—
Amiga, não sei o que fazer. Tô grávida, meus pais não sabem e tô desesperada.
Me der uma luz!
—
Não sei como dar luz a uma grávida. A única coisa que sei é que ela brilhará
daqui a nove meses. (risos)
—
Deixe de brincadeira. Tô falando sério! Não sei o que fazer.
—
Já falou para ele?
—
Ainda não! Tô com medo dele me rejeitar e eu ser mais uma mãe solteira.
—
Amiga, se ligue! Essa criança não é só sua. Se ele não quiser assumir, você vai
e denuncia na Justiça e Pronto. Vai deixar de graça, é?
—
Não amiga! Tôu tão confusa e com medo. Os homens são estranhos. Diz que gosta,
quer ficar com a gente e quando acontece isso, eles fogem como diabo da cruz.
Ainda dizem que a gente é complicada.
—
Amiga, deixe de bobagem. Você fez com o dedo, por acaso?
—
Não!
—
Então! Tente conversar com ele. Ele não diz que gosta de você. Que sempre estar
com você em tudo que é festa?
—
É!
—
Então! Vou telefonar para ele agora.
—
Não sei.
—
Ligo ou não ligo. Dicida logo isso e acabe com essa agonia.
—
Ligue.
Paulinha
discou o número e disse-lhe que Martinha o aguardava na lanchonete do Bira. Antes
de ele chegar, Martinha estava apreensiva, ansiosa. Dentro de sua cabeça os
fatos já estavam concretizados: ele ficaria desesperado, alegando que era jovem
demais para assumir tal responsabilidade, que ela teria que abortar; custe o
que custar. E se ela não fizesse isso, ele a deixaria. Enquanto ele não
chegava, esse era o seu espinho na carne.
Quando
Barnabé chegou, beijou a face de Paulinha e em seguida deu uma bituca em
Martinha. Nervosa e motivada pela amiga, não fez arrodeio. Foi direto ao ponto:
—
Estou grávida!
Ficou
sério por alguns instantes. Depois riu, deu-lhe um beijo cálido, riram e
comemoram por ali.