Recebi um e-mail de uma amiga. O título que o encabeça é este: A carta, publicada em O Globo. O texto é válido, mas expõe um grito de revolta e de um desespero inútil.
O texto aborda o novo referendo pelo desarmamento, acompanhado da opinião do autor pelo não. Para justificá-la, ele opina que os Governos revoguem as leis atuais; seguidas de sugestões como estas: voto facultativo, dois senadores por Estado, redução pela metade dos deputados federais, estaduais e vereadores; férias de apenas 30 dias para todos os políticos, juízes etc.
Tudo o que estar escrito nesse texto é possível se houvesse uma reeducação política e os eleitores votassem em propostas. É mais fácil criticar os atos dos profissionais da política que enfrentá-los na prática. E a prática é cruel, mesquinha, vil, hipócrita.
Esses textos que só veem a política de cima para baixo deseduca. Ninguém pode criticar, analisar o comportamento do político brasileiro sem antes compreender a forma como ele se elege. Neste país voto é mercadoria. Sendo uma mercadoria sempre iremos ter irresponsáveis no poder, gente desinteressada em legislar. Textos como os que eu recebi e recebo não serve para mim, não vai servir para ninguém.
Esses cronistas deveriam deixar de escrever textos que não servem para nada. Deveriam escrever textos de estímulos a sociedade para que esta se organizasse, compreendesse com profundidade a política para que o comércio eleitoral fosse combatido, derrotado.
Esses textos me cansam. Se eles não servissem para as minhas análises, os apagaria; pois, neles não há nenhuma novidade.
Por isso defendo a ideia de uma sociedade organizada em núcleos de reeducação política para resgatar as pessoas das palafitas, das favelas, do seu estado de miséria e torná-las cidadãs capazes de mudar a sua história pessoal e da comunidade em que vivem; porque a acidez das palavras não constrói e constrói uma sociedade mais alheia as práticas políticas.