8 de jul. de 2023

Dialeto Sergipano


 DIALETO SERGIPANO

Celebrar a emancipação
A independência do nosso Estado,
É também lembrar de seu dialeto
Que por seu povo é cultuado.                           
E assim renovar o espiríto                
De viver a sergipanidade.                                                                                                                      

Aqui tem um tal de "vôte"
Quando alguém fica admirado,
Tem também o "azuado"
Quando tem gente agitado.

Usamos o "de hoje"
Para dizer que algo faz tempo 
Muita gente acha engraçado 
Quando alguém está sem dinheiro 
Falamos: Você está quebrado!

Por aqui o se oriente
É para dizer: preste atenção!
Com sentido de "tome jeito"
Tudo com muita educação.
 
E quando alguém está chateado 
Preste muita atenção!
Dizemos tome cuidado 
Porque alguém "tá barreado",
Ou até mesmo "azoado". 

Quando alguém está exaltado 
Se ouve um "gota serena",
Nossa gente é assim
Faz tudo valer a pena 
E para mandar ir embora
Grita logo sem demora 
“Pegue o beco ou caia fora”.

Em algumas cidades
Trocamos o pão francês por pão Jacó 
E para ficar melhor 
O sabor que eu admiro
Dizemos que é pão de milho. 

Eita Sergipe da “gota serena”
Tudo isso vale a pena,
Em se falando de abundância 
Uma “ruma” de palavras 
Todas elas são usadas 
E acompanham o sergipano
Como diz a expressão 
"Fi do canso Mariano".

Quando nos cumprimentamos
Na rua ou em algum lugar 
Dizemos "bora"
Numa linguagem popular 
E para dizer que algo é ruim 
Nossa linguagem faz assim 
Mas isso não me atrapalha 
Digo logo que “coisa paia"!


Para dizer que é mentira 
Dizemos "isso é um alevo", 
Por isso não mudo meu discurso 
E quando estamos forçados 
Usamos o "apusso".

Menino sem inteligência
Dizendo que vai ficar louco
Por que é chamado de "broco",
E não adianta forçar
A mãe manda para escola 
Mas quando ele quer se ausentar
Fala logo em "gazear".

O dialeto sergipano 
É muito diversificado 
E já está entranhado
Na cultura do seu povo 
Que representa o nosso Estado. 

Esse pouco de palavras 
Junto com as expressões 
Foram usadas para mostrar
O quão rico é o sergipano 
No seu modo de falar!

Um cordel escrito por Cleno dos S. Vieira quando  aluno do Colégio Estadual Cel. João Fernandes de Britto, por ocasião dos 200 anos de emancipação política do Estado.
Adaptado pela profa. Magnólia Nascimento Rocha
08/07/2020
À luz da sociolinguística variacionista, temos em nosso Estado, um banco de dados que guarda os diversos falares sergipanos, sob coordenação da Profa. Dra. Raquel Freitag, do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe - UFS. Para uma pesquisa mais aprofudada, procure por Banco de dados Falares Sergipanos no google acadêmico.
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3 de jul. de 2023

Sabujos rabujo



Eu esperava o documento requerido. Ao meu lado, alguém murmurava do Governo. Não conseguia entender onde os repasses da União foram investidos no município. Saúde ruim, educação, infraestrutura etc. Falou, também, da sinecura do prefeito, parentes e camarilhas. 
Nisso, entra um sabujo. Ele se dirige para uma porta. Nela, um aviso: “Só pode entrar funcionários autorizados”. Com pressa ele entra e, antes de bater a porta, [1]me olha com raiva.
Eu, acostumado com esses olhares de cãomício, observava a cara dele nua, sem graça, sem nada; sentindo-se gente. Continuei a minha espera até que a simpática atendente me fez ir aonde ela estava, me entregou os documentos. Agradeci, dei tchau para ela e saí.
Só que a cara do cãomício ficou armazenada na minha cabeça e sempre era visualizada como num monitor. Pensei:
— Pobres e infelizes são os sabujos rabujo.




[1]Antes que algum puritano jogue em mim a gramática, saiba que estou usando o português brasileiro.
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4 de jun. de 2023

Uma homenagem à Propriá em forma de Poesia

 


Estrela Formosa
Autor: Ruan Vieira 

Fundada em 7 de fevereiro de 1802
Às margens de um Rio sagrado
Vivendo da pesca e do plantio do arroz
A cidade foi crescendo por todo lado

Com teu belo Rio a embelezar
Trazendo turismo e muita riqueza
Foi-se nascendo a tímida Propriá
Que doravante viria a ser Princesa

A princesinha do São Francisco!
Assim ela ficou conhecida; 
Pela beleza da tua Orla, do teu Rio 
Jamais há de ser esquecida

Cidade do Bom Jesus 
Da Catedral e da alegria 
Da fé que nos conduz
No caminho da harmonia

Cidade do Velho Chico 
Com Santo Antônio padroeiro 
Princesinha do São Francisco 
Repleta de um povo guerreiro

Filha de Sergipe, a famosa
Nos encanta a tua luz a brilhar
Da natureza, o teu céu cor de rosa
Faz de ti mais bela, Propriá

Quem te conhece, há de se lembrar
De como tu és formosa;
Quem por aqui passa, quer ficar
Nesta cidade maravilhosa:
Salve! Salve! Propriá.

(Poema escrito em 05/02/2023 em homenagem à cidade de Propriá, celebrando os seus 221 anos em 07/02/2023)
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17 de mai. de 2023

A última dor da existência

Todo suicida tem uma história. O suicídio nunca deve ser espiritualizado. o primeiro capítulo da história do suicida é a ansiedade. Aquela ansiedade que causa angústia, sofrimento e que está presente no cotidiano de quem sofre com isso. O segundo capítulo é a depressão. Um dos sinais visíveis da depressão é o choro sem motivo algum, isolamento, perda de prazer por coisas que a pessoa fazia normalmente. E por último, o suicídio que, segundo o Dr. Augusto Cury, "é a última dor da existência". Geralmente o suicida dar o seu SOS dizendo para parentes, amigos que vai se matar entre outros fatores. É preciso estar atento a tudo isso.

Publiquei em meu blogue este artigo de opinião sobre este assunto: Os


especialistas em suicídio
. Nele, critico as pessoas insensíveis e tolas que, ao invés de compreender essa condição da existência humana, preferi apedrejar como naquele episódio bíblico.

Bom seria que as pessoas lessem mais sobre este tema. Deixasse todas as amarras, especificamente as de caráter religioso. Entender que a espécie humana é doente e atrasada. Na música Onde Deus possa me ouvir, cantada por Vander Lee, ele diz:


“Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?

Morar no interior do meu interior

Pra entender por que se agridem

Se empurram pro abismo

Se debatem, se combatem sem saber”.

Então, é preciso sempre procurar se compreender e por em prática o sentimento de empatia.

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10 de mai. de 2023

Denízia Kawany Fulkaxó lança o terceiro livro de seu Contos Indígenas Kariri-Xocó

Denízia estreou na Literatura com seu primeiro livro de Contos Kariri-Xocó. Um livro que enriquece a causa indígena pela forma como se conta o cotidiano e o modo de a comunidade Kariri-Xocó entender a vida, desde a invasão até os dias de hoje.

De lá pra cá, ela continua nessa labuta: divulgar a cultura dos povos originários e sua luta, usando um dos meios mais agradáveis, pelo menos para mim, que é o uso da palavra.

Conheço Denízia e vê-la lançar mais um livro sobre o seu povo, conterrâneo meu, é uma satisfação grande. Também leva o nome de nossa cidade, Porto Real do Colégio, para outros espaços.

Denízia, além de escritora, é pedagoga, advogada e uma lutadora pela causa indígena. Há 10 anos compartilha o cotidiano indígena ao público infarto-juvenil. O lançamento do livro acontecerá nesta quarta-feira, 10 de maio no Shopping Jardins.

Segundo a Infonet: “Seu terceiro livro da coleção Kariri Xocó – Contos Indígenas serão apresentados para o público sergipano. O evento  acontecerá às 14 horas, em frente à Livraria Escariz e, além da presença da autora, contará com apresentação cultural de cantos indígenas feita por integrantes da comunidade Fulkaxó, do munícipio sergipano de Pacatuba”.

Ainda segundo esse mesmo portal o livro é uma coleção que “(...) traz aspectos da educação indígena e da educação escolar indígena e, de forma simples, seus contos e cantos retratam aspectos culturais que envolvem os povos Kariri Xocó, Fulni-ô e Fulkaxó. Com personagens criados pela autora, que representam as pessoas da comunidade, vão surgindo os relatos da vida desses povos. Questões como o acesso à tecnologia, o desenvolvimento da consciência e do ativismo político, o processo de cura e demais temas ligados à cultura vão se revelando, trazendo conhecimento e desmistificando conceitos arraigados na sociedade não indígena. As obras proporcionam uma leitura gostosa e sadia a crianças, adolescentes e também a jovens e adultos, encantando a todos com suas histórias”.


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29 de abr. de 2023

Resenha do Livro "Preconceito Linguistico: o que é, como se faz?"


O livro “O preconceito linguístico: o que é, como se faz” aborda, de modo geral, uma temática social que, inclusive, nomeia a obra. Apesar de um teor teórico e normativo a respeito do português brasileiro, o autor buscou criar um material acessível, com uma linguagem mais simples e entendível, visando leitores letrados e pouco letrados. Importante intelectual brasileiro, Marcos Bagno, tem inúmeras publicações sobre a língua falada no país, como “A língua de Eulália”, “Gramática de bolso do português brasileiro", entre outras. Além de professor e escritor, é também linguista e doutor em filologia. Em o “Preconceito linguístico: o que é, como se faz”, publicado em 1999, Bagno retoma questões sociolinguísticas de maneira mais imersiva em comparação a seu outro livro, “A língua de Eulália” de 1997. Essa obra publicada em 1999 está vinculada aos estudos linguísticos, mais específico sociolinguístico, sobre o português, trazendo uma visão crítica sobre a gramática, sobre os gramáticos e apresentando uma visão mais ampla sobre o uso da língua por seus falantes. 


O livro está dividido em quatro capítulos que, dividem-se em tópicos que se relacionam e se remetem ao tema que intitula o capítulo. Por exemplo, no capítulo um, os tópicos estão relacionados e se remetem ao tema do capítulo. Da mesma forma, todo o texto se remete ao tema geral do livro. No capítulo um, intitulado “A mitologia do preconceito linguístico”, o autor apresenta o conteúdo a ser visto e depois expõe oito mitos sobre o português falado no Brasil, onde enumera cada mito, do um ao oitavo, e os nomeia com frases corriqueiras ditas por estudiosos ou por alunos, a respeito da língua portuguesa, como por exemplo, “Brasileiro não sabe português/ “Só em Portugal se fala bem português”, “Português é muito difícil”, “O certo é falar assim porque se escreve assim”, entre outras. 


No discorrer dos mitos, Bagno vai discutir, por exemplo, acerca da visão estreita de intelectuais que pensam na existência de uma “unidade linguística” ou de uma “homogeneidade da língua”, não considerando as questões geográficas e sociais que evidenciam o “alto grau de diversidade e variabilidade” do português brasileiro. O autor também vai destacar que muito se compara o português de Portugal com o do Brasil e vai expor trechos de materiais publicados por intelectuais, onde há falas de forma preconceituosa sobre o uso do português brasileiro. Ele também apresenta dados estatísticos, faz distinções gramaticais entre o português europeu e o brasileiro e vai salientar sobre a falta de um olhar social e até geográfico da parte dos especialistas que não se atentam para as variações linguísticas que ocorrem de uma região para outra e também não se atentam para a situação que permite ou não que um indivíduo se torne mais letrado. De modo geral, no primeiro capítulo, Marcos Bagno vai comentar sobre questões importantes que podem influenciar na aprendizagem de um falante da língua e vai expor os mitos recorrentes na sociedade a respeito da língua portuguesa que evidenciam a existência do preconceito linguístico. 


No capítulo 2, a priori, o autor vai justamente apontar que os mitos transmitidos e perpetuados na sociedade são resultado de um mecanismo, o “círculo vicioso do preconceito linguístico” que é composto por três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. O linguista ainda mostra como se forma essa tríade, apontando que começa com a gramática que vai parar num livro didático que vai ser utilizado no ensino. No capítulo três, Bagno fala sobre a desconstrução desse preconceito, a começar por exemplo pelo reconhecimento de que o problema existe e o que deve ser feito para combatê-lo, neste sentido, mudar de atitude e olhar com outros olhos para o ensino do português. No capítulo quatro, o autor disserta sobre o preconceito para com a linguística e para com os linguistas, destacando que mais se encara a linguagem a partir da gramática tradicional do que pela linguística moderna. Resumidamente, ele comenta sobre o estilo de ensino arcaico fundamentado numa metodologia ultrapassada e faz críticas construtivas aos falares sobre o português. Na introdução do livro, Bagno nos chama a atenção para a sua comparação, onde a gramática é um igapó e a língua um rio, ou seja, a gramática é uma poça de água parada às margens da língua, já esta é o rio em movimento. 


Na contracapa há um comentário publicado numa revista que salienta sobre a confusão que muito se faz entre língua e gramática e enaltece a separação muito bem feita pelo Marcos Bagno em seu livro. É uma obra excelente e muito informativa. Ela realmente diferencia e esclarece o que é gramática e o que é língua. Resumindo, faz o leitor enxergar a linguagem por outros ângulos, um fator que o diferencia de tudo que já vimos ou ouvimos um dia sobre a língua portuguesa, principalmente na escola. Não é uma obra excludente, mas sim inclusiva. Destaca o papel do linguista nos estudos acerca da linguagem e combate o preconceito. Recomendo a leitura. 


Por Ruan Vieira 

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12 de abr. de 2023

Posse de Franklin Ribeiro - Academia de Letras de Propriá

04.02.2023

O escritor Ron Perlim, como sempre, acompanhado de sua bela esposa e filho, esteve presente na posse de Franklin Ribeiro Magalhães na Academia Propriaense de Letras, Artes e Ciências para ser patrono de AméricoSeixas. Antes de se tornar membro dessa casa, Franklin é membro do CCP (Centro de Cultura de Propriá) e um dos organizadores da Flipriá (Festa Literária de Propriá).

Aqui, destaco trecho de sua fala:

(...)

inda outro dia, durante a realização da primeira Festa Literária de Propriá, a Flipriá, [1]construída pelo Centro de Cultura de Propriá, entidade da qual faço parte e cujos membros aqui se fazem presentes, tive a profunda tristeza ao me deparar com a realidade desse apagamento cultural e histórico, ao relatar para os presentes a invasão da catedral, no início dos anos 1980, quando a grilagem portou armas para tentar emudecer a luta dos indígenas pela reconquista da sua terra e constatar que quase ninguém sabia desse fato.

Esse sentimento e o incentivo de [2]um dos membros do CCP me motivaram a iniciar a escrita de um futuro livro, atividade a que me dedico atualmente, o qual espero finalizar ainda esse ano.

(...)

Também se fazia presente, Alberto Amorim, presidente do CCP. O escritor permaneceu no auditório da Câmara de Vereadores até o final da posse, parabenizou o acadêmico, cumprimentou outros e retirou-se, indo para o coffe break na pizzaria...

 Discurso completo do acadêmico Franklin Ribeiro Magalhães: 

https://drive.google.com/file/d/16zY3i16XtwTiCe7O5gXp9bdCWbO4-g3J/view?usp=sharing



[1] A Flipriá foi  idealizada pelo escritor Ron Perlim que é membro do Centro  de Cultura de Propriá, Sergipe.

[2] Franklin Ribeiro Magalhães se refere ao escritor Ron Perlim.

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