29 de ago. de 2013

Sobre letras e números


Quando observo as letras pulando e os números brincado de cirandinha nas páginas alvas do céu, sei que defini a minha crença. Ora, os números e as letras tem ocultas em si a liberdade que não é para os que são levados por qualquer ideia.

03.06.99
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6 de ago. de 2013

Plagiarius

O próprio título nos revela a sua origem gentílica. Então, nada melhor que recorrer   a História e a etimologia dessa palavra na antiga Roma. De acordo com O caderno de políticas culturais, do Ministério da Cultura, o plagiador surgiu neste contexto: 

“Plagiário vem do latim plagiarius. Era quem, na Antiga Roma, roubava escravos ou vendia como escravos indivíduos livres. O vocábulo tem sua origem na Lex Fabia ex plagiariis. A expressão foi trazida para o campo literário através de uma metáfora criada pelo poeta Marcial, que, no século I, comparou o roubo de versos de suas poesias pelo rival Fidentino a uma criança que tivesse caído nas mãos de um seqüestrador.173 Daí a explicação do desvio sofrido pelo vocábulo plagium na evolução etimológica. A expressão passou a significar, figurativamente, essa  apropriação fraudulenta. Plagiário, nos dias atuais, designa o salteador de uma criação intelectual”.

A citação é clara quando se refere ao surgimento do salteador de obra intelectual. Essa prática, além de ser criminosa; deve ser repudiada. Caso recente aconteceu com o escritor Moacir Scliar. A obra dele (Max e os felinos) foi plagiada pelo canadense Yann Martel que pulicou As aventuras de Pi. Além de praticar crimes contra o brasileiro, desdenhou deste. Assista ao vídeo e veja o que Scliar opina sobre esse episódio, triste e lamentável.
A prática plagiarium não está limitada a obras literárias. Ela se efetuou com intensidade na Internet, especificamente na blogosfera. Ao remar por vários blogs, percebo o Ctrl+C e Ctrl+V de forma clara sem o menor pudor. Como se isso não constituísse uma violação das Leis, da moral e da criação intelectual de quem os produziu. Para saber mais, acesse: blogosfera legalizada.
O que tem preocupado professores e especialistas é o fato de os alunos das principais faculdades e universidades brasileiras praticarem o que eles chamam de plágio acadêmico; classificado em integral, parcial e conceitual. Segundo Nery et. all, plágio acadêmico “(…) se configura quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias, conceitos ou frases de outro autor – que as formulou e as publicou -, sem lhe dar o devido crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa”.
Os exemplos citados servem para que o leitor possa situar-se no tempo e no espaço. Para que se compreenda que a prática do plágio é desprezível e deve ser evitada. O assunto é abrangente e há farto material que trata dele. Pesquise, inteire-se e crie seus próprios textos.

Referências
Brasil. Ministério da Cultura. Direito autoral. – Brasília : Ministério da Cultura, 2006. 436 p. – (Coleção cadernos de políticas culturais ; v. 1)
NERY, Guilherme et All. Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio. Niterói – RJ. Universidade Federal Fluminense, 2008-2010.
BRASIL. Lei de Direito Autoral (LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998). Brasília, 1998.



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9 de jul. de 2013

O blog Entre Páginas de Livro resenha o livro A menina das queimadas

Hoje eu não irei fazer uma resenha do livro que li, e sim uma análise expondo a minha opinião e explicando a história. Isso porque a obra é pequena e com uma narrativa bem simples, de modo que se eu aprofundar acabo falando tudo e soltando spoilers. Então vamos com calma para você conhecer um pouco o que há por trás das páginas do livro A Menina das Queimadas do autor Ronaldo Pereira de Lima.
A Menina das Queimadas é uma criança que vivencia as dificuldades enfrentadas pela população brasileira entre as décadas de 30 e 40. Tudo é narrado através da protagonista, Zélia de Oliveira Rocha, e os fatos são verídicos. Em apenas 52 páginas, conhecemos muito sobre a infância e adolescência da Zélia.
Logo nas primeiras páginas, somos apresentados a dificuldade da protagonista em estudar. Naquela época, os alunos eram mais aplicados e respeitavam muito a professora que em muitas vezes os colocavam de castigo. Zélia teve que conciliar os estudos em cuidar dos irmãos e ajudar no sustento da família. Por isso, muitas vezes ela vendia doces, chamados queimadas e faltava as aulas para cuidar dos irmãos, que eram muitos.
Nas décadas de 30 e 40 não havia uma boa energia elétrica, muito menos uma medicina avançada no Brasil, a saúde era precária e por conta disso muitas pessoas morriam por falta de médicos. O namoro era algo mais sério, um beijo no rosto já é capaz para que uma menina ganhe má fama. As famílias eram mais numerosas e todos trabalhavam desde cedo para ter o seu sustento. Tinham também as rezadeiras e os costumes populares. Tudo isso e outras questões são abordadas e vivenciadas pela menina das queimadas.
A narrativa lembra muito livros de contos e muitas vezes fiquei imaginando a minha vó narrando todas aquelas histórias. A linguagem é muito simples e até mesmo informal, mesmo porque a educação naquela época era precária e o autor transmite muito bem isso, assim como os costumes e valores. Se formos parar para refletir: muitas coisas mudaram, para o bem e para o mal.

A diagramação do livro é simples, porém completa; contendo sumário, páginas amarelas, nome do livro e do autor no canto das páginas juntamente com a numeração. A revisão ficou boa, o único problema é o espaçamento entre algumas palavras. Além disso, encontramos no final do livro um glossário para auxiliar a leitura.
Gostei muito do livro, devorei ele em poucos minutos e reli duas vezes fazendo diversas anotações que eu achei interessante. A maneira que o autor escreve é viciante e instigante, um verdadeiro diferencial para histórias do gênero. Também aprendi algumas informações que acabam perdidas na história, sendo resgatadas por pessoas que já vivenciaram essa experiência. Vale a pena conhecer a história de Zélia, que batalhou por seus ideais mesmo diante das dificuldades. Fica a dica, dê uma chance a um livro diferente que vai acrescentar pelo menos um pouco em seus conhecimentos.

FORTUNADO, Caíque. A Menina das queimadas. http://www.entrepaginasdelivros.com/2013/06/resenha-menina-das-queimadas.html. Acesso em 30/06/2013.
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1 de jul. de 2013

Escritor, tenha paciência!


Márcia Tiburi é escritora, filósofa. Nesta entrevista, ela recomenda duas coisas para quem pretende o mundo da escrita: paciência e humildade. Acesse o vídeo e acresça conhecimento a sua vida.

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Casal a quatro


— Já leu a Bíblia?

— Desde quando você se interessa pela Bíblia, aliás, por qualquer livro? Eu nunca o vi lendo livro algum ou comprando. Que interesse súbito é esse por leitura?

— Todas as pessoas tem o direito de mudar. Já ouviu falar em Augusto Cury?

— Já! O que tem ele?

— Estava conversando com Mateus e ele citou esta frase: “Só não muda de ideia quem não tem ideia”. Pensei nela e resolvi mudar muitas coisas da minha vida. Entendi que a gente precisa excluir ideias e colocar outras no lugar. O que não pode é tá o tempo todo com os mesmos pensamentos, opiniões. Por isso, resolvi ler a Bíblia.

— Deu para filosofar, foi home?

— Não! Apenas estou repensando o que sou, vigiando o que há dentro de mim, as coisas que me vem de fora e buscar o equilíbrio para mim e os que convivem comigo.

— Interessante seu ponto de vista, mas não se detenha muito nessas coisas, pois, não quero perdê-lo para Sofia. (Risos).

— Você não me perderá para ela. Seremos um casal a quatro. Afinal de contas, Sofia entrou em minha vida de forma sutil e bela.

— Eu não me importo desde que eu seja a primeira em tudo.

— Não posso garantir a primogenitura, pois, ela sempre porá uma questão que irá consumir meu tempo.
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12 de jun. de 2013

Malinações do vento

Ele vem tonto e com cara de bento.
Lá, em sua morada, o mundo não pára nem brinca.
Enfadado do cata-vento, saiu das hélices e foi parar nos galhos, nas ruas e nas saias.
De saia em saia, o malino menino sem aljava ou seta aprontava com as garotas.

Esse moleque aprontou com A menina de nariz arrebitado que logo surgiu com o bucho esticado.
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1 de jun. de 2013

1º Capítulo do livro Laura


I
Laura estava sentada numa cadeira de balanço. Nela, observava os caibros serrados, as telhas avermelhadas e as ripas alinhadas. A sua volta havia um sofá, uma estante e a TV que Fernando costumava assistir desenhos em sua companhia.
Levantou-se, guiou o corpo cansado pelo corredor, foi à cozinha, tomou um copo d’água e saiu pela porta do fundo, aspirou o ar e sentiu alegria em seu coração enrugado. Dirigiu-se as plantas e riu com as acrobacias que as borboletas faziam sobre elas. Aproximou-se de um hibisco e, nas pétalas de uma das flores, formigas sedentas formavam ao redor de uma gota d’água o sol, desses que as crianças costumam desenhar. E num talo da roseira uma joaninha passeava, fazendo-a lembrar dos vestidos de chitas quando ela era moça. 
Retornou para casa e se deteve alguns instantes na porta sem querer deixar aquele mundo de carne verde. Entrou, pegou um jarrinho de porcelana, encheu de água e colocou nele a flor que trouxera e o dispôs no centro da mesa. Em seguida, foi na direção do seu quarto.
Diante do espelho penteava os cabelos enrugados e pensava: “Por que a cor branca é sinônimo da velhice, do cansaço, do reumatismo e da broquice; se o branco das nuvens brilha com a luz do sol e elas se renovam quando o céu tá estiado?”. E ficou por ali com aquelas reflexões.
 Em seguida, pegou pó para passar no rosto, mas desistiu. Passou um batom suave nos lábios e sentiu-se melhor. Levantou-se, pegou a bolsa, caminhou pelo corredor e abriu a porta da frente.
— Tia, a senhora vai prá onde?
— Eu vou dar uma voltinha. Quer ir comigo?
— Não posso. Tenho que terminar o exercício da escola.
— Então vá pra você não levar umas broncas de seu pai.
Do Portão espiava um carro que soltava fumaça rua a fora, um moleque que passou piruetando pelas calçadas de patins, um homem que caminhava com a face enfiada no jornal. 
 Na rua, o sol era forte. Ela começou a sentir uma fadiga no peito e resolveu parar debaixo de uma árvore e descansar. Em seguida, entrou numa sorveteria, comprou alguns doces e saiu. Ia atravessando a rua e um carro freou nos seus pés, deixando-a em estado de Choque e, por causa dele, tomou muita garapa.
Depois de recuperada, sentou-se num banco que ficava em uma praça cheia de crianças que brincavam soltas como o vento, alegrando as vendas do pipoqueiro. Sentada numa posição singela, Laura correspondia aos acenos dos conhecidos que por ali passavam. Resolveu voltar para casa. Com o pacotinho de doces na mão, atravessou a rua com cuidado e se foi.
Em casa, deixou o pacote de doces no quarto de Fernando. Em seguida foi à cozinha, lavou as mãos na pia e sentou-se a mesa. Espiou a flor, tocou nela e se alegrou. Apesar do choque, ainda estava viva para poder regar suas plantas todas as manhãs e tardes. Aquele estado doce de alegria lhe fez esquecer aquele incidente que quase levara sua vida.
— Tia, eu já tava preocupada com a senhora! Já ia telefonar pro Paulo.
— Minha filha, eu só fui dar uma voltinha bem aqui perto. Se eu ficar dentro de casa, vou me sentir como uma coisa; sem nenhuma serventia.
— Eu sei. Mas a senhora saiu que eu nem vi!
— É verdade! Você tava no banho.
— A senhora promete que da próxima vez avisa, né?!
— Não se preocupe minha filha. Eu aviso.
Pretinho se aproximou, roçou seu corpo nas pernas de Laura. Ela o pegou nos braços e sentou-se na preguiçosa. No colo, a egípcia, Pretinho ficava com os olhos semicerrados por causa do cafuné que ela lhe fazia.
LIMA, Ronaldo Pereira de. Laura.  Editora Diário Oficial, Aracaju, 2011. 

 



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