17 de nov. de 2018

Assim que ele se foi, eu também me fui

Uma criança de cabelos crespos, sem camisa e de short preto sacudiu o meu braço, me pediu moedas, fazendo-me abrir os olhos. Aquela criança barriguda, de braços finos, descalça e com uma remela no olho direito; fez-me perceber pela primeira vez a face nua de alguém.
Tive ternura e aversão, mas continuei a monologar, me esquecendo por alguns instantes dela. O menino não desistiu de mim, nem se dobrou a minha indiferença. Era um filho da rua que resistia a um homem que não estava num de seus melhores dias, sem saber quem era.
Não dei o que ele me pediu, mas aquela voz falida me entrou pelos olhos. Fiquei envergonhado porque estava sem dinheiro, fazendo-o esperar. Assim que percebeu, saiu me olhando de soslaio, me achando estranho ou louco, quem sabe. A minha estranheza tinha nome, idade, tamanho. Isso ele nunca saberia. E a minha estranheza, com o passar dos dias, tomava outro rumo.
Assim que ele se foi, eu também me fui.
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8 de nov. de 2018

O autor fala de sua obra: O povo das águas



Como nasceu o livro O povo das águas?
O livro O povo das águas simplesmente me veio, não como uma inspiração divina, mas como uma releitura dos mitos e lendas que povoaram a minha infância e a real situação do Rio São Francisco. Vê-lo perecer pelo assoreamento é melancólico. Quando a ideia me veio, pensei: como reagiria o povo do rio? Então, pensei numa revolução. Pensei nos mitos e lendas como pessoas diferentes que, por saberem o histórico de violência das pessoas preferiu um humano para falar-lhes em seu nome.
Do que fala o livro?
O livro O povo das águas conta a história de dois mundos: o mundo do povo do rio, representado pelo conselho das águas presidido pelo Nego d’Água na Pedra do Meio e o mundo humano, representado pelo pescador Cíbar. Esses mundos se encontram quando o conselho permite o encontro da Mãe d’Água com Cíbar. Esses mundos têm situações de opressão semelhantes porque ambos dependem do Velho Chico para sobreviverem. É claro que esse encontro causa espanto em Cíbar, que logo se acostuma com seus novos parceiros de luta.
De forma simplificada, o livro trata do folclore ribeirinho, da política local, estadual e nacional, do Rio São Francisco e do assoreamento.

P.S.: Comentários sobre o livro e o primeiro capítulo estão disponíveis neste endereço: https://sites.google.com/view/opovodasaguas.
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14 de out. de 2018

Feira Cultural em Porto Real do Colégio

Anita
O escritor Ron Perlim esteve na I Feira de Cultura da Escola Municipal Centro Educacional Professor Ernani de Figueiredo Magalhães, em Porto Colégio do Colégio realizada nos dias 02 e 03 de outubro de 2018. O evento foi organizado pela direção, coordenação, orientadores, professores e alunos, em parceria com a secretaria de Educação e Prefeitura Municipal.

O autor visitou todas as salas expositoras. A que mais chamou a atenção dele foi a sala que continha as obras dos artistas colegienses, onde ele se incluía. Havia obras de Rôndone Ferreira, Orlando Santos, Múcio Niemayer, Antônio Januário, Antônio Jorge Maia e Flauberto Soares. A disposição das obras chamava a atenção de quem logo entrava na sala.


Para homenageá-lo, expuseram seus livros numa mesa e transcreveram o poema A menina que passa. A aluna Anita  era quem falava da biografia de Ron. Na parte lateral esquerda da sala fizeram um painel grande com a frase que Ron Perlim mais gosta: “Se eu não sonhar os meus sonhos, quem os sonhará por mim”, onde outra aluna explicava para as pessoas que era preciso sonhar e nunca desistir daquilo que se quer.

Anita explica quem é Ron Perlim




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11 de out. de 2018

Correios FM - Entrevista

Ron Perlim e Edy Almeida
No dia 22 de setembro de 2017 o escritor Ron Perlim esteve no estúdio da Correio FM em Porto Real do Colégio - AL. Naquela ocasião foi entrevistado por Edy Almeida sobre os livros O povo das águas e Foi só um olhar.

Na entrevista discorreu sobre a importância da revitalização do Rio São Francisco e a desgraça do assoreamento que pouco a pouco mata nosso Velho Chico. A revitalização e o assoreamento é tema do livro O povo das águas, onde os mitos e as lendas deliberam num conselho a solução para esses problemas.

Em seguida, o autor discorreu sobre o livro Foi só o olhar, cujo tema é a violência e as suas muitas maneiras de se manifestar, maneiras estas que nem sempre estão tipificadas no Código Penal.


O bate-papo foi agradável e proveitoso.


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6 de out. de 2018

Cinderela das cinzas

Como naquela época não havia eletricidade, a menina vivia no fogão à lenha e na lareira, dia e noite, limpando as cinzas deixadas pelo fogo. É por isso que foi apelidada de Cinderela, nome que remete a cinzas. Outro apelido era Gata Borralheira, porque ela parecia uma gata, se metendo nos cantos da casa, fazendo limpeza, borrada de cinzas. 

CANTON, Katia. Era uma vez Perrault. 1ª ed. São Paulo: DCL, 2005. p. 63.
 
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20 de set. de 2018

Jurado no Colégio NSG e Blogueiro da Aplacc


28.08.2018 - O escritor Ron Perlim se tornar blogueiro da Aplacc (Academia Penedense de Letras, Artes, Cultura e Ciências). Em seu blogue, foram publicadas duas crônicas e dois artigos de opinião. Eis os links:


31.08.2018 - A convite do Colégio Nossa Senhora das Graças, na cidade de Propriá/SE, o escritor participa como jurado do II Concurso Literário com o seguinte tema: Tricentenário da Paróquia de Santo Antônio em Propriá - trezentos anos de fé, História e Religiosidade. O Evento ocorreu no auditório daquela instituição.

Jurado - banca 04

Certificado de participação

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Geraçao do grito


Crianças e adolescentes correm, gritam, gritam e gritam em frente da casa por pirraça. Na maior algazarra, xingamentos e confusão entre eles; nos impedem de ler, conversar e ouvir música.
Volta e meia comentava dentro de casa:
Que meninos chatos! Como gritam! Acho que é de propósito que eles fazem isso.
Parece que sim, respondeu minha mulher do computador.
Cansado de pedir para que eles brincassem sem fazer tanto barulho, fui surpreendido várias vezes com boladas na porta e na garagem. Irritado, dei-lhes umas broncas, fazendo-os se dispersarem. Mas eles voltavam no outro dia com ímpeto, fazendo a minha vizinha da frente assistir à novela preferida no quarto. Eu não iria me por de joelhos para eles.
Incomodado, não organizaria a minha mudança. Então, dei-lhes novamente broncas e mais broncas até que um deles arguiu, dizendo:
A rua é pública.
Eu repliquei:
É pública, mas vocês não têm o direito de usar o espaço público para incomodar.
Ouvi vaias e porrotes.
No outro dia, no mesmo horário, eles voltaram. Sem aguentar as bombas juninas fora de época, a vizinha estourou: “Saiam da minha porta, se não, vou para o promotor”.
A ameaça dela surtiu efeito. Pouco a pouco eles se dispersaram.
Eles deram um tempo e quando retornaram, vieram encapetados. É provável que vieram assim motivados, até porque um deles disse em alto e bom som:
Eu sou criança e o Estatuto da Criança me protege.
Eu repliquei:
O Estatuto protege a criança e o adolescente, mas não manda vocês virem para a porta das pessoas para fazerem bagunça. Só prá vocês saberem: eu tenho três exemplares aqui. Quem de vocês querem um de presente?
Todos eles se calaram, teimando, teimosos. Não tive alternativa a não ser filmar, gravar, fotografar a rebeldia deles, fazer um relatório e denunciá-los ao Conselho. Houve pais que esbravejaram, aquietando-se depois.
Se fossem respeitosos não precisariam de nenhum adulto dando palpite em suas criancices, muito menos de um Conselho.

Fonte: https://blog.aplacc.org.br/ronperlim/2018/08/28/geracao-do-grito/. acesso em 20/07/2018.
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