26 de fev. de 2017

O curioso abaporu


Essa estranha figura é o Abaporu, o mais importante quadro já produzido no Brasil. Tarsila do Amaral pintou-o como presente de aniversário a Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando ele viu a tela, assustou-se e chamou o amigo Raul Bopp para tentar decifrá-la. Intrigados, concordaram em que representava algo excepcional. Tarsila, apelando para os rudimentos de tupi-guarani que conhecia, batizou-a de abaporu - aba, "homem", "índio"; poru, "homem comedor de carne humana", "antropófago", "canibal".

O quadro inspirou a criativa cabeça de Oswald. levando-o a escrever seu "Manifesto Antropofágico", berço de um movimento que, segundo ele, "deglutiria" a cultura europeia, transformando-a em algo bem brasileiro. Embora radical, a nova corrente teve sua importância pelo que representava em termos de exacerbado nacionalismo. A tela é, até hoje, a mais cara já vendida no Brasil (US$ 1,5 milhão), e foi comprada por um colecionador argentino.

Mas qual o significado do quadro? Difícil dizer, mas na opinião de certos círculos, o homem avantajado com a cabeça pequena seria o brasileiro desmiolado. Quanto as pés e às mãos, enormes, era como Tarsila via em nosso povo sofridos trabalhadores. O simbolizaria a penosa rotina do homem do campo, dando duro debaixo de sol inclemente (grifo meu). Ainda hoje a polêmica obra tem avivado acaloradas discussões.

Língua Portuguesa. Ano 4 - Número 59 - setembro de 2010. p. 64
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16 de fev. de 2017

O autor fala de sua obra: Laura

Como nasceu Laura? Eu irei contar para você. Eu sempre fui apegado a minha mãe e dela gostava de ouvir as muitas estórias que tinha para me dizer. Certo dia, ouvindo uma das muitas estórias, me veio na cabeça a ideia de reuni-las e contá-las através da personagem Laura (Baseada em minha mãe).

Isso aconteceu porque eu percebi que as estórias de Lobisomem, Fogo Corredor, Mula-sem-cabeça e outras sempre eram apresentadas de forma individual, sem uma contextualização que fizesse o leitor compreender porque essas histórias existiam e se haviam algum sentido para elas. Por isso, procurei escrever de forma não cronológica; mas na infância dela. Laura é a personificação dessas pessoas que gostam de contar “causos”, especificamente os nordestinos; onde ela se identifica.

Ao ler Laura, você perceberá muita coisa. Por exemplo, como ela é uma idosa que se cuida, que conta com maestria as estórias que ouviu de seus familiares, parentes e amigos, que a fala nos conduz a imersão do tempo e dos modos da época.

Quem são as personagens? Baseado em minha mãe, eu crie a personagem Laura, como você já sabe. Foi através dela que criei Fernando, seu sobrinho, garoto estudioso e apreciador de boas estórias. Os demais fazem parte do mundo imerso que Laura nos conduz, como seu Laurindo, Davi do Juazeiro, e tantos outros.

Acho que falei o suficiente. Leia o livro, procure compreender as estórias, tire alguma aprendizagem e guarde em sua memória. Boa leitura.

Abraço!
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30 de jan. de 2017

O escritor na livraria

O Escritor na Livraria é organizado por Saracura na última semana de cada mês na livraria Escariz em Aracaju. Nesses encontros, os escritores expõe seus livros, trocam ideias, declamam. O bom de tudo isso não é só a perspectiva para vender, mas de conhecer gente nova, dialogar, trocar experiências. Dessa forma, a Literatura Sergipana anda nessa imensidão de títulos.

Saracura, Isabel Melo, Ron Perlim...


Jane Guimarães declamando
Marta Hora
Ron Perlim, Jane Guimarães, Marta Hora...

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21 de jan. de 2017

Ver com os olhos livres


Em 1924 o inquietante Oswald de Andrade cravou no peito de parte da vampiresca elite intelectual e econômica brasileira - habituada a apenas sugar o sangue literário advindo da Europa e, depois, homorragicamente, expelir pedantes perdigotos - uma estaca certeira: o Manifesto da poesia pau-Brasil. Nesse inteligente panfleto bradou: "Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres".

Ver com olhos livres! No original do manifesto está em itálico, é a única frase destacada assim pelo próprio autor. É uma invocação, um grito, uma palavra de ordem. A defesa intransigente da possibilidade de olhar não reprimido, não constrangido pelo óbvio, um olhar que consiga transbordar e derramar-se para fora do o limita.

CORTELLA, Mario Sergio. Não se desespere!: provocações filosóficas. 7 ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. pp.71-72
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7 de jan. de 2017

Lendo que se aprende


O pequeno Santos Dumont adorava os livros de Júlio Verne. Era um romancista fabuloso. Como tinha imaginação!

Júlio Verne contava histórias fantásticas. Para o mundo daquele tempo eram mais assombrosas ainda que as aventuras de Batman e Robin. Façam só uma idéia: os livros de Júlio Verne narravam viagens no fundo do mar e viagens pelo espaço sem fim.

As pessoas mais velhas, que também gostavam de ler Júlio Verne, achavam aquelas idéias absurdas e impraticáveis. O menino Santos Dumont não acreditava em coisas impraticáveis.


BARBOSA, Francisco de Assis. Santos Dumont inventor. Rio de Janeiro: J. Olympio, Brasília, INL, 1974.
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20 de nov. de 2016

V Encontro de Escritores Sergipanos

O V Encontro de Escritores Sergipanos aconteceu no dia 11 de novembro de 2016, no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju - Sergipe. Como vocês podem observar nas fotos, eu estive por lá. Revi alguns amigos, conheci outros e mais outros. Participar desses encontros é enriquecedor porque há gente de muitos lugares e cada uma delas tem algo para nos dizer.

Ronperlim e Saracura

Telma Costa e Marcléa

Ronperlim, Marcléa e Antenor Aguiar

Marcléa, Saracura, Ronperlim e Silvanira Marques
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15 de nov. de 2016

O que é preciso para ser um bom poeta?



Vou resumir o que disse no capítulo “Formação do Poeta”, inserido em Vigília Poética: O poeta nasce com uma especial intuição; alimenta-se de sensibilidade; caminha pela imaginação; domina o sentimento; aperfeiçoa-se com o artesanato; joga com a inteligência; enriquece com a cultura; e atinge a maturidade através de uma peculiar concepção de vida. Assim, é de supor-se que, na formação do poeta, possuidor de graça intuitiva, se equilibram sensibilidade, imaginação e sentimento, a influxos de artesanato (consciência técnica profissional), inteligência, cultura e personalidade.

STEEN, Edla Van. Viver e escrever: volume 3. 2 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008. p.195.


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