Era o ano de 2003. Na busca de subsídios para uma das edições do extinto Jornal Opara– Propriá/SE, encontrei um jovem Matemático, escritor, pesquisador, poeta e contista,e se me permitem assim ampliar os qualificativos, um exímio educador popular que nos municiou sobre um verdadeiro mosaico para compreendermos os elementos históricos e culturais do município alagoano de Porto Real do Colégio.
De lá para cá tive contato com sua obra, cujo valor incalculável se manifesta em exemplos como Às Margens do Rio Rei (aspectos gerais do município), Porto Real do Colégio: Sociedade e Cultura, Agonia Urbana (prosa poética), Minicoletânea de Escritores Colegienses (prosa poética), O Lugar da Poesia e da Prosa e Ritmo Vital (estes últimos escritos a várias mãos), além de um numero infinito de textos ecoados na grande rede, através de sites e blogs, e mais recentemente repercutidos por alcance das redes sociais que os multiplicam.
Oreconhecimento ao profícuo exercício literário de Ronaldo Pereira de Lima tem sido manifestado por “extremosbiunívocos” que se estendem do popularao erudito, e materializados ou laureados, como o PrêmioAlina Paim, promovido pela Secretariade Estado da Cultura de Sergipe na categoriainfanto- juvenil.Este reconhecimento não lhe envaidece, mas só multiplica suas responsabilidades com o universo absoluto e relativode sua legião de leitores, espalhados nos vários rincões do Brasile não seria pretensãoafirmar, nos cinco continentes da Terra.
Apartir de 2004, há exatos dez anos, tivemos a honra de receber as crônicas políticas de Ronaldocom frequência, as quais passaramaos olhos e mãos de nossos leitores,ilustrando as páginas impressase online da Tribunada Praia. O resultado deste acervo está sendo disponívelagora em forma de livro, cujo título “Viuo Home?”expressa a opção do autor em alcançar um públicoque, assim como Platão em “O Mito da Caverna”,intencionalmente ou não, pretende levar luz aos que ainda tem a sua frente uma cortinada limitada informação que precisa ser transformada em conhecimento.
Em Viu o Home?, Ronaldo nos remete a uma viagem cujas estações incluem paradas em 05 de outubro e Frevo eleitoral, avançando para o Fundo de quintal, nos lembrando Quem come. Quem não come, condenando o que considera Coisa de cabra safado. Enquanto estamos A espera de um candidato, Ronaldo nos faz lembrar das Malditas picuinhas e da Mazela eleitoral, que muitas vezes deságuam em Cãomício. Mas será que É assim mesmo, pois enquanto Eu, Pobre, eles, Os prefeitos, a folha paralela e os cognatos precisam ser freados.
Assim como previa Bertolt Brecht ao afirmar que “A omissão é o peso moro da História”,Ronaldo nos remete em A irmã da covardia, e O poder que não elege, pode desaguar no prejuízo que faz A merenda que não está nas escolas. Considerando que Este é mais um ano eleitoral, dá para se contentar com O menos pior ou quem dá mais?, pois Eles não se elegem por si. Com a Língua solta, lembre-se de que É em casa que se aprende a barganhar.
Ronaldo poderia ter escolhido qualquer uma das 32 crônicas para ilustrar o título deste trabalho,pois, todas elas refletem momentos que se completam, o que dá dimensão ao conjunto de uma obra que é o resultado de uma leitura socializada, mas que assim como avaliou Heráclito, “nenhum homem banha-se duas vezes no mesmo rio...”,sendo sua releitura indispensável, pois “... ele não será o mesmo homem, nem o rio será o mesmo rio”.
Como um grande escritor cuja trajetória lhe credencia, tem dado através de seus textos provas inequívocas de seu compromisso com a construção da cidadania, denunciando as mazelas e promiscuidade que tem se convertido a atividade política, anunciando a necessidade de manter empunhada a bandeirada resistência e não baixar guarda para as cooptações que tem cercado o ser humano, cada vez mais vulnerável, mas como quem vislumbra uma luz – fora da “caverna”,... desistir, NUNCA. Insistir, SEMPRE!
Fica aqui, em meu nome, em nome dos que fazem a TRIBUNADA PRAIA e por extensão de seus leitores – cuja frequência diária oscila em torno dos 7 mil acessos, nossos sinceros e honrosos agradecimentos a companhiad e Ronaldo Pereira de Lima e de “suas crias”, ao longo de uma década, na certeza de que o tempo só acrescentou esta relação e parceria,crescendo em nós a certeza de que, nos termos preconizado pelo grande Rubem Alves (na obra “Sobre Jequitibás e Eucaliptos”), aqui foi plantada uma árvore frondosa que nos proporciona uma sombra maravilhosa.
Sergipe, Setembro de 2014
Claudomir Tavares da Silva