II
Não é difícil está em uma janela. Difícil é
enxergar por ela o corre-corre, o dia-a-dia da cabeça.
III
Não chamarei de coisa viva aquilo que
apresenta movimento (obs.: os carros, as plantas, etc.)... Devemos entender que na multidão de
movimentos há os instantes roubados, calados e colados dentro de um corpo que
precisa fugir. Também há os vivos que não são luminosos. Mas, eles têm luz.
Ah, luz!
Não se encontra batendo em portas ou
percorrendo caminhos. Há uma necessidade de se congelar. Alguma coisa fugiu de mim. Não foi um
pássaro, não foi um olhar ou um carro. Foi um sonho, um pensamento que se
esqueceu de lembrar.
IV
Eu tenho pensado e até falado na compreensão.
E só tenho acumulado sofrimento, dificuldade: sofro quando me falta palavras
para expor a compreensão, sentimento que emana de dura sensibilidade e de uma
cabeça crescida.
Às vezes me perco e torno-me um inútil,
quando me sobrevêm a dificuldade, a fraqueza íntima de não poder com singeleza
passá-la para outro eu.
Aracaju, janeiro de 2002.
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