Geovana presenteou os escritores Ron Perlim e Nhenety com uma linda xícara com a foto do livro Muritaê e a foto de cada um deles.

Profa. Geovana, Ron Perllim e Nhenety Kariri-Xocó
O autores ficaram muitos felizes.

Agradeceram aos alunos e a professora.


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20 de set. de 2024

Pingue-pongue de conflitos


Estive observando a língua dos eleitores e nelas os verbos fazem festa, movem de um lugar para outro; esperando o momento para fazer uma boquinha.

Entre eles, os mais comuns são: [1]comer, mamar, [2]pular. Estes demonstram que a compreensão da maioria do eleitorado é decadente, desacreditado e pertence a todas as classes. É do tipo, da espécie que não espera porque não há esperança em si, não acredita porque não tem crença em si.

Eles espelham a individualização do voto. Há casos que essa individualização compromete amizades, constrange pessoas, gera um pingue-pongue de conflitos. Ela fere, ameaça à dignidade da pessoa humana.

As charges e propagandas eleitorais que abordam apenas a classe que precisa da dentadura, de caibros e do comércio eleitoral são falsas, pois, a barganha neste país não pertence a nenhuma classe social porque ela esta em todas e todas está nela; cada uma com seus interesses pessoais.

Há momentos na vida que é necessário se desviar da rotina, do caminho, das línguas e dos verbos; não porque haja nele pedregulhos, mas simplesmente para reavaliar conceitos que nas casas estão e fora delas, aprofundar-se nesse fazer político “socialmente natural”.


 



[1] Mamar e comer: receber benefício financeiro  fixo ou esporádico.
[2] Pular: mudar de um grupo político para outro com o único objetivo de receber benefícios. 
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19 de set. de 2024

Bate-papo: E. E. Dona Santa Bulhões


Fui convidado  pela professora Geovana Rezende Martins, da Escola Estadual Dona Santa Bulhões, município de Porto Real do Colégio, Alagoas. Indicação do Professor e amigo Flávio Hora. Obrigado a ambos. 

No horário marcado, às 14:00 horas, lá estava eu.

A professora me fez entrar, me apresentou para seus alunos. Era para um bate-papo sobre leitura, livros e carreira literária.

Na sala, esquadrinhei o ambiente, fiz um breve resumo de quem era e dei espaço para que o alunado pudessem interagir. A interação inicial foi tímida, mas pouco a pouco vieram as perguntas uma após outra e passei uma hora com eles.

Falei para eles sobre o tema de cada livro citado.

Falei-lhes da importância das leituras, classificando-as em leitura do mundo, leitura dos livros e leitura de si como os elementos fundamentais de uma formação plena para a convivência social. 

Também falei da importância de eles se apropriarem do saber através das leituras.

O bate-papo foi agradável.

Alunos  cordiais e educados. Muito obrigado pelas palavras de carinho.

Parabéns a professora  Geovana.

Parabéns aos demais profissionais.

Obrigado.

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11 de set. de 2024

De voos e futebol

 


Escrito por Franklin Ribeiro, Advogado, Presidente da APLCAD (Academia Propriaense de Letras, Ciências, Artes e Desportos)

As pessoas se acomodam em pequenos espaços e se jogam ao ar na esperança de que chegarão ilesas ao destino.

 Viajantes rotineiros, marinheiros de primeira viagem, passageiros ocasionais todos se olham em busca de conhecidos. Aqui ou acolá, detectam algum rosto familiar. É o suficiente para aliviar a tensão, ou se sentir alguém, ante a saudação respondida.

Preces silenciosas, ou nem tanto, apelam ao divino que a Sua Mão Sagrada segure a aeronave e não a deixe cair.

 Vão-se todos, fiados no treinamento de um desconhecido e no funcionamento adequado de um conjunto de aparelhos e fios que ficam a bordo de uma engenhoca metálica e em um lugar distante milhares de metros e que mantém contato com o camarada desconhecido por meio de sinais emitidos a um amontoado de ligas metálicas, fios, cabos e antenas que nem na Terra se encontra.

 Quando em vez, o desconhecido - preferentemente naquele momento em que você, que sofre de insônia, milagrosamente conseguiu tirar um cochilo - rompe o silêncio para dar alguma notícia absolutamente inútil ao seu conhecimento, a não ser para trazer pavor aos temerosos, ou aumentar a quantidade e o volume das preces dos crentes. “Estamos a 10.000 pés”; “afivelem os cintos, estamos entrando em zona de turbulência” - como se a tremedeira da aeronave já não fosse suficiente para lhe avisar do fato e, na saída, a Chefa da Cabine já não tivesse dito que todos deveriam ficar com os cintos afivelados - “a temperatura do lado de fora da aeronave é de -23° C” - essa foi dita só para lhe acordar, mesmo, ou para lhe recomendar que, se morrer pensando em ir para o céu, é bom colocar no caixão uma roupa de esquimó, pois aquele paletó surrado não vai adiantar muito. As mulheres, coitadas, normalmente sentem mais frio e só se vão com um vestidinho. Não fosse o canalha do comandante a chamar a atenção para isso no meio da noite, quem o faria?

 E eu, querendo saber o resultado do jogo do Flamengo. Seguramente, não estou só e outros passageiros preferem saber os resultados de alguma outra equipe. É capaz de ter, até, algum torcedor do Botafogo, nada obstante, no avião não pareça ter ninguém com mais de 90 anos.

 Mas, desprovida de qualquer noção, realmente, é a tal Chefa da Cabine.

 Todo voo ela informa que o assento da aeronave é flutuante ou que embaixo dele tem um colete salva-vidas. As pessoas sentem-se protegidas até a hora em que o comandante anuncia estarmos a 10.000 pés; olham pela janela mais próxima e, lá embaixo, nenhum filete de água se avista. É só montanha. Uma infinidade de montanha que você sabe não tem nenhuma possibilidade de pouso. Ou, vez por outra, algum riacho absolutamente sem condição de receber um avião do porte daquele que leva centenas de pessoas. Quando um rio decente aparece, é tão sinuoso que pousar alí é impensável.

 Poderia puxar um “Segura na mão de Deus e vai”. Ajudaria os religiosos a lembrarem das suas orações. Não. Prefere passar informação sem qualquer finalidade prática.

 As crianças, de colo ainda, esguelham-se a chorar desesperadas - não querem que apenas os seus frágeis ouvidinhos doam sozinhos - enquanto as suas mães envergonhadas com o escândalo que fazem, não sabem se tentam puxar a chupeta da bolsa ou se tiram o seio do sutien e enfiam-no na boca dos pimpolhos. Os pais, impacientes com a cena, tentam fingir que não é com eles e pensam no resultado do futebol.

 Muita gente já escreveu e falou coisas semelhantes, entretanto ninguém se move para mudar isso. Parece que a irresignação não toca nenhuma vivalma.

Então, por favor, em voos desprovidos de televisores, melhor chamar Wilson Tavares, o melhor plantonista esportivo do rádio sergipano, e quetais para chefiar a equipe de bordo.

 PS: À saída da aeronave avistei o botafoguense e parei para conversar. Sentado na primeira fileira, vestido com a camisa listrada e estrela solitária, o senhorzinho usando fralda, falava dos gols de Garrincha, a quem assistira jogar desde quando começou no time carioca. Em tudo, relembra o Botafogo. Frágil, mas com boa memória.

 

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10 de set. de 2024

Isso é um sonho

A educação política que temos são aquelas que aprendemos em casa, nas ruas, nos jornais impressos, online, televisivos e outros meios. O problema é que essa educação estar eivada de vícios, de práticas que não contribuem para construir uma sociedade mais justa, mais humana, mais verdadeira, mais sensível.

O que temos são pessoas que se convenceram que a prática da mercantilização do voto é um problema sem solução. Acreditam com tanto vigor nisso que se recusam a escutar uma opinião nova, distinta. Sempre que tenho a oportunidade falo sobre a reeducação política, as possibilidades de ela acontecer em uma sociedade organizada em núcleos. Mas o meu ponto de vista é ignorado como: "isso é um sonho".

Estão tão domesticadas que são incapazes de acreditar, de terem esperança; preferindo a insensibilidade, tirando proveito das oportunidades surgidas, tendo o egoísmo como escopo de suas vidas; regozijando-se muitas vezes com seus feitos daninhos. Estão tão convencidas que não querem nem ouvir, até porque muita gente tem se dado muito bem com tais práticas.

Das oportunidades para defender  que é necessária uma reeducação política a única coisa que tiro proveito é isto: não sou um desacreditado. Que em mim há esperança e lucidez. Que há em mim uma força hercúlea capaz de enfrentar os que preferiram a mancebia da corrupção, dos golpes e tentam arrastar aqueles que ainda acreditam...
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22 de jun. de 2024

São João no Nordeste

 


São João no Nordeste

É cultura e tradição

Tem muita festa da boa 

Pra gente curtir e rir à toa

Ao som do Rei do Baião


No São João do Nordeste

Tem brincadeira e emoção

Corrida de saco, cabo de guerra, tiro ao alvo

Pescaria, pular fogueira, estourar balão 

O que não falta é alegria pra completar a diversão


Nós aqui do Sertão,

Se deixar, dança noite e dia 

E cantarola de hora em hora

“Viva São João, Viva São Pedro

Viva, viva, viva, Maria!” 2x


Ao som do forró Pé de Serra

Triângulo, Sanfona, Xote e Baião

Ouvindo Flávio José, Elba Ramalho,

Aldemário, Dominguinhos, Gonzagão

O que não falta é música boa pra dançar no São João 


E no São João do Nordeste

Também tem comida de montão

É rapadura, pamonha, canjica, bolo típico, mandioca

Pé de moleque, milho assado e cozido, cocada e paçoca

O que não falta é comida, deixe de reclamação!


Se você estiver sem par

Arranje logo, gota serena!

Que é pra curtir o Arraiá

Beber, comer, conversar

Dançar agarradinho com uma linda morena


Pois isso aqui é Nordeste

E dele eu não abro mão 

Terra de mulher bonita e cabra da peste

Não tem comparação

Quem tá fora, quer entrar; Mas quem tá dentro, não sai não!


E viva o São João!


Ruan Vieira

(Poema escrito em homenagem ao meu Nordeste celebrando a melhor época do ano: o São João)

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