A política, feita corpo a corpo, contraria toda e qualquer compreensão sobre o eleitor, sua opinião sobre o voto e como ele encara a corrupção.
A política do corpo a corpo é aquela em que os candidatos deixam as tribunas e gabinetes e se defrontam com os eleitores. Neste confronto, tanto um como o outro, estão dispostos a negociarem. O primeiro sabe que a prática é criminosa, mas se não o fizer não obterá voto e o seu adversário político fará a negociação. O segundo, eivado de vícios, estará disposto a vender, a trocar o voto porque não possui perspectiva de vida, nem de melhorias para o seu município; porque vê os políticos enriquecerem, os corruptos impunes, a Justiça se omitir e a corrupção ser escancarada nos jornais e telejornais de todo o Brasil.
Infelizmente, a maioria dos eleitores não vota pela competência do candidato, pela responsabilidade, por mudanças sociais. Parte dessa maioria não busca saber nem sequer a vida pregressa do seu candidato e, a outra parte, dita mais “culta”; não lhe dedica nenhuma atenção, mesmo quando sabe que essa vida é maculada.
Esse comportamento é típico do eleitor brasileiro, especialmente nas pequenas cidades. Não há necessidade de ser um cientista político para entender isso. Os próprios eleitores se explicam, usando frases desta natureza: Todos calçam quarenta; O erro já vem lá de cima; Quem é que não pega no mel e não se lambuza; O Brasil não tem jeito não e outras tantas que expõem a opinião vinda, não só do povo simples; mais de muita gente que carrega nos dedos anéis universitário.
São opiniões de pessoas descrentes, desesperadas, que não acreditam em si, nos outros. Pessoas que votam baseados no toma lá dá cá de forma cínica e explícita.
Em relação a isso, basta observar o frenesi do escambo e do comércio eleitoral que antecede a semana da eleição. Nessa feira livre o comércio é intenso e há todo tipo de voto: voto fiado, voto de pirraça, voto de favores, voto comissionado e por aí vai.
A corrupção é uma prática tão comum na sociedade brasileira que ela é aceita em todas as camadas sociais. É aceita por comerciantes que investem em campanhas eleitorais para mais tarde emitirem notas frias, tornarem-se marajás; promotores e juízes que se trocam por automóveis de luxo, uísque caro, aluguéis, apartamentos e outras regalias; profissionais da educação que ao invés de combatê-la em sala de aula, sobem em palanques corruptos em busca de migalhas criando na consciência de seus alunos que a corrupção não é crime, que roubar os cofres públicos é dever de casa de todos os brasileiros que possuem a chance de exercer um mandato eletivo ou outro cargo envolvendo dinheiro.
Esses profissionais contribuem para o banditismo político, para o tráfico de drogas, os pedófilos, as gangues e toda espécie de criminoso, pois, são imorais e não se diferenciam deles. Voto, política; é coisa séria. Não se deve brincar com essas coisas.
Não seja parceiro da corrupção, achando que o dinheiro é do “Governo”, que “o Governo fabrica dinheiro”. Seja parceiro de uma nação que precisa crescer e criar seus filhos com dignidade e que esses políticos não passam de simples empregados eletivos e não comerciantes.
É preciso entender que o voto é um bem que não se vende e não se troca. Enquanto o voto for visto como mercadoria, teremos nas câmaras de vereadores, nas assembléias estaduais e no Congresso Nacional uma variedade de parlamentares que só contribuirão para o banditismo e para assaltar de mão armada, digo, de caneta armada os cofres públicos e tirar a própria vida de quem lhes concedeu o poder.