O depoimento da professora Diva Guimarães, na Flip, chama a atenção pela emoção alternada enquanto conta parte de sua história e nos diz que aprendeu o significado de racismo, preconceito aos seis anos. Assista, emocione-se, repense suas ideias.
28 de jul. de 2017
18 de jun. de 2017
Isso não é um filme americano
Numa sociedade em que impera a cultura da violência, as pessoas resolvem seus conflitos aos murros, na facada, à bala. É isso que se vê em muitos filmes norte-americanos. A cultura da violência impera, por exemplo, nos desenhos animados que nossas crianças assistem. Neles, as agressões são ininterruptas e gratuitas; a morte é banalizada, vulgarizada. No Brasil, a violência se expande porque - entre várias outras causas - não temos um bom sistema judiciário, nem uma política eficiente. Acho que já ultrapassamos, há muito, o limite do suportável. existe hoje, entre os brasileiros, a consciência de que estamos vivendo uma verdadeira guerra civil, com milhares de mortos por ano. A formação desta consciência pode ser o primeiro para a diminuição do problema. A sociedade precisa se organizar para exigir dos administradores públicos que enfrentem as muitas causas da violência.
Existe um personagem do livro, o policial Fujiwara, que acha que os criminosos deveriam ser executados. Você pensa que a pena de morte é uma solução para o problema da criminalidade?
Tenho uns trinta argumentos contra a pena de morte. Fico aqui com apenas quatro: a vida humana é um valor que tem de ser preservado sempre; temos os inevitáveis erros judiciários, que condenarão inocentes; a pena de morte é uma vingança do Estado contra um homem que cometeu um crime, e com vingança não se faz justiça; finalmente, está provado que pena de morte não reduz a criminalidade.
Mas, quando criei Fujuwara, não levei minhas idéias em conta. Como milhões de brasileiros acuados pela violência, ele acha que matar bandidos é uma solução.
Outro tema abordado no seu livro é o papel dos meios de comunicação na sociedade moderna. A atuação da imprensa é decisiva na história. Como você acha que a mídia interfere na vida das pessoas?
A imprensa interfere, o tempo todo, na nossa vida. No carro, ouvimos rádio. Em casa, vemos tevê. No trabalho, olhamos a internet. Nas bancas, centenas de revistas nos dizem o que devemos comer e vestir e até o tipo de ginástica que temos de praticar. A vida moderna, superagitada, enfraqueceu os nossos laços de família e com os amigos. Pouco falamos de nossas vidas, acabamos discutindo mais os personagens de telenovela. Ora, como é praticamente impossível escapar dessa influência sufocante, devemos tentar escolher os melhores veículos. Se pudesse indicar um remédio para reduzir esse mal, eu diria: leiam livros, leiam os grandes mestres da literatura.
13 de jun. de 2017
Não sei o que fazer do que vivi
Clarice Lispector |
"Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro".
Lispctor, Clarice. Paixão Segundo G.H, Record.
21 de mai. de 2017
Em que classe de autor você se enquadra?
Também se pode dizer
que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem
pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a
partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há
os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São
bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a
escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros.
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SCHONPENHAUER, Artur. A Arte de Escrever. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 57
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