Esses dias, por meio das redes sociais, parte da sociedade se mobilizou para protestar contra a corrupção. Essa mobilização ficou conhecida como a manifestação anticorrupção. Toda e qualquer tipo de manifestação dessa natureza é válida, mas imatura porque vivemos um dualismo eleitoral.
Não se pode fazer reivindicações de valores e de direitos quando no seio delas há contradições. Explico: recentemente a pesquisa da Fecomércio – RJ revelou que as classes que mais consomem produtos piratas são as A e B. Ao invés dessa sociedade se organizar e exigir que os impostos dos produtos originais sejam diminuídos, prefere praticar conscientemente o ilícito. Essas mesmas pessoas enchem a boca para criticarem com veemência os atos de corrupção.
Tanto a pirataria como o comércio eleitoral é uma prática visível e presente em todas as classes sociais deste país. Se formos fazer uma lista do dualismo eleitoral praticado pelos eleitores, principalmente no período eleitoral e pós, não caberia nesta página. Entendo que antes de os cartazes serem expostos, pintarem as caras, porem narizes nos narizes, apregar vassouras nas praias, enfrente ao Congresso, se organizarem através das redes; é necessário que se faça uma reflexão profunda dos valores e das práticas políticas de cada um.
A sociedade deveria se organizar não somente para combater a corrupção vista de cima, mas a que é praticada por baixo e que não é mencionada pela mídia, nem por essas manifestações.
Antes de alguém pegar uma pedra, saibam que não sou a favor da corrupção porque ela é uma prática mesquinha e criminosa; mas não dar para viver de hipocrisia. A barganha é um fato, assim como é fato a candidatura de candidatos com vida pregressa maculada que se elegem e reelegem.
Não se faz política neste país. Faz-se negócio. Por isso há muita gente no Congresso, nas Câmaras municipais e estaduais desinteressada em legislar. Gente que percebeu que a politica é um grande negócio. Aquilo que muitos chamam de corrupção não é vista como crime por eles, apenas o resultado de investimentos em campanhas eleitorais, cabos eleitorais, eleitores e outras coisitas.
A partir de 2012 haverá eleições para prefeitos e vereadores em todo o país. Muitas caras se repetirão e outras serão substituídas, mas a conversa é unânime: quem dar mais ou o menos pior serão eleitos. Poucos são os homens de vida pregressa imaculada que irão disputar um pleito. Se forem eleitos sem a mercantilização do voto honrarão os seus mandatos, mas se eleitos forem com a maldita compra de voto saibam que os vícios irão minar os seus valores e ideais.