22 de set. de 2023

Série de poemas intimistas em alusão ao Setembro Amarelo

 


Preocupados com a campanha nacional de prevenção ao suicídio, nós do blog Ron Perlim publicamos uma série de poemas intimistas, de autoria do escritor e poeta propriaense Cleno Vieira, em que são trabalhados diversas temáticas sentimentais propícias ao que prega a campanha.


Ei-los:

Bifurcação


Separando o tempo da jornada,

Fico eu extenuado, exaurido, acabado

A poeira do caminho imenso

Suja-me os pés nessa estrada.


E quebrado, vou chorando do nada

Caminhando sem direção,

E assim vou percebendo

Que ela me chama à vida.


Ergo-me, firme e com esperança

Em busca de uma solução

Um destino a ser seguido

Aquele que vem da alma

Na clareza do coração.


Mar vazio


Ondas do mar Atlântico,

Tudo está vazio,

Para onde corre este mar?

O mar que recebe o rio.


Onde ela estará?

Ela, por quem choro e riu,

Sei que tudo cheio estará

Quando voltar a ver seu brilho.


Submersos


Submersos na realidade densa

Assim são os destinos que a vida dispensa

Pessoas comuns, buscando o seu lugar

Num vasto oceano a navegar.


Em meio a poucas aventuras terrestres

Mergulham no mar das incertezas oceânicas,

Procurando abrigo, um porto talvez “seguro”

Na imensidão azul que se estende puro.


Exploram os destroços da nau perdida

Em busca de respostas e nova partida,

Sem ilusões, enfrentam a dura verdade

Que a vida é um mar turbulento de adversidade.


Encontram desafios em cada onda que enfrentam

Superam obstáculos, se fortalecem, se reinventam

Pois nesta jornada incerta, a esperança emerge

Eles persistem, não submergem, mesmo quando a tempestade urge.


A alguém


O sol triste lá no poente

A natureza fria que esqueceu da gente

O sino da capela tocando em agonia,

Assim são esses versos

Que no lugar da saudade transmutam-se noite e dia.


Desfolhou-se e murchou muito fria

As ricas folhas da fauna

Tombando na relva do chão.


Vi no Céu azul brilhar mais uma estrela,

Os anjos curvaram-se

Para recebê-la.


Segue breve análise de cada poema:

Os poemas apresentados exploram uma variedade de emoções, desde a tristeza e o vazio até a esperança e a perseverança.

O poema "Bifurcação" trata da jornada da vida, com seus momentos de exaustão e de esperança. O eu lírico está perdido e sem direção, mas encontra forças para seguir em frente quando percebe que alguém o chama à vida.

O poema "Mar vazio" expressa a saudade de um amor perdido. O eu lírico está em um estado de vazio e tristeza, mas sabe que tudo ficará completo quando encontrar seu amor novamente.

O poema "Submersos" fala sobre a dificuldade de encontrar o seu lugar no mundo. As pessoas comuns estão submersas na realidade densa, buscando respostas e um porto seguro. Elas encontram desafios e obstáculos, mas persistem na busca da esperança.

O poema "A alguém" expressa a saudade e o amor perdido. O eu lírico está triste e sozinho, mas encontra conforto na natureza e na fé.


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19 de set. de 2023

Preconceito Linguístico ou Social?


Ainda hoje há aqueles que tratam a língua como um objeto à parte, que tem vida própria; esquecendo-se de considerar os indivíduos que a utilizam. Para que uma língua exista, é preciso que existam seus falantes. Muitas línguas indígenas, por exemplo, morreram com os seus falantes ao longo do tempo, outras sobreviveram e ainda estão ativas, pois ainda há falantes que se utilizam dessa língua. Apesar de Saussure, linguista genebrino, focar seus estudos na língua e fazer pouco caso dos indivíduos, ele dizia que a linguagem possui duas faces e que ambas se correspondem e uma não vale senão pela outra. Ou seja, subentende-se que há sim uma certa relação entre o indivíduo e a sua língua, pois, esse individuo, a partir da fala, vai se remeter à língua, pondo em prática a sua capacidade de se utilizar dela. A partir do uso individual de cada um, e vale destacar que cada falante tem um modo particular de fala, é que surge no meio social formas variadas de comunicação, dizeres ou expressões comuns a um ou a um grupo de indivíduos de determinado lugar. Neste ponto de variação da fala e de um modo particular que cada indivíduo tem de fazer uso de sua língua, surge um certo preconceito que, não é só linguístico, mas também social.

O Brasil é um país multirracial e diverso, não só em raça ou cultura, mas também em língua e em variações linguísticas. Pessoas que moram na zona rural não falam como as que moram na zona urbana e dentro da própria zona urbana encontram-se variações de fala. Fatores como o geográfico e o social evidenciam essas variações. Porém, apesar de hoje já se ter esse conhecimento, o preconceito ainda persiste e cada vez ganha mais força. Alguns sulistas, por exemplo, têm preconceito para com os nordestinos. Mas esse preconceito não é só em relação aos aspectos fonético-fonológicos, mas também porque se refere aos nordestinos, num ponto de vista também social e até socioeconômico, não apenas linguístico. Pessoas de classe alta que gozam da oportunidade de usufruir de uma boa educação e tornam-se alfabetizadas e letradas têm preconceito para com os analfabetos e "não-letrados". Partindo de um olhar para o grau de escolaridade ou nível de alfabetização, o preconceito ganha mais força quando se trata de um pobre. Um indivíduo de classe alta ou média que comete erros gramaticais passa despercebido, mas um pobre que comete, por exemplo, os mesmos erros que esse indivíduo, é tachado de usuário “incompetente da língua”. Muitas das vezes o que importa não é o que se fala, mas quem fala. É de quem está partindo a fala. Logo, comparando-se um rico e um pobre numa situação comunicativa, certamente o preconceito se dirige para o último, os elogios e prestígio para o primeiro.

De acordo com o linguista britânico James Milroy: “Numa época em que a discriminação em termos de raça, cor, religião ou sexo não é publicamente aceitável, o último baluarte da discriminação social explícita continuará a ser o uso que uma pessoa faz da língua”. Há um certo sentimento de superioridade da parte dos letrados em relação aos pouco letrados. Isso se dá por conta do pensamento de que há um jeito certo de falar e de que para se falar corretamente só a partir da gramática. Esse pensamento evidencia uma confusão que até hoje muito se faz entre língua e gramática. É comum que enxerguem na norma o guia para a língua. Todavia, é o contrário, a língua é quem guia a gramática, não o inverso. Um pobre que mora na zona rural ou urbana e que não frequentou a escola, não deixa de ser um usuário da língua. Ele pouco teve ou não teve acesso a gramática, mas ainda assim consegue construir frases com sujeito, com verbos, com predicado, complemento etc. Há elementos morfológicos presentes em sua fala. Porém, isso não é levado em conta e uma pessoa analfabeta tem menos prestígio. 

A sociedade alimenta os preconceitos, seja de raça, gênero, como também o linguístico, o social. Contudo, até mesmo o analfabeto não deixa de ter uma relação com a língua. Esta está em atividade tanto na fala de um erudito quanto na fala de um analfabeto. Ela faz parte de cada indivíduo. O preconceituoso não tem essa concepção e também não leva em conta a história de nosso país, a miscigenação presente, as desigualdades sociais também pertinentes e as variações linguísticas recorrentes. Este assunto é só mais um assunto de escola que não tem importância, apesar de estar presente no ensino em sala de aula, pouco se dá atenção a esse assunto. Não se tem um ensino que vá de encontro ao preconceito e aos mitos. Pelo contrário, o ensino ainda é arcaico e influencia na criação de mitos, de preconceitos. É preciso uma reformulação geral na sociedade, no ensino e principalmente na mente de cada pessoa.

Texto dissertativo-argumentativo escrito a partir da leitura prévia do livro A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira / Marcos Bagno.

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6 de set. de 2023

Antologia Brasil Errante e Sátira


Disponível na Amazon (https://amzn.to/3EbjevZ

BRASIL ERRANTE é uma antologia de poemas político-sociais. Nesta seleção, o eu-lírico expressa individualmente uma insatisfação coletiva perante a um governo que prometeu ser diferente, mas se mostrou pior que as gestões passadas. Com humor e ironia, o autor vai retratar um Brasil que se encontra perdido, que não progride, mas que, em contraponto, regride, voltando aos velhos costumes. Através de sátiras e piadas, o autor vai falar sobre a fome, as desigualdades, a hipocrisia e a corrupção.

Esse e-book reúne, em sua maioria, poemas inéditos com temáticas sociais. Os poemas escritos mostram uma outra escrita do poeta. O eu-lírico é sátiro, irônico e humorista. Alguns poemas foram escritos numa linguagem prosaica e dialogam com outros trabalhos de autores como Oswald de Andrade e Lima Barreto.

Com destaque para poemas como "A carne mais barata do Brasil", "A língua do português", "Oração de um desempregado" e "Pau-brasil", entre outros.



Disponível na Amazon (https://amzn.to/3IQmejE)

A sátira "Sociedade dos Bichos" escrita em 2019 e publicada em formato digital em meados de 2021 pelo autor Ruan Vieira, retrata uma sociedade estratificada e desigual, onde se vê um cenário irônico construído ao longo da história. Dividida em temáticas (ou notas, como aparece no e-book), a história se passa numa sociedade ficcional habitada por animais como os macacos e os porcos. Dentre os macacos, há os que governam e os que são governados. A política retratada nessa sociedade é muito suja. O congresso, segundo o autor, "é um tremendo chiqueiro", "(...) pois a política é feita pelos porcos". A democracia é apática, o Estado só beneficia e favorece os seus. Há muita corrupção e situações injustas na sociedade dos bichos. Em algumas partes da história podemos notar uma referência ao determinismo, quando o meio influencia os que estão ali inseridos. Resumidamente, o autor aborda temáticas como a pobreza, a saúde e a segurança, a educação, a política etc, descrevendo situações cotidianas e destacando características. A sátira, de modo geral, possui um teor crítico e cômico. Segundo o autor, a sua intenção era levar o leitor não só à reflexão, mas também ao riso. No capítulo final intitulado "A tentativa fracassada de revolução", ocorre uma confusão e o autor conta de maneira bem humorada a que fim chegou a história. 

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31 de ago. de 2023

Titio Carreira



O conto, escrito em primeira pessoa, narra coisas da infância dos adolescentes beiradeiros, especificamente os de Porto Real do Colégio. Diferentemente da época atual, onde as novas  tecnologias têm ocupado  o tempo e a cabeça de muitos, a narrativa nos fala de um tempo pretérito onde a diversão, aqui a pelada, tomava um bom tempo, afastando da malandragem e das  drogas. Titio Carreira é um conto que narra as tardes de peladas nas croas do Rio São Francisco, os banhos, os desafios ao nadar pelas águas, as lendas contadas que povoavam a imaginação das personagens. 

O livro está disponível na Amazon neste endereço: Amazon.com.br eBooks Kindle: Titio Carreira, Perlim, Ron e custa R$ 4,99. 

Eis uma demonstração do que você vai encontrar em Titio Carreira:

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23 de ago. de 2023

10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas

O escritor Ron Perlim esteve na Bienal do Livro de Alagoas nos dias 19 e 20 de agosto de 2023. 

No dia 19 circulou entre os estandes. Era uma explosão de gente, de livros e atrações. A primeira coisa que o encantou foi a árvore do livro. Ela paria fotos e mais fotos. Quase não havia espaço para tirá-las.

No outro outro  dia, data marcada para o lançamento de Chico, O Velho; Ron Perlim foi ao estande da Secult (Secretaria Estadual de Cultura de Alagoas/Biblioteca Estadual Graciliano Ramos) e lá aguardou alguns minutos. 

Iniciou sua fala agradecendo a importância do evento, a Secult pela oportunidade de está ali.

Em seguida, discorreu sobre seu livro: disse para os ouvintes que Chico, O Velho, narra a história do Rio São Francisco e de Artur, Germano e Alberto. Que a angústia de ver o rio perecer tico a tico era vista neles. 

Encerrado a exposição, o autor autografou exemplares, despediu-se e circulou com a sua família pelo Centro de Convenções, reviu amigos escritores e celebrou com eles a alegria do livro.

Ron Perlim autografa para  Dilma M. de Carvalho


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