5 de abr. de 2012

Escrever, escrever e escrever

Reescrever: uma dica

Escrever para mim é uma necessidade, a forma mais simples de eu ser e de estar no mundo.

Não quero ser um altívago. Quero na terra estar, pisa nela com os pés do coração, escutar a escrita do outro e viver no intervalo fechado que é a vida.


A escrita me reinventa, sustenta-me, abre o meu riso diante da dor e do pranto desigual. Eu preciso escrever e escrever-me nos sulcos da face. Eu quero sumir e aparecer para os momentos mais frios, mais quentes da vida.

Se alguma insinuação solta aparecer por aqui, porali; murmurando contra mim com gestos, palavras eu não estarei nem aí porque estarei aí para a escrita. Eu quero apenas com a pena soltar a minha voz.

Então, não me liguem. Deixem-me viver solto com o vento, meu irmão, e a morte; companheira da angústia.

Escrever, escrever e escrever. Meu refúgio, meu grito urbano sem alento, sem forças. 

Não me olhem, me beijem.
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12 de mar. de 2012

Claro verbo trágico

Amor é o sexo aberto de uma prostituta cínica,

Ou o de uma moralista suando fremindo em voluptuosa lascívia.

Solidão é um porre, um café, um cigarro. Andar só por entre as pessoas pelas ruas e ser só noite avessa noite escura.


Amar, amar os amigos mortos, os parentes mortos,

E todos os que estão distante e a qualquer momento temos esperanças de rever.

Amar a tia do jardim escolar,

Amar aquela professora da 5ª ou 8ª série do colegial que,

Por mais que envelheça, como permanece jovem e eterna na memória.

As velhas mestras do 2º grau, de preferência as de língua portuguesa e literatura,

Tão maternas como o colo de mamãe.


Enfim, cuspir na vida nesta existência medíocre,

Na falsa ética social, neste trágico mundo triste; mundo de merda a cada instante de ira e raio...


Ser conciso e duro

E ter nos olhos a frieza trágica dos metais.


Wellington Liberato dos Santos
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26 de fev. de 2012

Espiando da janela

I
 Porque uma coisa é sentir a vida, outra, é você vivê-la, apalpá-la. Tarefa difícil e constrangedora. Não é uma coisa dada de graça. É para os que crescem e não para os que se entretêm só com este mundo.
 II
Não é difícil está em uma janela. Difícil é enxergar por ela o corre-corre, o dia-a-dia da cabeça.
III
Não chamarei de coisa viva aquilo que apresenta movimento (obs.: os carros, as plantas, etc.)... Devemos entender que na multidão de movimentos há os instantes roubados, calados e colados dentro de um corpo que precisa fugir. Também há os vivos que não são luminosos. Mas, eles têm luz.

Ah, luz! 

Não se encontra batendo em portas ou percorrendo caminhos. Há uma necessidade de se congelar. Alguma coisa fugiu de mim. Não foi um pássaro, não foi um olhar ou um carro. Foi um sonho, um pensamento que se esqueceu de lembrar.
 IV

Eu tenho pensado e até falado na compreensão. E só tenho acumulado sofrimento, dificuldade: sofro quando me falta palavras para expor a compreensão, sentimento que emana de dura sensibilidade e de uma cabeça crescida.

Às vezes me perco e torno-me um inútil, quando me sobrevêm a dificuldade, a fraqueza íntima de não poder com singeleza passá-la para outro eu.


Aracaju, janeiro de 2002.
Cadernos

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15 de fev. de 2012

Laura

O livro Laura foi submetido a uma comissão formada por Aglaé D`Ávila Fontes, Maria Lígia Madureira Pina e Cláudia Teresinha Stocker, profissionais renomadas e especialistas com idoneidade e capacidade reconhecidas nomeadas através de Portaria da Secretaria de Estado da Cultura.

Ao analisar o livro mencionado, basearam-se nos seguintes critérios: atualidade, abrangência e adequação do tema e do conteúdo ao gênero de literatura; relevância cultural; caráter inovador da obra; adequação da linguagem de acordo com o gênero e avaliação global da qualidade da obra.

Após a análise, essa comissão entendeu que o livro Laura era digno de receber o Prêmio Alina Paim. A premiação ocorreu no dia sete de fevereiro deste ano, no Museu da Gente Sergipana. A respeito de Laura, assim definiu a comissão:

"Ao ler as histórias narradas neste livro, o leitor perceberá que Laura transforma palavras em pura magia e encanto. História de medo, lobisomem, caipora, almas penadas, personagens que povoam o imaginário das crianças, são contadas por Laura ao sobrinho Fernando, com riqueza de detalhes que prende a atenção do início ao fim de cada capítulo, alimentando assim a imaginação e estimulando as fantasias, pois nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos através da realidade".

“Laura”, obra da literatura infanto-juvenil, premiada nessa categoria com o prêmio Alina Paim como o melhor livro no estado de Sergipe está fazendo parte da biblioteca e do currículo da escola Santa Terezinha compondo os estudos da turma do 5º ano, no período letivo de 2013. A escolha dessa obra vem resgatar o encanto e a magia do contar e ouvir estórias,assim como estimular a leitura contribuindo para o resgate da cultura local, incentivando os jovens leitores na produção de novas estórias. 
Dessa forma, estamos valorizando o autor, escritor, poeta e pesquisador, o nosso conterrâneo colegiense Ronaldo Pereira de Lima, hoje residente no estado de Sergipe.
Conheça você também, essa e outras obras do autor e enverede no mundo de magia e do conhecimento.  

Marta Maria Anselmo Nobre
Escola Santa Terezinha, Porto Real do Colégio - Alagoas.

O livro pode ser adquirido na Livraria Escariz em Aracaju ou na página da Edise. O livro custa R$ 20,00.

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20 de jan. de 2012

Eu não fiz com o dedo

— Amiga, não sei o que fazer. Tô grávida, meus pais não sabem e tô desesperada. Me der uma luz!
— Não sei como dar luz a uma grávida. A única coisa que sei é que ela brilhará daqui a nove meses. (risos)
— Deixe de brincadeira. Tô falando sério! Não sei o que fazer.
— Já falou para ele?
— Ainda não! Tô com medo dele me rejeitar e eu ser mais uma mãe solteira.
— Amiga, se ligue! Essa criança não é só sua. Se ele não quiser assumir, você vai e denuncia na Justiça e Pronto. Vai deixar de graça, é?
— Não amiga! Tôu tão confusa e com medo. Os homens são estranhos. Diz que gosta, quer ficar com a gente e quando acontece isso, eles fogem como diabo da cruz. Ainda dizem que a gente é complicada.
— Amiga, deixe de bobagem. Você fez com o dedo, por acaso?
— Não!
— Então! Tente conversar com ele. Ele não diz que gosta de você. Que sempre estar com você em tudo que é festa?
— É!
— Então! Vou telefonar para ele agora.
— Não sei.
— Ligo ou não ligo. Dicida logo isso e acabe com essa agonia.
— Ligue.
Paulinha discou o número e disse-lhe que Martinha o aguardava na lanchonete do Bira. Antes de ele chegar, Martinha estava apreensiva, ansiosa. Dentro de sua cabeça os fatos já estavam concretizados: ele ficaria desesperado, alegando que era jovem demais para assumir tal responsabilidade, que ela teria que abortar; custe o que custar. E se ela não fizesse isso, ele a deixaria. Enquanto ele não chegava, esse era o seu espinho na carne.
Quando Barnabé chegou, beijou a face de Paulinha e em seguida deu uma bituca em Martinha. Nervosa e motivada pela amiga, não fez arrodeio. Foi direto ao ponto:
— Estou grávida!
Ficou sério por alguns instantes. Depois riu, deu-lhe um beijo cálido, riram e comemoram por ali.


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