31 de jan. de 2020

Ron Perlim - I Encontro de Escritores do Agreste Alagoano

Girleide, Carla, Carlindo, Cárlisson
Fui ao I Encontro de Escritores do Agreste Alagoano, organizado pelo escritor José Rocha na Casa da Cultura, em Arapiraca, Alagoas. O Evento aconteceu no dia 25 de janeiro de 2020. Cheguei no final de uma rodada de escritores, composta por Carla Emanuele (presidente da Acala), professor Carlindo Lira, Girleide Alves, Ademilson Leandro e Cárlisson Galdino que expunha seu trabalho de cordelista. Me chamou a atenção a forma como ele leu seus cordéis. Fiquei, de pé, ouvindo a leitura engraçada de seus textos que tanto agradava a plateia. Encerrada a vez deles, houve a segunda rodada, onde eu me incluía.

Flaviana Wanderley, Flaviana Costa, Dennys, Odilon, Ron Perlim, Elias
Nessa segunda parte e última do evento no período da manhã, sentaram-se à mesa Flaviana Wanderley, Flaviana Costa, Dennys, Odilon dos Anjos, Ron Perlim e Elias Barbosa. Antes que os escritores fizesse uso da palavra, a professora Magda fez divulgação da I Antologia Arapiraquense, explicou os pontos relevantes do edital para inscrição e encerrou, divulgando o Instagram daquela antologia. Encerrada essa parte, o primeiro escritor a fazer uso da palavra foi Elias Barbosa. Por ser militar e estar fardado no evento, logo chamou a atenção. Expôs seus livros e comentou um a um, todos ligados a fatos relevantes que marcaram a História de Alagoas, como o caso do cabo Anselmo e da deputada Ceci Cunha. Em seguida, o jovem Dennys falou um pouco de si e leu um de seus poemas. Na sequência, o microfone foi parar nas mãos de Flaviana Wanderley. Ela afirmou que jamais pensou em ser escritora, mesmo sendo formada em Pedagogia, mas se surpreendeu quando viu um de seus textos (Deusa dos Lábios de Fogo) publicado na Antologia Palmeirense.

Flaviana Costa levantou-se da cadeira, dirigiu-se a plateia e declamou um cordel de exaltação a vida, a Jesus e a esperança. Feito isso, voltou para a mesa, sentou-se e não fez uso do microfone. Acostumada a dar palestras, acostumada ao giz, falava de forma que todos ouviam claramente. Sua história de vida comoveu aqueles que atentos estavam. Sua capacidade de resiliência serviu e serve de exemplo para os que vivem no desterro. Os fatos violentos que sofreu, o coma, o suicídio me fez lembrar do livro de crônicas, escrito por mim, Foi só um olhar. Livro este lido por uma amiga que ficou estarrecida com os textos. Flaviana encerrou sua fala emocionada.

Em seguida, foi o jovem Odilon dos Anjos. Relatou que a escrita foi importante para ele superar um período de depressão em sua vida. Ele publicou um livro artesanalmente e um de seus textos, lidos por mim naqueles instantes, me fez lembrar dos meus textos quando iniciei a minha escrita literária.

Ron Perlim: auditório da Casa da Cultura
Finalmente chegou a minha vez de falar para a mesa e as cadeiras da plateia. Iniciei de forma pausada, destacando 5 itens que julguei importante enquanto ouvia os meus colegas, que são: 1 - Precisa o escritor de formação para ser escritor? 2. Existe uma elite literária? 3. Há escritos bobos? 4. O que seria inspiração? e 5. A leitura de livros de ficção serve para alguma coisa?. Respondi cada uma delas nestes termos: 1 - Há quem acredite que sim. Há os que acreditam que não. Eu só o do não. Explico: a primeira formação do escritor parte de dentro para fora, mas se ele não souber usar as palavras, morre antes de nascer. E para não morrer, precisa ler, ler, ler. Escrever, escrever e escrever. 2 - Se existe uma elite literária em Maceió, eu não saberia especificar até porque não vivia por lá. Vivia mais em Aracaju. Em Aracaju não tive problema alguma com isso, talvez por causa do Prêmio Alina Paim de Literatura Infantil/Juvenil que recebi no ano de 2010 com o livro Laura, só publicado no ano de 2011 e lançamento em 2012. 3 - Sobre os escritos bobos falei que toda escrita, quando iniciada, parece boba. Só a prática da escrita e reescrita (Como as lavadeiras de Graciliano Ramos.) conferi identidade ao escritor com o passar do tempo. 4 - Há quem acredite que seja algo divino. Há quem não. Eu só do não. Para mim inspiração é a materialização de leituras anteriores. 5 - Sim. A leitura dos livros, seja de ficção ou não, serve para muita coisa. Por exemplo: eu escrevi o livro A menina das queimadas. Um conhecido comprou um exemplar. Andando outro dia pela rua, eu o encontro e ele me disse: "Quero agradecer você". Perguntei-lhe: "Por quê?". E ele respondeu: "Eu tava meio desanimado. Depois que li o livro A menina das queimadas, minha auto estima mudou. Obrigado por ter escrito esse livro". Então é isso: não importa a quantidade de leitores que você terá ou tem, mas o que os seus livros representarão para eles. Era isso o que eu tinha para dizer.

Agradeço aos que aqui se encontram, a José Rocha e demais organizadores deste evento. Foi uma satisfação participar, conhecer gente nova e espero que outros eventos assim aconteçam para que possamos compartilhar experiências. Obrigado.

O evento, no período da manhã, encerrou-se com sorteio de livros e cordéis.

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29 de nov. de 2019

Ron Perlim participa do Projeto de Leitura: A Arte de Contar História - II


Alunos da Cooperativa Educacional Criança Feliz

 
No dia em que Ron Perlim foi homenageado pelo Projeto Leitura: A Arte de Contar História, a Escola Cooperativa Educacional Criança Feliz, mantida pela Igreja Batista Tradicional, visitou o espaço onde havia livros do autor, capítulos materializados do livro A menina das queimadas e uma recepção calorosa das alunas Raissa e Mirella. Ron Perlim agradece, não só aos alunos e professores daquela cooperativa, mas aos alunos e professores do Centro Educacional e da Escola Santa Terezinha que deixaram as suas salas para participarem do evento e demais pessoas.
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16 de nov. de 2019

Ron Perlim participa do Projeto de Leitura: A Arte de Contar História


O escritor Ron Perlim foi homenageado no Projeto Leitura: A Arte de Contar História no dia 14 de novembro de 2019 na cidade de Porto Real do Colégio, Alagoas. O evento aconteceu na Escola Municipal de Ensino Fundamental Profº. Ernani de F. Magalhães. Em sua homenagem, o livro A menina das queimadas, cujo enredo se passa na cidade de Cedro de São João, SE e narra as histórias de Zélia de Oliveira Rocha, falecida e sogra do autor, foi trabalhado em sala de aula e cada equipe foi responsável por um capítulo.
Raissa, Ron Perlim e Mirella

Assim que o autor chegou, foi recepcionado pelas alunas Raissa e Mirella. Elas citaram uma nota biográfica do autor, falaram da principal personagem (Zélia de Oliveira, sua sogra) e presentearam-no com uma plaquinha contendo a foto do livro. Ron Perlim percorreu todo o espaço, cumprimentou alunos, os parabenizou. Apreciou tudo o que viu: as maquetes da quermesse e da Lagoa Salomé, a exposição dos seus livros, a parte lúdica da cabacinha de ouro, o leilão de prendas, as vendedoras da bala queimada. 
Livros de Ron Perlim

Lagoa Salomé - Cedro de São João, SE.

Quermesse, Cedro de São João, SE.

Vendedora da bala queimada

Leilão de Prendas
Cabacinha de Ouro

Passado esse momento de reconhecimento dos capítulos do livro A menina das queimadas, foi a sua vez de palestrar sobre a importância dos livros e da leitura. Iniciou a sua fala lendo para os alunos trechos do primeiro capítulo, onde se pode ler: 
Meu primeiro dia de aula
Eu vivia aperreando mamãe para que ela me deixasse estudar, mas ela não queria que eu estudasse, porque era para eu tomar conta da casa e de meus irmãos. Eu insistia, mas ela nem ligou para o que eu falava. Cortava o assunto e dizia:
Não me amole com essa conversa. Procure alguma coisa pra fazer, avi!
Triste, fui ao terreiro pedir a meu pai, mas ele dizia:
Resolva isso com sua mãe. Ela é quem sabe de sua serventia dentro de casa.
Eu já falei com ela. Mas ela não quer que eu vá estudar. Vá, pai! Deixe eu estudar!
Se sua mãe já decidiu, está decidido. Agora, deixe de me amolar e procure o que fazer!
Dito isso, me deu as costas e continuou os seus afazeres. Desesperada, recorri à minha avó que não colocou arrodeio. Ela pegou em minha mão, beijou a minha testa e disse:
Não se preocupe, minha filha. Vá para casa e fique sossegada. Quando eu voltar da missa, conversarei com seus pais e tirarei essa história a limpo.
(...)

Feito isso, dialogou um bom tempo com o alunado do Centro Educacional e de outras instituições mostrando para eles através de experiências pessoais e de terceiros o quanto a leitura e os livros são importantes para as nossas vidas. Encerrada a palestra, o autor que estava acompanhado da esposa e do filho, despediram-se dos responsáveis, agradeceram pela homenagem e saíram para participarem de outras manifestações culturais que aconteciam no local.
Índias Kariri-Xocó e família MarRon


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11 de nov. de 2019

Ron Perlim palestra no I Sarau Viajando na Leitura: Café com Letras

O escritor Ron Perlim esteve na noite do dia 08 de novembro de 2019 na Escola Estadual Joaquim de Oliveira Campos na cidade de Amparo do São Francisco a convite da coordenação daquele projeto. Foram exposta uma galeria de escritores mirins e uma exposição de seus livros. Houve declamação de poesias e peças teatral. Ron perlim achou interessante o projeto desenvolvido naquela escola. Aproveitou a ocasião e falou para pais, parentes, amigos e as próprias crianças da importância do livro e da leitura.
 














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4 de nov. de 2019

Ron Perlim bate-papo com alunos da Fundação Bradesco

Ron Perlim esteve na escola de Ensino Fundamental e Médio Fundação Bradesco na manhã do dia 04 de novembro de 2019, onde estudou nos meados dos anos 90, para bater papo com o alunado daquela instituição.
Ron Perlim fala do livro O povo das águas
Falou da importância que tem os livros para a vida, não somente de quem vive na escola, mas de todos. Deixou claro que o livro são guardiões do saber, das experiências de quem os materializa. Destacou que a leitura dos livros didáticos são para a vida profissional, enquanto os de ficção não é exclusivo dos clichês "Ler é bom", "Ler enriquece o vocabulário" e "Nos faz passear, viajar por outros mundos", mas destacou os benefícios que a leitura traz para a vida acadêmica, enriquecimento pessoal, ampliação do conhecimento e compreensão de coisas que acontecem...


Depois de falar da importância do livro e da leitura, a palavra ficou para quem dela quisesse fazer uso. E muitos alunos fizeram. O bate-papo foi agradável e útil. 

O evento foi encerrado com a entrega de premiação para os alunos que mais se destacaram com a prática da leitura.



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30 de out. de 2019

Quem eram os tipógrafos

A arte da impressão envolvia uma série de conhecimentos diferentes: mecânica para as prensas, fundição para as ligas, fabricação de papéis, formulação das tintas, técnicas de encadernação, conhecimento de diagramação, arte, além de muita cultura, conhecimento de outras línguas e escritas. Por tudo isso, os impressores, calígrafos e escribas era pessoas muito especiais e de grande importância na sociedade europeia. Constituíam uma elite de intelectuais que trabalhavam com as tecnologias mais modernas da época e não paravam de inventar máquinas, materiais e processos de fabricação. Mas também eram mestres da estética, pois o desenho das letras exige vastos conhecimentos de arte, desenho, geometria e estética. Para finalizar, nossos heróis eram pessoas de grande cultura, pois falavam, escreviam e criavam letras em várias línguas e escritas, não raro idiomas extintos. Por tudo isso, muitas vezes até as leis eram “adulteradas” em benefício dos artistas da letra.
A história de Francesco Griffo é um exemplo da importância dos tipógrafos na sociedade renascentista. Conta-se que Griffo desapareceu de circulação após ter matado seu genro em uma discussão familiar. Se a lei fosse aplicada, Griffo teria sido condenado à forca, por assassinado. Mas inexplicavelmente depois do sumiço de Griffo, muitas das fontes desenhadas por ele continuaram a aparecer no mercado. Uma das versões contadas é que, pela sua importância, Griffo não foi condenado à forca. Diz-se que seu nome foi mudado e ele continuou a viver na mesma casa, trabalhando em paz por muitos e muitos anos. Mas trabalhando em quê? Griffo, grifo, grifado. Pelo nome já deu para ver que a letra grifada ou itálica foi inventada por ele. Ou letra cursiva – cursiv, como chamam os alemães. Grifo não só inventou as primeiras letras itálicas como também entalhou os primeiros tipos itálicos desenhados por Aldus Manutius que, juntamente com Ludovico degli Arrighi da Vicenza (Vicentino), formavam o trio de mestres que lançaram as itálicas mais conhecidas.

HORCADES, Carlos M. A Evolução da Escrita: História ilustrada. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2007. pp. 56-57.
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22 de out. de 2019

Velas Náufragas

Diego Mendes Sousa
A obra "Velas náufragas" (Editora Penalux, 2019) de Diego Mendes Sousa é um epilírico dividida em duas partes: "Alma litorânea" e "Coração costeiro". Herdeira da "Mensagem" do poeta português Fernando Pessoa, "Velas náufragas" é uma arrebatada devoção ao mar e à natureza. A poesia de Diego Mendes Sousa é
vertical e instaura as palavras com a força do sentimento, que guarda também a memória e a infância. O poeta piauiense canta a terra natal, Parnaíba, santuário do Delta do Rio Parnaíba, e inventa um universo paralelo chamado Altaíba, com "seres aladinos", como quer a magia e o testamento desse notável poeta. Extremamente simbólica e barroca, apesar de os versos serem livres, brancos e em desordem aparente, a poesia crescida na visão peculiar de Diego Mendes Sousa ressucita a metáfora do tempo e a profusão dos sonhos, pois os seus versos são doídos e são anímicos. São também sonoros e imagéticos. Poesia cuja grandeza está na universalidade de ser telúrica e espantosamente inovadora. Os cantos e as líricas de "Velas náufragas" tomam, de imediato, o seu leitor de assalto, porque a sua linguagem é de raiz, provocante, bela e inusitada; pura invenção interior e espelho de uma alma que "possui terra dentro", como ressalta o Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Carlos Nejar, na leitura de contracapa do livro "Velas náufragas".

Deguste devargazinho este poema do Diego como se estive às margens do algum rio ou n'alguma praia:

Ser Dor Mar
Cosmonave de um coração costeiro
que navega na preamar da dor
na maré do amor
no mar do ser
meu alterego
a dor-mar
a domar
os sargaços
de um sal salgado
de um sol solstício
de uma lua lunática
que passa na alma
de enseada
Meu coração aberto
nas praias do sonho
litoral de aberturas
ao mundo

SOUSA, Diego Mendes. "Ser dor mar". In:_____. "Opus II: Coração Costeiro". In:_____. Velas náufragas. Guaratinguetá, SP.: Penalux, 2019.

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