31 de mai. de 2015

Como evitar a escrita didática e estereotipada?



Nenhum texto é inocente e livre de ideologia, mas o escritor precisa privilegiar o trabalho com a palavra, o modo de contar. A literatura pode humanizar as pessoas e fazê-las pensar, questionar, sonhar, imaginar, ter mais criatividade, sentir incômodo, ver que a vida é trágica, ficar mais consciente, não se conformar com a realidade e reinventar o mundo (Grifo meu). Isso não se consegue com textos cheios de estereótipos, lições de moral, didatismo e comportamentos politicamente corretos. É preciso que o texto tenha vozes, lacunas e vazios para o leitor preencher. O leitor é coautor. É ele quem vai terminar a história ou o poema, a partir das tragédias e alegrias da sua vida. Surpreender o leitor, romper suas expectativas, revolucionar um pouco a sua vida, tudo isso é arte literária. As armadilhas moram na linguagem pobre (a simplicidade é uma arte, mas a pobreza não!), no lugar-comum e na intenção clara de agradar, seguindo modismos.


REZENDE, Stella Maris. Língua Portuguesa. Ano 9 – Número 110 – Dezembro de 2014. P. 13.
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16 de mai. de 2015

Pés e pneus

A brisa. A árvore. Os pardais. Pés e pneus chegam. Esperam de pé e de pneu. Vozes se cruzam. Gargalhadas. Murmúrio. A sirene toca. O portão se abre. As bolsas saem. Crianças são tomadas pelas mãos. Crianças riem. Outras não. Adultos riem. Outros não. A briga. A brisa.
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O lado bom de escrever

Neste vídeo você ouvirá uma variedade de depoimentos de escritoras nacionais, as experiências delas vividas com os leitores, a importância que eles têm e tiveram em suas vidas. Os depoimentos são interessantes. Assista-os!


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6 de mai. de 2015

Entrevista aos alunos do Dom Constatino

Alunos e o professor da Dom Constantino
Alunos da Escola Estadual Dom Constantino Luers, de Campo Alegre - Alagoas, me procuraram para conceder entrevista sobre o livro Viu o home?
 
Me perguntaram o porquê do título. Expliquei-lhe que é muito comum usar a pergunta “viu o home?” para se referir ao executivo municipal. E que esta identificação não se trata somente de epíteto, mas de alguém capaz de solucionar problemas, os mais variados possíveis.

Disse-lhes, ainda, que o livro é uma coletânea de textos publicados no jornal sergipano Tribuna da Praia, desde 2007. Que o objetivo dele é tratar da política de baixo, isto é, o cotidiano eleitoral; especificamente sobre a mercantilização do voto e suas consequências.

Após falar sobre o livro e seus aspectos políticos, falei-lhes sutilmente sobre o município de Porto Real do Colégio e pedi que eles navegassem no blog Urubumim.
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25 de abr. de 2015

Nenhum artista domina sua arte


José Castello, escritor.


"Nenhum artista domina sua arte. Há a frase infernal de Clarice Lispecto, que não cessa de assombrar os escritores: 'Não sou eu que escrevo meus livros, são eles que me escrevem'. Um escritor pode dominar uma língua, pode dominar técnicas de narrativa, pode dominar conhecimento literário. Nada disso garante que ele seja um escritor. O escritor que espera dominar sua arte está condenado. A quê? A ser tudo, menos um escritor. Consola-se com um ideal inatingível, mas tudo o que escrever estará aquém desse ideal. Cria, na verdade, uma mordaça para si mesmo. Corre o risco de, um dia, desistir de escrever. De matar o escritor que carrega dentro de si".

QUIROGA, Horácio. Decálogo do perfeito contista. Organizadores: Sérgio Faraco & Vera Moreira. Comentarios Aldyr Garcia Sclee et al. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009. p. 30.
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9 de abr. de 2015

Literatura: conhecimento pela imaginação

Neste vídeo, várias são as definições do conceito de Literatura. Elas se distinguem daquelas que a gente costume ver nos livros. Vale a pena dar uma espiada nele, compreender a importância da Literatura para as pessoas.

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29 de mar. de 2015

Para que tantos filhos?

Os filhos, os muitos que tivera e criara não lhe fazia uma visita, não davam um telefonema, nem um cartão para o vizinho ler para ele. Isso dilacerava o peito dele, largando-o ao abandono e a depressão. Sentado à mesa com a face entre as mãos, sentia as lágrimas rolaram; seguidas de um único soluço.
Muitos eram os pensamentos. Bastante as angústias. Turbado, indagava a si: “Onde foi, meu Deus, que errei? Que pecados cometi para ser castigado desse jeito? Se não fosse o meu vizinho, o que seria de mim? Para que tantos filhos?”
Essas indagações rondavam a cabeça dele e elas mexiam, remexiam o desgosto no mais profundo do peito. Para ele, não havia sentido algum viver.
No outro dia, o vizinho não o viu na cadeira, como era de costume. Mas achou que ele poderia estar dentro de casa, fazendo alguma coisa. A mesma cena se repetiu no dia seguinte. Desconfiado, chamou o filho e pediu que fosse ver se estava tudo bem com Pedro.
Sem retrucar, atendeu num instante o pedido do pai. Ao adentrou na casa de Pedro, não o viu na sala. Foi à cozinha e ele não estava. Ao ir ao escritório, avistou o corpo dele tombado.
Tirou o celular do bolso às pressas, discou 192. Enquanto a ambulância não vinha, percebeu que havia uma carta em uma das mãos. Nela, estava escrito: “Aquele que me encontrar, entregue esta carta a um dos meus filhos. Obrigado”.
Os filhos, quando souberam de sua morte, pediram que o vizinho tomasse conta do defunto. Dos seis, somente a mais velha apareceu. Em nome dos demais, agradeceu, pegou a carta deixada pelo defunto e nem deu importância ao que estava escrito. Estava de olho era nos bens do finado.
Só que ela foi surpreendida. O finado só havia deixado metade do que lhe pertencia e de menor valor. A outra foi destinada para instituições e o vizinho que cuidara dele, sem nunca o explorar, sem nunca pensar em seus bens.

Não demorou muito para ela riscar o carro na porta de Fernando, fez aquele escarcéu e saiu queimando pneu, dizendo impropérios, maldizendo céus e terra; jurando que iria metê-lo na cadeia por se aproveitar de um idoso.
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