30 de abr. de 2020

Zé Peixe, o menino do mar


Como nasceu o livro Zé Peixe, o menino do mar?

O livro Zé Peixe nasceu de um convite que recebi do comandante argentino da Marinha Mercante, Carlos René Mateos. Na época (2007),  ele trabalhava em Sergipe, conhecia o Zé Peixe, sua história de heroísmo, bem como a fama de exímio prático e conhecimento geográfico da área marítima. Foi dessa forma que ele me desafiou a escrever o livro Zé Peixe,  o menino do mar, patrocinado pela Petrobrás-SE e editado pela Infografics em 2008. É a partir deste momento que passo a frequentar a casa de Zé Peixe, entrevistá-lo, mexer em recortes de jornais e revistas antigas para construir a narrativa poética infanto-juvenil.

Do que fala o livro?

O livro fala sobre a infância, juventude e idade adulta de um ser humano amante das águas, que aprendeu a nadar aos quatro anos de idade e dedicou sua vida ao trabalho marítimo, à caridade e transformou-se em um ícone do mar nacionalmente e internacionalmente.

Saiba mais sobre G. Aguiar e o livro Zé Peixe, o menino do mar:
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23 de abr. de 2020

Em que o Comunismo ameaça o Capitalismo?

Noam chomsky
Em que o Comunismo ameaça este sistema (O Capitalismo, grifo meu)? Para uma resposta clara e convincente, podemos nos voltar para um amplo estudo da Fundação Woodrow Wilson e da Associação de Planejamento Nacional intitulado Political Economy of American Foreign Policy, um livro muito importante. Foi compilado por um segmento representativo da minúscula elite que cria grande parte das políticas públicas para quem quer que esteja tecnicamente no poder. Com efeito, é o mais perto que se pode chegar de um manifesto da classe dirigente americana. Ali eles definem a principal ameaça do comunismo com sendo a transformação econômica das potências comunistas "em formas que reduzem sua disposição e capacidade de complementar as economias industrias do Ocidente". Esta é a primeira ameaça do Comunismo. O Comunismo, em resumo, reduz a disposição e a capacidade de países subdesenvolvidos de atuarem na economia capitalista mundial, como fizeram, por exemplo, as Filipinas, que desenvolveram uma economia do tipo clássico depois de 75 anos de tutela e dominação americanas. É esta doutrina que explica por que a economista britânica Joan Robinson descreve a cruzada americana contra o Comunismo com uma cruzada contra o desenvolvimento.

A ideologia de Guerra Fria e a conspiração comunista internacional atuam de forma uma forma importante, essencialmente como um dispositivo de propaganda para mobilizar apoio, em um momento histórico particular, para seu antigo empreendimento imperial. Na verdade, acredito que esta provavelmente seja a função da Guerra Fria: ela serve como mecanismo útil para os administradores da sociedade americana e suas contrapartes na União Soviética controlarem o povo em seus respectivos sistemas imperiais. Acho que a persistência da Guerra Fria pode ser explicada, em parte, por sua utilidade para os administradores dos dois grandes sistemas mundiais.

CHOMSKY, Noam. O governo no futuro. Rio de Janeiro. Record, 2007. pp. 44-45.
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8 de abr. de 2020

O espaço do texto

Jorge de Sá
A construção de um texto equivale à construção de uma casa: cada frase, cada silêncio onde reside a significação a ser descoberta pelo leitor é uma espécie de quarto onde o cronista guarda os seus segredos e a sua solidão. Além disso, ao construir cada texto (considerado, aqui, como sinônimo de peça autônoma, relato que vai do título à última linha), o Autor está construindo a sua casa interna, procurando discriminar cada aposento e estabelecendo as leis que governarão o seu universo. Essa construção conduz a um texto maior – e que se faz sem palavras, pelo silêncio do discurso -, que nada mais é do que a compreensão do que somos, para melhor prosseguirmos em nossa viagem existencial.


Assim, em “Manifesto”, Rubem Braga se dirige aos operários da construção civil, afirmando:

Nossos ofícios são bem diversos. Há homens que são escritorese fazem livros que são verdadeiras casas, e ficam. Mas o cronista de jornal é como o cigano que toda noite arma sua tenda e pela manhã a desmanche, e vai”.

Ora, o cronista de jornal também é um escritor, e também ele deseja escrever algo que fique para sempre. A crônica, é uma tenda de cigano enquanto consciência da nossa transitoriedade; no entanto é casa – e bem sólida até – quando reunida em livro, onde se percebe com maior nitidez a busca de coerência no traçado da vida, a fim de torná-la mais gratificante e, somente assim, mais perene.

SÁ, Jorge de. A Crônica. São Paulo: Ática, 2007. p.17.



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7 de fev. de 2020

Dez bons conselhos de meu pai para cidadãos honestos e prestantes

Meu pai nunca me deu estes conselhos da forma sistematizada que está aí. Mas deu todos. Inclusive mostrando como era que se fazia. Acho que ele não se incomodaria por eu passá-los adiante, pois ele também tinha muita consciência política.

1.       Não seja tutelado
Não permita que as pessoas resolvam as coisas por você, por mais que o problema seja chato de enfrentar. Não finja que acredita em nada do que não acredita, não deixe que lhe imponham uma opinião que você está vendo que não pode ser sua.
2.       Não seja colonizado
Tenha orgulho de sua herença, não seja subserviente com o estrangeiro, não se ache inferior. Como o que gostar, fale como gostar, vista-se como gostar - seja como seu povo, não seja macaco.
3.       Não seja calado
Seja calado só por educação, até o ponto em que isto não o prejudicar. Se prejudicar, só cale a boca quando deixar de prejudicar. Não seja insolente e não tolere a insolência.
4.       Não seja ignorante
Não ser ignorante é um dos mais sagrados direitos que você tem e, se você não usa voluntariamente esse dreito, merece tudo o que de adverso lhe acontece. Se você sabe fazer bem o seu trabalho e conduzir corretamente sua vida, você não é ignrante. Mas, se recusar todas as oportunidades possíveis para aprender, você é. Se lhe negam o direito a não ser ignorante, você tem o direito de se rebelar contra qualquer autoridade.
5.       Não seja submisso
Reconheça suas faltas, mas não se humilhe. Não existe razão na Natureza que diga que você tem de ser submisso a qualquer pessoa. Toda tentativa de submetê-lo é muitíssimo grave.
6.       Não seja indiferente
Ser indiferente em relação ao semelhante ou ao que nos rodeia, quer você seja religioso ou não, é um dos maiores pecados que existem, porque é um pecado contra nós mesmos, um suicídio.
7.       Não seja amargo
As coisas acontecem, acontecem, ficam acontecidas. Se você for amargo, essas coisas continuam acontecendo. Construa sempre.
8.       Não seja intolerante
Alegre-se com a diversidade humana. Procure honestamente entender os outros. Só não seja tolerante com os inimigos conscientes e comprometidos com o seu fim.
9.       Não seja medroso
Todo mundo tem medo, mas pessoa não pode ser medrosa. Para viver e fazer, é necessário manter uma coragem constante e acesa. Isto consiste em vencer a própria pequenez e é um dever e uma obrigação para com nós mesmos.
10.  Não seja burro

Sim, não seja burro. Normalmente, quando você está infeliz, você está sendo burro. Quando você está sendo explorado, você é sempre infeliz.

 RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
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31 de jan. de 2020

Ron Perlim - I Encontro de Escritores do Agreste Alagoano

Girleide, Carla, Carlindo, Cárlisson
Fui ao I Encontro de Escritores do Agreste Alagoano, organizado pelo escritor José Rocha na Casa da Cultura, em Arapiraca, Alagoas. O Evento aconteceu no dia 25 de janeiro de 2020. Cheguei no final de uma rodada de escritores, composta por Carla Emanuele (presidente da Acala), professor Carlindo Lira, Girleide Alves, Ademilson Leandro e Cárlisson Galdino que expunha seu trabalho de cordelista. Me chamou a atenção a forma como ele leu seus cordéis. Fiquei, de pé, ouvindo a leitura engraçada de seus textos que tanto agradava a plateia. Encerrada a vez deles, houve a segunda rodada, onde eu me incluía.

Flaviana Wanderley, Flaviana Costa, Dennys, Odilon, Ron Perlim, Elias
Nessa segunda parte e última do evento no período da manhã, sentaram-se à mesa Flaviana Wanderley, Flaviana Costa, Dennys, Odilon dos Anjos, Ron Perlim e Elias Barbosa. Antes que os escritores fizesse uso da palavra, a professora Magda fez divulgação da I Antologia Arapiraquense, explicou os pontos relevantes do edital para inscrição e encerrou, divulgando o Instagram daquela antologia. Encerrada essa parte, o primeiro escritor a fazer uso da palavra foi Elias Barbosa. Por ser militar e estar fardado no evento, logo chamou a atenção. Expôs seus livros e comentou um a um, todos ligados a fatos relevantes que marcaram a História de Alagoas, como o caso do cabo Anselmo e da deputada Ceci Cunha. Em seguida, o jovem Dennys falou um pouco de si e leu um de seus poemas. Na sequência, o microfone foi parar nas mãos de Flaviana Wanderley. Ela afirmou que jamais pensou em ser escritora, mesmo sendo formada em Pedagogia, mas se surpreendeu quando viu um de seus textos (Deusa dos Lábios de Fogo) publicado na Antologia Palmeirense.

Flaviana Costa levantou-se da cadeira, dirigiu-se a plateia e declamou um cordel de exaltação a vida, a Jesus e a esperança. Feito isso, voltou para a mesa, sentou-se e não fez uso do microfone. Acostumada a dar palestras, acostumada ao giz, falava de forma que todos ouviam claramente. Sua história de vida comoveu aqueles que atentos estavam. Sua capacidade de resiliência serviu e serve de exemplo para os que vivem no desterro. Os fatos violentos que sofreu, o coma, o suicídio me fez lembrar do livro de crônicas, escrito por mim, Foi só um olhar. Livro este lido por uma amiga que ficou estarrecida com os textos. Flaviana encerrou sua fala emocionada.

Em seguida, foi o jovem Odilon dos Anjos. Relatou que a escrita foi importante para ele superar um período de depressão em sua vida. Ele publicou um livro artesanalmente e um de seus textos, lidos por mim naqueles instantes, me fez lembrar dos meus textos quando iniciei a minha escrita literária.

Ron Perlim: auditório da Casa da Cultura
Finalmente chegou a minha vez de falar para a mesa e as cadeiras da plateia. Iniciei de forma pausada, destacando 5 itens que julguei importante enquanto ouvia os meus colegas, que são: 1 - Precisa o escritor de formação para ser escritor? 2. Existe uma elite literária? 3. Há escritos bobos? 4. O que seria inspiração? e 5. A leitura de livros de ficção serve para alguma coisa?. Respondi cada uma delas nestes termos: 1 - Há quem acredite que sim. Há os que acreditam que não. Eu só o do não. Explico: a primeira formação do escritor parte de dentro para fora, mas se ele não souber usar as palavras, morre antes de nascer. E para não morrer, precisa ler, ler, ler. Escrever, escrever e escrever. 2 - Se existe uma elite literária em Maceió, eu não saberia especificar até porque não vivia por lá. Vivia mais em Aracaju. Em Aracaju não tive problema alguma com isso, talvez por causa do Prêmio Alina Paim de Literatura Infantil/Juvenil que recebi no ano de 2010 com o livro Laura, só publicado no ano de 2011 e lançamento em 2012. 3 - Sobre os escritos bobos falei que toda escrita, quando iniciada, parece boba. Só a prática da escrita e reescrita (Como as lavadeiras de Graciliano Ramos.) conferi identidade ao escritor com o passar do tempo. 4 - Há quem acredite que seja algo divino. Há quem não. Eu só do não. Para mim inspiração é a materialização de leituras anteriores. 5 - Sim. A leitura dos livros, seja de ficção ou não, serve para muita coisa. Por exemplo: eu escrevi o livro A menina das queimadas. Um conhecido comprou um exemplar. Andando outro dia pela rua, eu o encontro e ele me disse: "Quero agradecer você". Perguntei-lhe: "Por quê?". E ele respondeu: "Eu tava meio desanimado. Depois que li o livro A menina das queimadas, minha auto estima mudou. Obrigado por ter escrito esse livro". Então é isso: não importa a quantidade de leitores que você terá ou tem, mas o que os seus livros representarão para eles. Era isso o que eu tinha para dizer.

Agradeço aos que aqui se encontram, a José Rocha e demais organizadores deste evento. Foi uma satisfação participar, conhecer gente nova e espero que outros eventos assim aconteçam para que possamos compartilhar experiências. Obrigado.

O evento, no período da manhã, encerrou-se com sorteio de livros e cordéis.

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