4 de nov. de 2019

Ron Perlim bate-papo com alunos da Fundação Bradesco

Ron Perlim esteve na escola de Ensino Fundamental e Médio Fundação Bradesco na manhã do dia 04 de novembro de 2019, onde estudou nos meados dos anos 90, para bater papo com o alunado daquela instituição.
Ron Perlim fala do livro O povo das águas
Falou da importância que tem os livros para a vida, não somente de quem vive na escola, mas de todos. Deixou claro que o livro são guardiões do saber, das experiências de quem os materializa. Destacou que a leitura dos livros didáticos são para a vida profissional, enquanto os de ficção não é exclusivo dos clichês "Ler é bom", "Ler enriquece o vocabulário" e "Nos faz passear, viajar por outros mundos", mas destacou os benefícios que a leitura traz para a vida acadêmica, enriquecimento pessoal, ampliação do conhecimento e compreensão de coisas que acontecem...


Depois de falar da importância do livro e da leitura, a palavra ficou para quem dela quisesse fazer uso. E muitos alunos fizeram. O bate-papo foi agradável e útil. 

O evento foi encerrado com a entrega de premiação para os alunos que mais se destacaram com a prática da leitura.



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30 de out. de 2019

Quem eram os tipógrafos

A arte da impressão envolvia uma série de conhecimentos diferentes: mecânica para as prensas, fundição para as ligas, fabricação de papéis, formulação das tintas, técnicas de encadernação, conhecimento de diagramação, arte, além de muita cultura, conhecimento de outras línguas e escritas. Por tudo isso, os impressores, calígrafos e escribas era pessoas muito especiais e de grande importância na sociedade europeia. Constituíam uma elite de intelectuais que trabalhavam com as tecnologias mais modernas da época e não paravam de inventar máquinas, materiais e processos de fabricação. Mas também eram mestres da estética, pois o desenho das letras exige vastos conhecimentos de arte, desenho, geometria e estética. Para finalizar, nossos heróis eram pessoas de grande cultura, pois falavam, escreviam e criavam letras em várias línguas e escritas, não raro idiomas extintos. Por tudo isso, muitas vezes até as leis eram “adulteradas” em benefício dos artistas da letra.
A história de Francesco Griffo é um exemplo da importância dos tipógrafos na sociedade renascentista. Conta-se que Griffo desapareceu de circulação após ter matado seu genro em uma discussão familiar. Se a lei fosse aplicada, Griffo teria sido condenado à forca, por assassinado. Mas inexplicavelmente depois do sumiço de Griffo, muitas das fontes desenhadas por ele continuaram a aparecer no mercado. Uma das versões contadas é que, pela sua importância, Griffo não foi condenado à forca. Diz-se que seu nome foi mudado e ele continuou a viver na mesma casa, trabalhando em paz por muitos e muitos anos. Mas trabalhando em quê? Griffo, grifo, grifado. Pelo nome já deu para ver que a letra grifada ou itálica foi inventada por ele. Ou letra cursiva – cursiv, como chamam os alemães. Grifo não só inventou as primeiras letras itálicas como também entalhou os primeiros tipos itálicos desenhados por Aldus Manutius que, juntamente com Ludovico degli Arrighi da Vicenza (Vicentino), formavam o trio de mestres que lançaram as itálicas mais conhecidas.

HORCADES, Carlos M. A Evolução da Escrita: História ilustrada. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2007. pp. 56-57.
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22 de out. de 2019

Velas Náufragas

Diego Mendes Sousa
A obra "Velas náufragas" (Editora Penalux, 2019) de Diego Mendes Sousa é um epilírico dividida em duas partes: "Alma litorânea" e "Coração costeiro". Herdeira da "Mensagem" do poeta português Fernando Pessoa, "Velas náufragas" é uma arrebatada devoção ao mar e à natureza. A poesia de Diego Mendes Sousa é
vertical e instaura as palavras com a força do sentimento, que guarda também a memória e a infância. O poeta piauiense canta a terra natal, Parnaíba, santuário do Delta do Rio Parnaíba, e inventa um universo paralelo chamado Altaíba, com "seres aladinos", como quer a magia e o testamento desse notável poeta. Extremamente simbólica e barroca, apesar de os versos serem livres, brancos e em desordem aparente, a poesia crescida na visão peculiar de Diego Mendes Sousa ressucita a metáfora do tempo e a profusão dos sonhos, pois os seus versos são doídos e são anímicos. São também sonoros e imagéticos. Poesia cuja grandeza está na universalidade de ser telúrica e espantosamente inovadora. Os cantos e as líricas de "Velas náufragas" tomam, de imediato, o seu leitor de assalto, porque a sua linguagem é de raiz, provocante, bela e inusitada; pura invenção interior e espelho de uma alma que "possui terra dentro", como ressalta o Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Carlos Nejar, na leitura de contracapa do livro "Velas náufragas".

Deguste devargazinho este poema do Diego como se estive às margens do algum rio ou n'alguma praia:

Ser Dor Mar
Cosmonave de um coração costeiro
que navega na preamar da dor
na maré do amor
no mar do ser
meu alterego
a dor-mar
a domar
os sargaços
de um sal salgado
de um sol solstício
de uma lua lunática
que passa na alma
de enseada
Meu coração aberto
nas praias do sonho
litoral de aberturas
ao mundo

SOUSA, Diego Mendes. "Ser dor mar". In:_____. "Opus II: Coração Costeiro". In:_____. Velas náufragas. Guaratinguetá, SP.: Penalux, 2019.

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28 de set. de 2019

V Bienal do Livro de Itabaiana

Família MarRon com Saracura
A família MarRon esteve na V Bienal do Livro de Itabaiana/SE no dia 15 de setembro de 2019. Estivemos com nosso amigo Saracura e o seu Pássaros do Entardecer. Romance que tive a honra de ler antes da publicação e opinar sobre ele. Uma gostosa leitura sobre os migrantes itabaianenses como descrita na sobrecapa do livro:
"Esta é a história aventurosa de um navegador pelos céus de Itabaiana, do Brás, de Rancharia e até do Paraguai... em busca de uma árvore onde pousar  (uma noite ou a vida inteira); a busca incessante de um canto onde tremule a ilusão de uma vida melhor. É uma epopeia narrada em versos pelo poeta Omerin, cordelista, de quem você ainda ouvirá falar, e em prosa, ditada pelo próprio navegador a um copista de Itabaiana que tem a mania de maquiar oitivas com palavras e sentenças de duvidoso gosto. Omerin que o diga!".
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21 de set. de 2019

O São João do Nordeste

 
Por Cleno Vieira
No São João do Nordeste 
tem de tudo até de mais
temos milho, munguzá e canjica 
para só de milho o povo saborear. 

Temos o famoso quentão
que é servido de coração 
pro cabra ficar animadão.

A veneração aos santos
Antônio, João e Pedro,
são pra lá de especiais 
mais o que abrilhanta a festa 
são as quadrilhas nos arraiás.

Nesse mês junino 
temos o santo casamenteiro
de Propriá ele é nosso 
padroeiro, pra não haver            
desespero, rogue a
Antônio um amor verdadeiro.

Logo em seguida 
vem o menino São João 
com o cordeiro na mão é exaltado,
mas tudo fica animado 
quando os fogos são queimados.

Pra não deixar queimar
o Nordeste, vem São Pedro 
alegrando o sertão 
e com a linda chuva 
alegra-nos o coração.

Pra terminar o mês junino 
é celebrado São Paulo 
que por poucos é venerado
mas pense em um santo arretado.

Pra mode não demorar 
eu já vou terminar, 
dizendo que o São João 
é cultura e tradição,
que no Nordeste 
é bem cultuado,
se depender de mim 
seu moço o São João 
será sempre lembrado.
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14 de set. de 2019

É em casa que se aprende a barganhar


“O candidato foi à casa do meu avô. Meu avô pediu certa quantia em dinheiro. Ele disse que voltaria, mas meu avô esperou, esperou, esperou e ele não apareceu. O outro candidato foi conversar com meu avô, pediu um prazo para arrumar o dinheiro. Ele arrumou o dinheiro e todo mundo lá em casa vai votar nele. Ele é quem vai ganhar a eleição”.

A citação acima mencionada compõe uma minúscula parte de um gigante texto do fazer político deste país. Nela, nota-se três gerações: a do avô, a dos pais da criança e a da própria criança que fala naturalmente da prática do comércio eleitoral com entusiasmo, torcendo pelo candidato que “(...) arrumou o dinheiro (...)”.

Faz algum tempo que escrevo a respeito desse comércio e sempre procuro descrevê-lo com base em experiências. Não quero nelas fazer simples descrições, mas propor reflexões. O eleitor brasileiro tornou-se dualista e objeto de disputas ferrenhas de políticos profissionais.

A fala acima deixa explícito a prática da corrupção passada de geração para geração, tornando-se uma oportunidade para o benefício pessoal. E não pense ninguém que a fala daquela criança está entrelaçada com a pobreza, com a fome. Engana-se quem assim pensa, quem produz charges e vídeos com tais características, pois, a individualização do voto não escolhe a cor, a classe, o poder aquisitivo.

As palavras da pré-púbere são límpidas e cândidas, pois, ao encher a boca com entusiasmo não compreende que essa prática tão comum (confundida como elemento cultural) afetará toda a estrutura organizacional da sociedade da qual faz parte, pois, eleitor que negocia o voto não só descaracteriza o poder que emana do povo, mas macula toda uma sociedade que padecerá com atos ilegais praticados pelo Legislativo e Executivo.

A pré-púbere, filha de uma professora, segue sua fala sem dar aparte a ninguém, dizendo: “O candidato foi a casa de minha mãe. Ela disse que só votaria nele se ele desse um emprego pra ela (ela é servidora pública) porque ele tinha prometido na eleição passada, ganhou e não cumpriu com a palavra”.

PERLIM, Ron. Viu o home? Rio de Janeiro: Letras & Versos, 2015.
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7 de set. de 2019

As opiniões do jornais são as suas opiniões?


As opiniões dele são as opiniões dos jornais (grifo meu). Como, porém, essas opiniões variam, padre Silvestre, impossibilitado de admitir coisas contraditórias, lê apenas as folhas da oposição. Acredita nelas. Mas experimenta às vezes dúvidas. Elas juram que os homens do governo são malandros, e ele conhece alguns respeitáveis. Isso prejudica as convicções que a letra impressa lhe dá. Necessitando acomodar as suas observações com as afirmações alheias, acha que os políticos, individualmente, são criaturas como as outras, mas em conjunto são uns malfeitores.


RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2008. p.150.
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