9 de jan. de 2010

Voto não é mercadoria

Eu sou do tipo que condeno o comércio eleitoral por entender que só causa malefícios a população e procria falsários, larápios, gatunos.

Essa de culpar o povo porque ele vende o seu “poder” é uma ladainha da imprensa, dos incautos e dos politiqueiros cansados com a sua própria prática estúpida que os impedem de cumprir o dever de “representar o povo”.

O que ocorreu e ocorre é que o voto perdeu a sua função política, social, ética, moral; tornando-se um bem material, comercializável, pechinchado; o que nos causa vergonha.

Para compreender com maior clareza, faz-se necessário voltar nossos olhos para a fonte primária, isto é, os municípios. Tudo tem início nos municípios, por meio de cabos eleitorais e vereadores. Esses profissionais do comércio eleitoral entendem que o voto é matéria-prima negociável, lucrativa, devendo ser repassada para frente no tempo certo e na hora certa.

Essa negociação se intensifica nos períodos eleitorais, tornando-se uma mercadoria mais cara.

O que na verdade ocorre é um comércio milionário, irresponsável, imoral; configurando-se no banditismo e em práticas ilícitas, caracterizadas pela corrupção e impunidade.

Não se pode culpar o povo por essas práticas mesquinhas, apesar de ele participar delas de forma inconsciente; porque esses politiqueiros entenderam que sem saúde, sem educação, sem emprego; as pessoas se tornam vulneráveis.

Por isso os cofres públicos são assaltados com a ponta da caneta e o povo é julgado por uma parte de si porque concede o “poder” aqueles políticos de ficha suja.

Voto não é mercadoria. É cidadania, dignidade.
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Não seja parceiro da corrupção

A política, feita corpo a corpo, contraria toda e qualquer compreensão sobre o eleitor, sua opinião sobre o voto e como ele encara a corrupção.

A política do corpo a corpo é aquela em que os candidatos deixam as tribunas e gabinetes e se defrontam com os eleitores. Neste confronto, tanto um como o outro, estão dispostos a negociarem. O primeiro sabe que a prática é criminosa, mas se não o fizer não obterá voto e o seu adversário político fará a negociação. O segundo, eivado de vícios, estará disposto a vender, a trocar o voto porque não possui perspectiva de vida, nem de melhorias para o seu município; porque vê os políticos enriquecerem, os corruptos impunes, a Justiça se omitir e a corrupção ser escancarada nos jornais e telejornais de todo o Brasil.

Infelizmente, a maioria dos eleitores não vota pela competência do candidato, pela responsabilidade, por mudanças sociais. Parte dessa maioria não busca saber nem sequer a vida pregressa do seu candidato e, a outra parte, dita mais “culta”; não lhe dedica nenhuma atenção, mesmo quando sabe que essa vida é maculada.

Esse comportamento é típico do eleitor brasileiro, especialmente nas pequenas cidades. Não há necessidade de ser um cientista político para entender isso. Os próprios eleitores se explicam, usando frases desta natureza: Todos calçam quarenta; O erro já vem lá de cima; Quem é que não pega no mel e não se lambuza; O Brasil não tem jeito não e outras tantas que expõem a opinião vinda, não só do povo simples; mais de muita gente que carrega nos dedos anéis universitário.
São opiniões de pessoas descrentes, desesperadas, que não acreditam em si, nos outros. Pessoas que votam baseados no toma lá dá cá de forma cínica e explícita.

Em relação a isso, basta observar o frenesi do escambo e do comércio eleitoral que antecede a semana da eleição. Nessa feira livre o comércio é intenso e há todo tipo de voto: voto fiado, voto de pirraça, voto de favores, voto comissionado e por aí vai.

A corrupção é uma prática tão comum na sociedade brasileira que ela é aceita em todas as camadas sociais. É aceita por comerciantes que investem em campanhas eleitorais para mais tarde emitirem notas frias, tornarem-se marajás; promotores e juízes que se trocam por automóveis de luxo, uísque caro, aluguéis, apartamentos e outras regalias; profissionais da educação que ao invés de combatê-la em sala de aula, sobem em palanques corruptos em busca de migalhas criando na consciência de seus alunos que a corrupção não é crime, que roubar os cofres públicos é dever de casa de todos os brasileiros que possuem a chance de exercer um mandato eletivo ou outro cargo envolvendo dinheiro.

Esses profissionais contribuem para o banditismo político, para o tráfico de drogas, os pedófilos, as gangues e toda espécie de criminoso, pois, são imorais e não se diferenciam deles. Voto, política; é coisa séria. Não se deve brincar com essas coisas.

Não seja parceiro da corrupção, achando que o dinheiro é do “Governo”, que “o Governo fabrica dinheiro”. Seja parceiro de uma nação que precisa crescer e criar seus filhos com dignidade e que esses políticos não passam de simples empregados eletivos e não comerciantes.

É preciso entender que o voto é um bem que não se vende e não se troca. Enquanto o voto for visto como mercadoria, teremos nas câmaras de vereadores, nas assembléias estaduais e no Congresso Nacional uma variedade de parlamentares que só contribuirão para o banditismo e para assaltar de mão armada, digo, de caneta armada os cofres públicos e tirar a própria vida de quem lhes concedeu o poder.
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7 de jan. de 2010

A minha caixinha de música

A minha caixinha de música
Não entrou para o ouvido.
Hoje mesmo ela tocou uma acústica
Lá do alto ao meu ouvido.

Daí de cima a tua harpa,
Em escala musical, me atravessou como uma farpa
Com tua canção maternal.

Mãe, por que você olha mesmo
Pra este filho ingrato,
Que faz poemas tão feios
Indizíveis, chatos

Cheios de rodeios
Para o teu seio etéreo e nato? 

LIBERATO, Wellington. Et all. Minicoletânea de Escritores Colegienses. Opção 2: RS, 2003.
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3 de jan. de 2010

Sobre a vida

É asfixiada na massa, fixa n`alma.
É o vento das antíteses.
É a tese do nada.
Bendita vida que passa.
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25 de dez. de 2009

Sobre a exclusão













Se nos teus pés falta chinelo é porque alguém está calçado nele.

Se na mesa falta pão é porque alguém o comeu.

Se no teu corpo falta roupa é porque alguém está vestido nela.

Se não tens lazer é porque alguém ocupa o teu espaço.

Se no bolso falta dinheiro é porque alguém o retém para si.

Se no teu quarto falta remédio é porque alguém tomou para si.

Se te falta alegria, prazer; é porque fostes roubado...

Só o que não te falta é a velhice e ninguém quer tomá-la para si.
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17 de dez. de 2009

Céu de caibros


Estamos sujeitos as ideias.

(Não é o da gramática)

Olho no teto e vejo telhas (Meu céu),

Caibros, ripas, linhas, fios

E um vaga-lume que depende de mim para brilhar.

Olho o céu.

Ideias diferentes, do além.

Então, começo a descobrir o mundo que está tão perto de mim.

O mundo suspenso, abafado e úmido.

Então vamos dormir

— Que calor!

Amanhã é outro dia!
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10 de dez. de 2009

Arruda, as cuecas e as meias

Os cientistas políticos tentam explicar o fenômeno da corrupção. Muitos culpam o sistema. O presidente da república defende a reforma eleitoral, dando ênfase ao financiamento de campanhas eleitorais com o dinheiro público. Sugestão que não resolve. A mídia, para ganhar mais dinheiro, faz sensacionalismo das cuecas e das meias.

No Congresso as opiniões se dividem. Instituições pedem o impeachment. A assembleia legislativa do Distrito Federal “estuda o caso”. A polícia, para manter a “ordem”, espanca e retira com violência os manifestantes. Imaturidade militar. A Polícia Federal confirma a veracidade dos vídeos. Meus colegas comentam com espanto: “Viu o jornal ontem? Que cabra mais ladrão! O patrimônio dele aumentou e muito. E a mulher? Você viu a mansão que ela ficou com a separação?”. E se prendiam a outros retalhos. Eu, no entanto, não fui pego de surpresa. Explico: Por que insiste Arruda em se manter no poder? Porque comprou o mandato. Por isso quer mantê-lo. Por isso entrou com mandato de segurança no STF. Enquanto o voto for mercantilizado, as palavras mensalão, propina, impunidade, pizza, cueca, meia; serão incluídas no cardápio de cada brasileiro quer queira ou não. E pode, a qualquer segundo, minuto, hora, surgir um novo arruda.
 
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