27 de mai. de 2020

Toré:Som Sagrado



Como nasceu o seu fotolivro, Toré:Som Sagrado?

O fotolivro Toré: Som Sagrado é um projeto que nasceu principalmente do desejo de conhecer mais sobre a cultura indígena dos Kariri-Xocó, da cidade de Porto Real do Colégio. Como colegiense, sempre ouvi muitas histórias sobre os índios, seus costumes e o ritual do Ouricuri. Todo esses elementos povoaram meu imaginário por longo tempo. Quando entrei no curso de Jornalismo, na Universidade Federal de Sergipe, e tive contato com alguns trabalhos da fotógrafa Cláudia Andujar, esse desejo voltou à tona. Encontrei no trabalho dela com os Yanomamis, elementos visuais que fugiam da imagem do índio exótico, que de certa forma me incomodavam na fotografia. Foi a partir daí que pensei em resgatar esse desejo de criança e produzir um trabalho fotojornalístico que acabou se tornando o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Além disso, outros fatores foram igualmente importantes para a produção do fotolivro. Questões como a exotização da imagem do índio, o processo de desvalorização que a cultura indígena vem enfrentando na atual conjuntura política e o histórico de resistência que a etnia enfrenta ao longo dos anos. Tudo isso só reforçou a necessidade de produzir esse fotolivro.

Do que fala o livro?

O fotolivro traz uma narrativa visual que busca focar nos elementos subjetivos que remetem ao Toré ritualístico, importante traço identitário dos Kariri-Xocó. Por ser uma prática exclusiva aos índios da etnia, as imagens trazem um clima de mistério e confusão, onde só se pode ver parcialmente o elemento fotografado. Essa abordagem tem o objetivo de mostrar ao não-índio que, por não fazer parte daquela cultura, não é possível ter uma compreensão total do que está sendo mostrado.

Toré: Som Sagrado é um livro que, através das fotografias, tenta mostrar os elementos que compõem a identidade indígena da tribo, além de ressaltar a importância da preservação e valorização das tradições indígenas da etnia.

Sobre o autor

Igor Matias é Graduando do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Tomou gosto pela fotografia logo nas primeiras aulas de fotojornalismo. Desde então, tem fotografado as manifestações culturais do estado de Sergipe. Toré: Som Sagrado é o seu primeiro projeto fotográfico.

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13 de mai. de 2020

Chico, meu Velho Chico

Como nasceu o livro Chico, meu Velho Chico?

Chico, meu Velho Chico nasceu de um antigo desejo de fazer um registro afetivo do modo como o querido Rio São Francisco marcou a minha vida e consequentemente a das populações ribeirinhas. Esse rio é uma das mais importantes lembranças da minha infância e da juventude também, quando a vida na minha cidade, P. R. do Colégio, acontecia em torno dele. Em razão da minha atividade acadêmica que muito absorvia meu tempo e de um outro tipo de escrita com a qual me envolvia, esse livro foi se fazendo aos poucos, ao longo dos últimos 10 anos, com uma escrita em prosa. Só recentemente, em 2017, quando sobre ele me debrucei com afinco, fui percebendo que podia dar ao texto um formato provocador do interesse, também, das crianças. Foi então que fiz meu primeiro exercício de escrita poética e nasceu assim, também, uma intenção pedagógica em relação ao livro. Passei a ter uma expectativa de que ele pudesse, nas mãos da escola, aproximar, de forma lúdica e menos burocrática, as crianças do Velho Chico; um rio que é tão importante, não somente para o Nordeste, mas, também para o Brasil. Esse rio passa em nossa porta.

Do que fala o livro?

É um livro de memórias que fala do papel que teve o Rio São Francisco não somente na minha vida, mas também na vida das populações que em torno dele viviam. Ele ressalta a importância desse rio no seu tempo de glória, de como ele impactava a vida das cidades que em suas margens se fizeram: do movimento natural de cheias e vazantes, do papel da navegação para a economia, ao promover o comércio e a comunicação entre as cidades e com outros Estados da Federação. O livro chama a atenção, também, para a atual situação de destruição em que o Velho Chico se encontra.

3. Entrevistas


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10 de mai. de 2020

Propriaenses, alegrias e tristesse


1. Como nasceu o livro Propriaenses, alegrias e tristesse?

Tristesse era uma melodia tema do casal Galego e Berila. É uma música dos anos 50, adaptação de um clássico de Chopin " tristesse" . Traduzida para o português: " Adeus" cantada por Petrônio Gomes e tocada no violão de Dilermando Reis. (No livro falo isso é mostro as partituras em violão e piano);

2. Do que fala o livro?

O livro é dividido em 3 partes: a) 10 crônicas b) enchente 1959 c) Julia

2.1 São 10 crônicas sobre episódios vividos pela menina que fui aí em Propriá, que se identificam com episódios de qualquer propriaense, suas alegrias, a influência da igreja, as festividades, a vizinhança e suas brincadeiras e dificuldades pois a década de 1950 ainda não havia as comodidades dos tempos atuais, todavia eram os muito felizes.

2.2. Quanto á enchente do ano de 1959, que eu presenciei, foi uma realidade trágica, mas eu trato como um romance embora termine com a morte dos personagens em vista do afundamento da canoa de tolda, e morte do Galego, e sua esposa Berila, sofre infarto ao ver sua loja comercial inundada pelas águas.

2.3 Em Julia, a sobrevivente, filha única do casal Galego e Berila, órfã dos pais, passa a morar com a avó e nesse momento ela demonstra sua força em superar sua orfandade mostrando como superar esse trauma

3. Esse é o resumo da minha obra.

Me deu um enorme prazer pesquisar e escrever este delicado livro. Eu me esmerei em redigir trechos interessantes, busquei influências de Edgard Allan Poe, em Oscar Wilde, e em Robert Louis Stevenson, autor de o médico e o monstro, pois eles têm escrita rebuscada, gostam de um suspense moderado. Enfim, me inspiram quando estou escrevendo.

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30 de abr. de 2020

Zé Peixe, o menino do mar


Como nasceu o livro Zé Peixe, o menino do mar?

O livro Zé Peixe nasceu de um convite que recebi do comandante argentino da Marinha Mercante, Carlos René Mateos. Na época (2007),  ele trabalhava em Sergipe, conhecia o Zé Peixe, sua história de heroísmo, bem como a fama de exímio prático e conhecimento geográfico da área marítima. Foi dessa forma que ele me desafiou a escrever o livro Zé Peixe,  o menino do mar, patrocinado pela Petrobrás-SE e editado pela Infografics em 2008. É a partir deste momento que passo a frequentar a casa de Zé Peixe, entrevistá-lo, mexer em recortes de jornais e revistas antigas para construir a narrativa poética infanto-juvenil.

Do que fala o livro?

O livro fala sobre a infância, juventude e idade adulta de um ser humano amante das águas, que aprendeu a nadar aos quatro anos de idade e dedicou sua vida ao trabalho marítimo, à caridade e transformou-se em um ícone do mar nacionalmente e internacionalmente.

Saiba mais sobre G. Aguiar e o livro Zé Peixe, o menino do mar:
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23 de abr. de 2020

Em que o Comunismo ameaça o Capitalismo?

Noam chomsky
Em que o Comunismo ameaça este sistema (O Capitalismo, grifo meu)? Para uma resposta clara e convincente, podemos nos voltar para um amplo estudo da Fundação Woodrow Wilson e da Associação de Planejamento Nacional intitulado Political Economy of American Foreign Policy, um livro muito importante. Foi compilado por um segmento representativo da minúscula elite que cria grande parte das políticas públicas para quem quer que esteja tecnicamente no poder. Com efeito, é o mais perto que se pode chegar de um manifesto da classe dirigente americana. Ali eles definem a principal ameaça do comunismo com sendo a transformação econômica das potências comunistas "em formas que reduzem sua disposição e capacidade de complementar as economias industrias do Ocidente". Esta é a primeira ameaça do Comunismo. O Comunismo, em resumo, reduz a disposição e a capacidade de países subdesenvolvidos de atuarem na economia capitalista mundial, como fizeram, por exemplo, as Filipinas, que desenvolveram uma economia do tipo clássico depois de 75 anos de tutela e dominação americanas. É esta doutrina que explica por que a economista britânica Joan Robinson descreve a cruzada americana contra o Comunismo com uma cruzada contra o desenvolvimento.

A ideologia de Guerra Fria e a conspiração comunista internacional atuam de forma uma forma importante, essencialmente como um dispositivo de propaganda para mobilizar apoio, em um momento histórico particular, para seu antigo empreendimento imperial. Na verdade, acredito que esta provavelmente seja a função da Guerra Fria: ela serve como mecanismo útil para os administradores da sociedade americana e suas contrapartes na União Soviética controlarem o povo em seus respectivos sistemas imperiais. Acho que a persistência da Guerra Fria pode ser explicada, em parte, por sua utilidade para os administradores dos dois grandes sistemas mundiais.

CHOMSKY, Noam. O governo no futuro. Rio de Janeiro. Record, 2007. pp. 44-45.
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8 de abr. de 2020

O espaço do texto

Jorge de Sá
A construção de um texto equivale à construção de uma casa: cada frase, cada silêncio onde reside a significação a ser descoberta pelo leitor é uma espécie de quarto onde o cronista guarda os seus segredos e a sua solidão. Além disso, ao construir cada texto (considerado, aqui, como sinônimo de peça autônoma, relato que vai do título à última linha), o Autor está construindo a sua casa interna, procurando discriminar cada aposento e estabelecendo as leis que governarão o seu universo. Essa construção conduz a um texto maior – e que se faz sem palavras, pelo silêncio do discurso -, que nada mais é do que a compreensão do que somos, para melhor prosseguirmos em nossa viagem existencial.


Assim, em “Manifesto”, Rubem Braga se dirige aos operários da construção civil, afirmando:

Nossos ofícios são bem diversos. Há homens que são escritorese fazem livros que são verdadeiras casas, e ficam. Mas o cronista de jornal é como o cigano que toda noite arma sua tenda e pela manhã a desmanche, e vai”.

Ora, o cronista de jornal também é um escritor, e também ele deseja escrever algo que fique para sempre. A crônica, é uma tenda de cigano enquanto consciência da nossa transitoriedade; no entanto é casa – e bem sólida até – quando reunida em livro, onde se percebe com maior nitidez a busca de coerência no traçado da vida, a fim de torná-la mais gratificante e, somente assim, mais perene.

SÁ, Jorge de. A Crônica. São Paulo: Ática, 2007. p.17.



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7 de fev. de 2020

Dez bons conselhos de meu pai para cidadãos honestos e prestantes

Meu pai nunca me deu estes conselhos da forma sistematizada que está aí. Mas deu todos. Inclusive mostrando como era que se fazia. Acho que ele não se incomodaria por eu passá-los adiante, pois ele também tinha muita consciência política.

1.       Não seja tutelado
Não permita que as pessoas resolvam as coisas por você, por mais que o problema seja chato de enfrentar. Não finja que acredita em nada do que não acredita, não deixe que lhe imponham uma opinião que você está vendo que não pode ser sua.
2.       Não seja colonizado
Tenha orgulho de sua herença, não seja subserviente com o estrangeiro, não se ache inferior. Como o que gostar, fale como gostar, vista-se como gostar - seja como seu povo, não seja macaco.
3.       Não seja calado
Seja calado só por educação, até o ponto em que isto não o prejudicar. Se prejudicar, só cale a boca quando deixar de prejudicar. Não seja insolente e não tolere a insolência.
4.       Não seja ignorante
Não ser ignorante é um dos mais sagrados direitos que você tem e, se você não usa voluntariamente esse dreito, merece tudo o que de adverso lhe acontece. Se você sabe fazer bem o seu trabalho e conduzir corretamente sua vida, você não é ignrante. Mas, se recusar todas as oportunidades possíveis para aprender, você é. Se lhe negam o direito a não ser ignorante, você tem o direito de se rebelar contra qualquer autoridade.
5.       Não seja submisso
Reconheça suas faltas, mas não se humilhe. Não existe razão na Natureza que diga que você tem de ser submisso a qualquer pessoa. Toda tentativa de submetê-lo é muitíssimo grave.
6.       Não seja indiferente
Ser indiferente em relação ao semelhante ou ao que nos rodeia, quer você seja religioso ou não, é um dos maiores pecados que existem, porque é um pecado contra nós mesmos, um suicídio.
7.       Não seja amargo
As coisas acontecem, acontecem, ficam acontecidas. Se você for amargo, essas coisas continuam acontecendo. Construa sempre.
8.       Não seja intolerante
Alegre-se com a diversidade humana. Procure honestamente entender os outros. Só não seja tolerante com os inimigos conscientes e comprometidos com o seu fim.
9.       Não seja medroso
Todo mundo tem medo, mas pessoa não pode ser medrosa. Para viver e fazer, é necessário manter uma coragem constante e acesa. Isto consiste em vencer a própria pequenez e é um dever e uma obrigação para com nós mesmos.
10.  Não seja burro

Sim, não seja burro. Normalmente, quando você está infeliz, você está sendo burro. Quando você está sendo explorado, você é sempre infeliz.

 RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
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