26 de set. de 2010
12 de set. de 2010
Mazela eleitoral
Muita gente acha que as leis existentes deveriam ser mais rigorosas, pois, acreditam que esse rigor resolveria o problema da impunidade neste país. E reclamam delas e dos políticos.
Acham que a Justiça Eleitoral deveria proibir o uso de dinheiro em campanhas, pois, ela sabe que esse dinheiro se destina a mercantilização do voto; que o dinheiro deveria ser usado simplesmente para manter um banco de dados contendo informações pessoais e jurídicas da vida de todos os candidatos envolvidos em um processo eleitoral para que os eleitores pudessem escolher pesquisando a vida pregressa de cada um deles.
Entendo que essa olhadela no sistema político reflete que: falta filosofia, faltam reflexões, falta senso crítico. Mesmo que fosse proibido o uso de dinheiro em campanhas, ele não faltaria no bolso dos candidatos, pois, há quem os financie; melhor dizendo: comprem favores pessoais, agiotem e isso ocorre há anos. O problema das eleições deste país não são as calúnias, as baixarias, as fraudes, os sigilos quebrados, a pistolagem, as Leis, a "harmonia" de alguns seguimentos do Judiciário. O problema das eleições neste país esta na cabeça dos eleitores.
Enquanto a mudança não começar por ela não há mudanças no sistema. Ele sempre será perverso, irresponsável, amoral, opressor e vil. Por isso muitos já perderam a esperança. Sem forças para lutar, prostituem-se com o sistema e tentam impor que a prática da corrupção faz parte da cultura do brasileiro. Entendem que a barganha é uma prática normal, amigável e social.
A mudança não tem acontecido porque o povo não compreendeu o que o voto é. A maioria entende que essa palavra não tem nenhum valor, por isso, apegam-se a vantagens imediatas e medíocres. Isso ocorre porque nos fizeram acreditar nisso há muito tempo. Isso não é de hoje.
E o pior dessa triste verdade é que o povo simples é vítima dessa mazela eleitoral, apesar de alguns não compreenderem isso. Enquanto houver forças nos dígitos, eu levantarei um estandarte para o povo por um motivo simples: muita gente dita "culta" e que possuem anéis universitários vivem de barganha, sendo os mais beneficiados.
5 de set. de 2010
Ruas vazias e solitárias
Vestiu a bermuda
surrada e nem se deu conta. A mãe balbuciou alguma coisa, mas ele meneou a
cabeça e saiu. Lá fora, as ruas estavam vazias e solitárias para os seus pés.
Durante o trajeto, pensava:
— Amei-a sem
limites. Doei-me sem interesses pessoais. Ocupei-me
com os problemas dela, vivendo-os como se fossem meus. Mas, o que me restou? Restou-me
a humilhação, o cansaço e a chacota. Além disso, mamãe fica no pé, azucrinando
a minha cabeça para eu não cair mais numa daquelas.
Caminhando pelas
ruas daquela pequena cidade não surgiu um ouvido, uma língua, um olhar terno,
meigo que lhe servisse de bálsamo. A alma, movendo-se de amor e para o amor,
encharcava-se de angústia. Muitas vezes sentia-se perdido e tinha a sensação de
estranhamento de si e das coisas.
Alguém o chama.
Ele ergue a cabeça, reconhece a turma que estava na porta de um mercadinho e se
dirige para lá. Ali, a mesmice parara e nela sua integridade fora violada, sua
solidão, seu solteirismo posto em dúvida. Então, na sua serena aparência,
elástica compreensão, saiu tranquilamente com o olhar voltado para o chão, a
procura de algo que os seus interlocutores não veem.
Convencido de
que aquelas pessoas eram tolas, mas nem por isso as julgavam, pensou:
— A vida neste
lugar tornou-se um ciclo: a violação da vida alheia, da solidão, da opinião
política; além dos gracejos inconvenientes, recheados de críticas e desdém na
variedade de risos. Eles são bobos. Não entendem a vida. Prendem-se demais em
coisas fúteis, medíocres. São tontos! Não percebem, não vivem e; vivem dos
outros, para os outros. Não ousam nem explorar as profundezas das ideias, dos
pensamentos, das emoções. A maioria deles vivem no abismo, na escuridão das
suas próprias angústias.
Houve um tempo
que essas manias dos seus conhecidos o perturbavam, deixando-o sem direção, sem
rumo e muitas vezes, quando deles se afastavam, os olhos rasos de lágrimas. Só
que ele esvaziou tudo isso de si quando percebeu a tolice de cada um deles e a
não culpabilidade. Afinal, era apenas uma reprodução de hábitos; maldosos, mas
um hábito.
30 de ago. de 2010
A Oswald redescoberto
— O Brasil foi descoberto ou descobrido?
— Não. Ele foi achado!
— Despido?
— Rapaz, ele foi vestido.— O Brasil quando foi achado, estava pelado.
— Não tinha frio, nem resfriado.
— Mas quando vestiram-no, sentiu frio e resfriado.
— Não. Ele foi achado!
— Despido?
— Rapaz, ele foi vestido.— O Brasil quando foi achado, estava pelado.
— Não tinha frio, nem resfriado.
— Mas quando vestiram-no, sentiu frio e resfriado.
LIMA, Ronaldo Pereira de. Agonia Urbana. Litteris Ed.: Quártica, Rio de Janeiro, 2009.
20 de ago. de 2010
Biritando com Baco
No copo é colocada a loira que reunia na mesa algumas pessoas.
Mas meu copo esquecido ela não enchia, apenas me excluía apesar de biritar com Baco.
Eu estava bem trajado, mas desempregado e o que vale é o alto que não tinha
Baco me olhava.
A loira sumia no meu copo rasgado.
Que mexia com o corpo descoberto a dureza de excluído, incluído todo dia.
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