5 de set. de 2021

Uma viagem pelas crônicas de Ron Perlim

Era o ano de 2003. Na busca de subsídios para uma das edições do extinto Jornal Opara Propriá/SE, encontrei um jovem Matemático, escritor, pesquisador, poeta e contista,e se me permitem assim ampliar os qualificativos, um exímio educador popular que nos municiou                     sobre      um     verdadeiro       mosaico        para compreendermos os elementos históricos e culturais do município alagoano de Porto Real do Colégio.
 
 De para tive contato com sua obra, cujo valor incalculável se manifesta em exemplos como Às Margens do Rio Rei (aspectos gerais do município), Porto Real do Colégio: Sociedade e Cultura, Agonia Urbana (prosa poética), Minicoletânea de Escritores Colegienses (prosa poética), O Lugar da Poesia e da Prosa e Ritmo Vital (estes últimos escritos a várias mãos), além de um numero infinito de textos ecoados na grande rede, através de sites e blogs, e mais recentemente repercutidos por alcance das redes sociais que os multiplicam.
 
Oreconhecimento ao profícuo exercício literário de Ronaldo Pereira de Lima tem sido manifestado por “extremosbiunívocos” que se estendem do popularao erudito,  e  materializados   ou laureados,  como   o PrêmioAlina Paim, promovido pela Secretariade Estado da Cultura de Sergipe na categoriainfanto- juvenil.Este reconhecimento não lhe envaidece, mas multiplica suas responsabilidades com o universo absoluto e relativode sua legião de leitores, espalhados nos vários rincões do Brasile não seria pretensãoafirmar, nos cinco continentes da Terra.
 
Apartir de 2004, exatos dez anos, tivemos a honra de receber as crônicas políticas de Ronaldocom frequência, as quais passaramaos olhos e mãos de nossos leitores,ilustrando as páginas impressase online da Tribunada Praia. O resultado deste acervo está sendo disponívelagora em forma de livro, cujo título Viuo Home?expressa a opção do autor em alcançar um públicoque, assim como Platão em “O Mito da Caverna”,intencionalmente ou não, pretende levar luz aos que ainda tem a sua frente uma cortinada limitada informação que precisa ser transformada em conhecimento.
 
Em Viu o Home?, Ronaldo nos remete a uma viagem cujas estações incluem paradas em 05 de outubro e Frevo eleitoral, avançando para o Fundo de quintal, nos lembrando Quem come. Quem não come, condenando o que considera Coisa de cabra safado.    Enquanto   estamos    A    espera    de    um candidato,  Ronaldo nos faz lembrar das Malditas picuinhas e da Mazela eleitoral, que muitas vezes deságuam  em Cãomício.  Mas será  que É  assim mesmo, pois enquanto Eu, Pobre, eles, Os prefeitos, a folha paralela e os cognatos precisam ser freados.
 
Assim como previa Bertolt Brecht ao afirmar que “A omissão é o peso moro da História”,Ronaldo nos remete em A irmã da covardia, e O poder que não elege, pode desaguar no prejuízo que faz A merenda que não está nas escolas. Considerando que Este é mais um ano eleitoral, para se contentar com O menos pior ou quem mais?, pois Eles não se elegem por si. Com a Língua solta, lembre-se de que É em casa que se aprende a barganhar.
 
Ronaldo poderia ter escolhido qualquer uma das 32 crônicas para ilustrar o título deste trabalho,pois, todas elas refletem momentos que se completam, o que dimensão ao conjunto de uma obra que é o resultado de uma leitura socializada, mas que assim como avaliou Heráclito, “nenhum homem banha-se duas vezes no mesmo rio...”,sendo sua releitura indispensável, pois “... ele não será o mesmo homem, nem o rio será o mesmo rio”.
 
Como um grande escritor cuja trajetória lhe credencia, tem dado através de seus textos provas inequívocas de seu compromisso com a construção da cidadania, denunciando as mazelas e promiscuidade que tem se convertido a atividade política, anunciando a necessidade de manter empunhada a bandeirada resistência e não baixar guarda para as cooptações que tem cercado o ser humano, cada vez mais vulnerável, mas como quem vislumbra uma luz fora da “caverna”,... desistir, NUNCA. Insistir, SEMPRE!
 
Fica aqui, em meu nome, em nome dos que fazem a TRIBUNADA PRAIA e por extensão de seus leitores cuja frequência diária oscila em torno dos 7 mil acessos, nossos sinceros e honrosos agradecimentos a companhiad e Ronaldo Pereira de Lima e de “suas crias”, ao longo de uma década, na certeza de que o tempo acrescentou esta relação e parceria,crescendo em nós a certeza de que, nos termos preconizado pelo grande Rubem Alves (na obra “Sobre Jequitibás e Eucaliptos”), aqui foi plantada uma árvore frondosa que nos proporciona uma sombra maravilhosa.

Sergipe, Setembro de 2014


Claudomir Tavares da Silva
Diretor-Fundador da Tribuna da Praia

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14 de jul. de 2021

O que podemos seguir aprendendo com os quilombolas e povos tradicionais?

Trecho extraído da entrevista de Itamar Vieira Junior concedida a Ana Cláudia Peres para a revista RADIS.

Itamar Vieira Dantas é autor do consagrado Arado Torto.

"Há muito tempo, li uma entrevista do meu amigo Ailton Krenak [líder indígena, ambientalista e escritor] — que é uma pessoa que admiro muito, um dos grandes pensadores contemporâneos desse país. Um repórter português perguntou: “O que a gente pode aprender com os povos originários?” E aí o Ailton disse: “Nós temos 500 anos de luta contra o impossível, contra aquilo que nos corrói, que nos destrói, e ainda assim estamos íntegros. A gente atravessou esse tempo com muita resiliência, com muita força e com muita vontade de lutar”. E eu acho que o que a gente pode aprender com os povos tradicionais é justamente essa relação mais harmônica com o ambiente, essa resiliência de viver com menos, de não ter gana pelo consumo desenfreado, de ter uma relação mais consciente com o ambiente e com o seu entorno, com recursos naturais. A Terra está em crise, numa crise violenta. Essa crise pandêmica tem origem no ambiente, ela acontece graças a degradação da natureza pelo homem. E a gente pode evitar isso, a gente pode viver num planeta melhor. Nesse sentido, acredito que os povos tradicionais têm muito a nos ensinar, basta escutá-los, basta ouvi-los".

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22 de jun. de 2021

Bate-papo com Reninson Félix



RonPerlim e Reninson

Bate-papo entre o escritor Ron Perlim e o secretário de Cultura, Esporte e Juventude do município de Propriá, Sergipe, Reninson Félix.

Esse bate-papo aconteceu nesta secretaria em março de 2021.

O tema em discussão foi sobre o livro e a importância do vendedor.

Dentro desse contexto, Ron Perlim trouxe o autor independente como aquele que financia seu próprio livro e o vende.

Assistam a esse bate-papo:




 





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20 de mai. de 2021

Vossa Mercê

 

As mercês eram privilégios que o rei dava a seus súditos como forma de remunerá-los pelos seus serviços. Essas benesses podiam ser terras, em forma de sesmarias, cargos na administração local, postos militares, hábitos nas ordens militares, entre outros. De modo geral, esses títulos dotavam os vassalos de status político e social de suas localidades.


MARQUES, Dimas Bezerra et. al. História da escravidão em Alagoas: diálogos contemporâneos. Maceió: Edufal, Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2017. p.18.

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7 de abr. de 2021

Memórias de Um Menino Propriaense

Ron Perlim e Amorim. Ano de 2021.

Estive no lançamento do livro Um Batim nas Memórias de Um Menino Propriaense, do professor José Alberto Amorim. O evento aconteceu no dia 19 de fevereiro de 2021 no 12 Tênis Clube, Propriá, SE.
Para mim foi uma satisfação não só de participar do acontecido, mas fazer parte deste livro. Isso vocês podem verificar lendo o texto que escrevi para ele logo abaixo:

“Ao folhearmos este livro, ou até dizer, navegarmos por ele; encontraremos fatos e acontecimentos vividos pelo autor em períodos alternados de sua vida. Há em suas páginas coisas de menino, como as peladas, os banhos em nosso adorado Chico e outras brincadeiras. O livro, também, narra coisas da adolescência e as travessuras próprias dessa fase da vida. Nela, as paqueras não ficariam de fora e como elas são equidistantes dos dias atuais. Mas a narração não para por aí: há fatos históricos contados sem jargões ou clichês próprios da disciplina. Como, por exemplo, o Golpe de 64; manifestações culturais que trazem curiosidades desconhecidas de jovens e não mais lembradas por adultos, a exemplo das festividades do Bom Jesus dos Navegantes, o parque industrial de Propriá que era referência no Baixo São Francisco e importante para o Estado de Sergipe. E não poderia esquecer das pessoas citadas pelo autor com suas particularidades. E as comidas da região? Em suas páginas a gente se debruça em uma época que se foi, mas que permanece viva memória. Assim é o livro Um Batim nas Memórias de Um Menino Propriaense que estreia os escritos do professor Alberto amorim. O livro por si tem graça, história e História. São memórias resistentes, gravadas pelas retinas do autor e que pertencem, não mais a ele, mas a Propriá e ao seu povo. Certamente os leitores tirarão grande proveito dessa leitura”. 


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15 de fev. de 2021

Pequeno grande livro

 Por Antônio FJ Saracura, 06 de abril de 2013, revisto em novembro de 2020.

(...)

Laura é um pequeno grande livro. Diz-se infanto-juvenil mas serviu para mim, um setentão quase, de grande aprendizado. Não sei quais os ingredientes essências para que um livro caia no gosto infanto-juvenil. Talvez esses que Ronaldo utilizou sejam alguns, pois me senti muito mais novo lendo o seu livro.

Dona Laura, ao estilo tradicional do povo simples, conta ao sobrinho, histórias. Casos clássicos que o povo assumiu, ou situações da comunidade. Sempre fechando com lições de vida engrandecedoras. E entra o nosso folclore rico para ajudar, com o lobisomem, o fogo corredor, a cobra mamadeira, o caipora, o rasga-mortalha, o casamento da raposa, a mulher do padre... Botijas, visagens, assombrações (daquelas que divertem mais do que assustam)... Etc, etc, etc.

Há diálogos singelos entre os moradores da comunidade...

Há cenários pintados com mágicas palavras...

“Laura” é livro para se adotar nas escolas e se ler em família nas bocas de noite.

 Fonte: Antônio Saracura - Sobre Livros Lidos.  LAURA, Ronaldo Pereira de Lima. Acesso em: 15 fev. 2021.

 

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16 de jan. de 2021

Aquela professora

Morria de dor de ouvido. Pálida, inquieta, não teve alguém que soubesse de alguma erva medicinal ou algum fitoterápico. Sem aguentar as dores, correu para os braços do vereador Abreu. Este, quando a viu, fez cara feia. Mesmo assim teve o prazer em ouvi-la dizer:

— Abreu, você pode me levar até a unidade de saúde. Tô apulso!

Ele, raivoso, olhou para a cara dela. O não chegou até a ponta da língua, recolhendo-se assim que pensou na quantidade de votos da família de Sandra.  A possibilidade de ela ficar lhe devendo favor era muito grande e um motivo para passar na cara, caso precisasse.

Abreu foi ao quarto, vestiu uma camisa, balbuciou alguma coisa para a mulher, que não estava de cara boa, e trouxe a professora para a cidade. Ao chegar, deixou-a para ser atendida e saiu insatisfeito. Poderia estar com a sua caçula nesse momento, pensou. Na rua, encontrou com uma conhecida e lhe disse:

— Você acredita que eu tive que sair de casa para trazer a professora Sandra para a unidade de saúde? Dei quinhentos reais aquela infeliz no período eleitoral e ela ainda vem me perturbar uma horas dessas. 

A conhecida, estarrecida, perguntou:

— Você deu quanto mesmo pra ela?

— Quinhentos reais. Uma pessoa que nem precisa. Agora me responda: tenho alguma obrigação com ela?

Ao que a conhecida respondeu de imediato:

— Claro que não! Quem já se viu uma coisa dessas?

— Sabe quanto foi a minha eleição? Noventa e seis mil reais. Um ou outro é que votou por amizade. Mas a maioria vendeu o voto. Até meus amigos de cachaça me pediram dinheiro pra votar em mim. É mole uma coisa dessas?

— Por isso, meu amigo, que eu não vendo o meu voto. Só assim, posso falar o que eu quero quando vocês fazem alguma coisa de errado, que prejudique o povo.

Abreu fingiu não ouvir o último travessão. Continuou a falar, a criticar os eleitores.

 


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