Como
nasceu o seu fotolivro, Toré:Som Sagrado?
O
fotolivro Toré: Som Sagrado é um projeto que nasceu principalmente
do desejo de conhecer mais sobre a cultura indígena dos Kariri-Xocó,
da cidade de Porto Real do Colégio. Como colegiense, sempre ouvi
muitas histórias sobre os índios, seus costumes e o ritual do
Ouricuri. Todo esses elementos povoaram meu imaginário por longo
tempo. Quando entrei no curso de Jornalismo, na Universidade Federal
de Sergipe, e tive contato com alguns trabalhos da fotógrafa Cláudia
Andujar, esse desejo voltou à tona. Encontrei no trabalho dela com
os Yanomamis, elementos visuais que fugiam da imagem do índio
exótico, que de certa forma me incomodavam na fotografia. Foi a
partir daí que pensei em resgatar esse desejo de criança e produzir
um trabalho fotojornalístico que acabou se tornando o meu Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC).
Além
disso, outros fatores foram igualmente importantes para a produção
do fotolivro. Questões como a exotização da imagem do índio, o
processo de desvalorização que a cultura indígena vem enfrentando
na atual conjuntura política e o histórico de resistência que a
etnia enfrenta ao longo dos anos. Tudo isso só reforçou a
necessidade de produzir esse fotolivro.
Do
que fala o livro?
O
fotolivro traz uma narrativa visual que busca focar nos elementos
subjetivos que remetem ao Toré ritualístico, importante traço
identitário dos Kariri-Xocó. Por ser uma prática exclusiva aos
índios da etnia, as imagens trazem um clima de mistério e confusão,
onde só se pode ver parcialmente o elemento fotografado. Essa
abordagem tem o objetivo de mostrar ao não-índio que, por não
fazer parte daquela cultura, não é possível ter uma compreensão
total do que está sendo mostrado.
Toré:
Som Sagrado é um livro que, através das fotografias, tenta mostrar
os elementos que compõem a identidade indígena da tribo, além de
ressaltar a importância da preservação e valorização das
tradições indígenas da etnia.
Sobre o autor
Igor Matias é Graduando do curso de
Jornalismo na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Tomou gosto pela
fotografia logo nas primeiras aulas de fotojornalismo. Desde então,
tem fotografado as manifestações culturais do estado de Sergipe.
Toré: Som Sagrado é o seu primeiro projeto fotográfico.