30 de out. de 2019

Quem eram os tipógrafos

A arte da impressão envolvia uma série de conhecimentos diferentes: mecânica para as prensas, fundição para as ligas, fabricação de papéis, formulação das tintas, técnicas de encadernação, conhecimento de diagramação, arte, além de muita cultura, conhecimento de outras línguas e escritas. Por tudo isso, os impressores, calígrafos e escribas era pessoas muito especiais e de grande importância na sociedade europeia. Constituíam uma elite de intelectuais que trabalhavam com as tecnologias mais modernas da época e não paravam de inventar máquinas, materiais e processos de fabricação. Mas também eram mestres da estética, pois o desenho das letras exige vastos conhecimentos de arte, desenho, geometria e estética. Para finalizar, nossos heróis eram pessoas de grande cultura, pois falavam, escreviam e criavam letras em várias línguas e escritas, não raro idiomas extintos. Por tudo isso, muitas vezes até as leis eram “adulteradas” em benefício dos artistas da letra.
A história de Francesco Griffo é um exemplo da importância dos tipógrafos na sociedade renascentista. Conta-se que Griffo desapareceu de circulação após ter matado seu genro em uma discussão familiar. Se a lei fosse aplicada, Griffo teria sido condenado à forca, por assassinado. Mas inexplicavelmente depois do sumiço de Griffo, muitas das fontes desenhadas por ele continuaram a aparecer no mercado. Uma das versões contadas é que, pela sua importância, Griffo não foi condenado à forca. Diz-se que seu nome foi mudado e ele continuou a viver na mesma casa, trabalhando em paz por muitos e muitos anos. Mas trabalhando em quê? Griffo, grifo, grifado. Pelo nome já deu para ver que a letra grifada ou itálica foi inventada por ele. Ou letra cursiva – cursiv, como chamam os alemães. Grifo não só inventou as primeiras letras itálicas como também entalhou os primeiros tipos itálicos desenhados por Aldus Manutius que, juntamente com Ludovico degli Arrighi da Vicenza (Vicentino), formavam o trio de mestres que lançaram as itálicas mais conhecidas.

HORCADES, Carlos M. A Evolução da Escrita: História ilustrada. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2007. pp. 56-57.
Leia Mais ►

22 de out. de 2019

Velas Náufragas

Diego Mendes Sousa
A obra "Velas náufragas" (Editora Penalux, 2019) de Diego Mendes Sousa é um epilírico dividida em duas partes: "Alma litorânea" e "Coração costeiro". Herdeira da "Mensagem" do poeta português Fernando Pessoa, "Velas náufragas" é uma arrebatada devoção ao mar e à natureza. A poesia de Diego Mendes Sousa é
vertical e instaura as palavras com a força do sentimento, que guarda também a memória e a infância. O poeta piauiense canta a terra natal, Parnaíba, santuário do Delta do Rio Parnaíba, e inventa um universo paralelo chamado Altaíba, com "seres aladinos", como quer a magia e o testamento desse notável poeta. Extremamente simbólica e barroca, apesar de os versos serem livres, brancos e em desordem aparente, a poesia crescida na visão peculiar de Diego Mendes Sousa ressucita a metáfora do tempo e a profusão dos sonhos, pois os seus versos são doídos e são anímicos. São também sonoros e imagéticos. Poesia cuja grandeza está na universalidade de ser telúrica e espantosamente inovadora. Os cantos e as líricas de "Velas náufragas" tomam, de imediato, o seu leitor de assalto, porque a sua linguagem é de raiz, provocante, bela e inusitada; pura invenção interior e espelho de uma alma que "possui terra dentro", como ressalta o Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Carlos Nejar, na leitura de contracapa do livro "Velas náufragas".

Deguste devargazinho este poema do Diego como se estive às margens do algum rio ou n'alguma praia:

Ser Dor Mar
Cosmonave de um coração costeiro
que navega na preamar da dor
na maré do amor
no mar do ser
meu alterego
a dor-mar
a domar
os sargaços
de um sal salgado
de um sol solstício
de uma lua lunática
que passa na alma
de enseada
Meu coração aberto
nas praias do sonho
litoral de aberturas
ao mundo

SOUSA, Diego Mendes. "Ser dor mar". In:_____. "Opus II: Coração Costeiro". In:_____. Velas náufragas. Guaratinguetá, SP.: Penalux, 2019.

Leia Mais ►

28 de set. de 2019

V Bienal do Livro de Itabaiana

Família MarRon com Saracura
A família MarRon esteve na V Bienal do Livro de Itabaiana/SE no dia 15 de setembro de 2019. Estivemos com nosso amigo Saracura e o seu Pássaros do Entardecer. Romance que tive a honra de ler antes da publicação e opinar sobre ele. Uma gostosa leitura sobre os migrantes itabaianenses como descrita na sobrecapa do livro:
"Esta é a história aventurosa de um navegador pelos céus de Itabaiana, do Brás, de Rancharia e até do Paraguai... em busca de uma árvore onde pousar  (uma noite ou a vida inteira); a busca incessante de um canto onde tremule a ilusão de uma vida melhor. É uma epopeia narrada em versos pelo poeta Omerin, cordelista, de quem você ainda ouvirá falar, e em prosa, ditada pelo próprio navegador a um copista de Itabaiana que tem a mania de maquiar oitivas com palavras e sentenças de duvidoso gosto. Omerin que o diga!".
Leia Mais ►

21 de set. de 2019

O São João do Nordeste

 
Por Cleno Vieira
No São João do Nordeste 
tem de tudo até de mais
temos milho, munguzá e canjica 
para só de milho o povo saborear. 

Temos o famoso quentão
que é servido de coração 
pro cabra ficar animadão.

A veneração aos santos
Antônio, João e Pedro,
são pra lá de especiais 
mais o que abrilhanta a festa 
são as quadrilhas nos arraiás.

Nesse mês junino 
temos o santo casamenteiro
de Propriá ele é nosso 
padroeiro, pra não haver            
desespero, rogue a
Antônio um amor verdadeiro.

Logo em seguida 
vem o menino São João 
com o cordeiro na mão é exaltado,
mas tudo fica animado 
quando os fogos são queimados.

Pra não deixar queimar
o Nordeste, vem São Pedro 
alegrando o sertão 
e com a linda chuva 
alegra-nos o coração.

Pra terminar o mês junino 
é celebrado São Paulo 
que por poucos é venerado
mas pense em um santo arretado.

Pra mode não demorar 
eu já vou terminar, 
dizendo que o São João 
é cultura e tradição,
que no Nordeste 
é bem cultuado,
se depender de mim 
seu moço o São João 
será sempre lembrado.
Leia Mais ►