1 de jul. de 2012

Historinha

O menino pedia para a mãe por uma historinha. Impaciente, olhando de um lado para o outro como se um mico pagasse, disse a alguém que a acompanhava:

— Todo dia é isso: este menino inventa alguma coisa. Agora quer uma historinha. (Meneando a cabeça).

A reclamação dela não conseguiu vencer a curiosidade dele. Dirigiu-se a um revisteiro e decepcionou-se, pois, as historinhas que ele queria não estavam ali. A mãe, aborrecida, pegou-lhe pelo braço, dirigiu-se ao caixa de atendimento, pagou a conta e se foi.

E aquele pequeno leitor será  interrompido por quem historinhas deveria lhe dar. 
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15 de jun. de 2012

Sangue vermelho

O menino no sangue, o menino no asfalto era um menino antes que um carro bêbado o atropelasse.

As pessoas passam, olham; umas torcem a cara. É horrível! Outras torcem o nariz… Mas o corpo do menino está lá no sangue, no asfalto. E ninguém pensou no blindado de esperança de que ele se revestia não o fez intacto da morte.

Quando penso no sangue daquele menino que, talvez, quisesse ser padre,

Penso também no sangue da prostituta que não queria ser prostituta, no vendedor de livros que não queria ser vendedor de livros, no vagabundo ambulante que sonhara uma vida digna, e não pode nem sustentar a si mesmo.

Dói-me todos os seus sonhos extraviados.

Dói-me todos os seus sonhos extraviados.

Por isso abraço e beijo a puta no lado mais escuro da esquina. Dou a ela a minha compreensão e lhe faço carícias que ninguém vê.

Por isso divido o meu cigarro com o bêbado, com o mendigo, e dou ao menor mais que a humilhante moeda. Dou a eles a minha compreensão.

Havia uma mulher que tinha a cara marcada com várias cicatrizes de faca.

— Mas a moça no espelho era bonita, jovem e elegante.

Por que sera que ela se olhasse no espelho?

Misturo-me a vocês. Escondo o meu, e bebo um pouco do seu trágico.

Sob este céu rasgado a vermelho dou a sua vida estrupada a minha compreensão.

Ponho a mão no teu sexo sangrando, cujo pano não estanca o sangue violado,

Mesmo sabendo que morremos desta nossa vergonhosa hemorragia.


Wellington Liberato dos Santos
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11 de jun. de 2012

Sem etiqueta

Esta roupa que uso não é minha. É da terra, da morte, da vida.
Esta roupa não está em nenhum manequim ou em alguma vitrine, por isso não posso comprar, por isso me constrange.
Ela está emprestada. E só posso devolvê-la apodrecida.
A ferrugem nasceu comigo atrapalhando o entendimento.
Por isso a roupa, que não é minha, continua apodrecendo na vitrine.

Cadernos, 03/12/97.
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6 de jun. de 2012

Concursos Literários


Rodrigo Domit é natural de Curitiba e radicado no Rio de Janeiro. Escreve contos e poesias desde 2003. É autor dos livros de contos Vem cá que eu te conto (2010) e Colcha de Retalhos (2011). Já foi selecionado em vários concursos literários, dentre eles: Luiz Vilela (Contos - 2007), Helena Kolody (Poesias - 2008 e 2009), Prêmio SESC (Livro de Contos - 2008), Poemas no Ônibus (Poesia - 2010 e 2011), Prêmio ler&Cia (Contos - 2011); Prêmio Utopia (Livro de Contos - 2010), Prêmio Cidadão (Poesia - 2011) e do Concurso Machado de Assis (Contos - 2011). Rodrigo Domit é um dos administradores do blog Concursos Literários cujo objetivo é ampliar e democratizar o acesso aos editais e resultados de concursos literários.

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4 de jun. de 2012

Simone Moura Mendes


Nascida em Maceió/AL, Analista Judiciário do TRT da 19ª Região, com formação superior em Administração de Empresas e Direito; Especializada em Direito Material e Processual do Trabalho pela ESAMC. Autora de dois livros de poesias: Incógnita, 1997, e Eu mesma... nua, 2011; uma das organizadoras da antologia poética do TRT19 "Justiça à Poesia", da qual também, participa; contribuiu com várias antologias poéticas; participa, com a crônica "Imagem e ação nos EUA", da coletânea "Cronistas Internautas", lançada na Fliporto 2011, pelas Edições Bagaço. Membro honorário da Real Academia de Porto Alegre. Laureada com a Comenda "Dama Grã-Cruz"... Esposa e Mãe, feliz!

Desrição do blog Uma vida em Poesia, de Simone Moura e Mendes

A poesia me encontrou. Encontrei-me na poesia! Concedo-lha portentosas asas para alçar longínquos voos e disseminar sonhos nos corações cúmplices e sensíveis. Que ela logre fabulosos rasantes em vastos mundos prenhes de luz e encontre, por fim, felizes e aconchegantes moradas em almas renovadas.
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