14 de jan. de 2012

Edital de Obras Literárias: livros contemplados

Laura

Por Maíra Andrade, da Ascom/Secult

No dia 7 de fevereiro, às 20h, o Museu da Gente Sergipana será palco da concretização do sonho de cinco escritores sergipanos graças ao lançamento oficial dos livros que serão publicados através do Edital de Obras Literárias. O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com o Banco do Estado de Sergipe (Banese) e Empresa Pública de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase), através da Editora Diário Oficial. 

O Edital teve como objetivo apoiar o lançamento e publicação de livros em diversas áreas como Poesia, Conto, Crônica, Literatura Infanto-Juvenil e Livros Técnico-Científicos. Além disso, o concurso propôs o incentivo à circulação e formação de novos leitores, indicando a Sergipe uma mudança na política cultural no âmbito editorial.

Segundo a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, o lançamento dos livros fecha o primeiro ciclo da nova política do livro e leitura em Sergipe. “Acreditamos que o lançamento desses livros representa um estímulo à produção literária em Sergipe, um apoio a quem escreve e precisa fazer com que o produto de seu trabalho chegue aos leitores de todo o Estado. A partir de agora, é pensar em outros editais”, afirma a gestora estadual de Cultura, Eloísa Galdino.



Sobre as obras 
As obras que serão publicadas são: ‘Caderno de Exercícios’ de Ivilmar Gonçalves, vencedor da categoria Poesia – Prêmio Santo Souza; ‘Laura’, de Ronaldo Pereira de Lima, na categoria Infanto-Juvenil; ‘Minha querida Aracaju aflita’, de Zeca Olho Grande, na Categoria Crônicas; ‘Lemniscata’ de José da Silva Ribeiro Neto, na categoria Romance e ‘Terra Xocó: um espaço com expressão de um povo’, de Francisco Alves, na Categoria Técnico-Científica.

Os livros vencedores ganham uma tiragem de 1000 exemplares, além da revisão textual; diagramação do miolo, criação e produção de capa; registro do código ISBN junto à Fundação Biblioteca Nacional; definição do preço de capa e distribuição institucional.
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13 de jan. de 2012

Retrato em preto e branco

Não me pergunte desta expressão de Napoleão voltando da Rússia, de herói de fábulas
Sem feitos heroicos
Sem campo de flores sem romance sem nada.
Esta aparência de cadáver, de corpo sem sombra,
De vulto que vai longe
É o retrato meu que você pintou.

Wellington Liberato dos Santos
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23 de dez. de 2011

Galrão

Eram sete horas da manhã. Desci a rampa do porto, entrei na lancha e sentei. De onde estava, via o céu nublado e nele um arco-íris enfeitando a manhã.

Enquanto folheava a Gramática, uma mulher conversava o tempo todo como se tivesse necessidade de fazer aquilo durante toda a viagem. Com o cigarro entre os dedos e os lábios, chamava a minha atenção. Olhei algumas vezes para ela, para a pose que só os fumantes têm, dei uns sorrisos contidos e retornei para a Gramática, deliciando-me com os verbos de ligação.

E porali fiquei alternando de um estado para outro, sem me incomodar com a trepidez da lancha, nem com a tagarelice dela.
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18 de dez. de 2011

Poema I

Dentre o barro e o asfalto surge a minha poesia,
de rústico pedregal
e perfume de eucalipto.


Wellingto Liberato dos Santos
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A etérea


Existe um rio de calma em ti.

Circula sobre ti um céu anilado

Um bocejo sem pressa

Um riso agraciado.

Os modos de você se portar fixam sua personalidade genérica

Na sua geometria exponencial de ser.

Você tem no corpo a essência dos bálsamos do mar,

o cheiro saboroso do limão

- Em você todos os pensamentos que me inspiram sublimição.


Wellingto Liberato dos Santos
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27 de nov. de 2011

Desengavetar

Antes os textos eram datilografados e guardados numa gaveta. Eram os engavetados, lido, relido, apresentado a um amigo que geralmente não opinava e quando opinava dizia: os textos são bons, demonstrando desinteresse súbito ao mudar de assunto. Ficava então os textos e quem os produzia sufocados naquele mundinho.

Com o advento da Internet e dos microcomputadores, as páginas físicas foram substituídas pelas virtuais, as máquinas de datilografia pelos teclados e os editores de texto, as gavetas pelas pastas, proporcionando outros recursos para os jovens escritores. Graças a ela os engavetados não ficam à mercê da opinião dos desinteressados, mas podem ser publicados por meio de blogs e sites para que todos possam ler, opinar e partilhar nas redes.

Cabe a cada escritor buscar conteúdos originais e criativos para receber visitantes e, quem sabe, ser encontrado por alguma editora que se interesse por sua escrita. Desengavetar é necessário.
Recomendo apenas aos que pensam em desengavetar que se preocupem com a escrita, ponha emoção, criatividade e busquem um visual agradável em sua página para que os leitores virtuais não desistam no primeiro momento.

Desengavetar é o verbo que precisa ser dimensionado nas vidas de quem ainda tem receio de expor a escrita e a sufoca nalgum diretório.
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14 de nov. de 2011

Miserável foi o amor

Eu irei me recolher no meu próprio sofrimento

E me calar para o amor.

Não irei me refugiar no silêncio mais frio e baço dos teus olhos feito menino pidão

E procurar no chão por uma formiga.

Não irei me oprimir. Se o meu mundo estiver prestes a estourar, que estoure; mas sem mim.

Irei me encolher nas ideias para não mendigar nas úmidas ruas de inverno por esse infeliz amor.

Cadernos, 1999.
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