Acácia Rosa |
Tem dias que a gente precisa de ar fresco e um lugar bacana
para ir. Foi num desses que eu larguei tudo e fui à Praça Assis, por ser ampla
e ter muitas acácias. Eu adoro as acácias!
O perfume delas me trouxe
alguém das profundezas. Alguém que eu achava que havia esquecido. Aída pululava
os meus pensamentos e eu não queria viver aquele drama que se arrastou em mim
por algum tempo. Seria eu uma cobaia nas mãos de Cupido? Não sei dizer. Sei que
o perfume das acácias me traiu, trazendo-me lembranças que não queria.
Ali, na praça, atordoado, não me livrei de mim. Me debatia,
buscava freneticamente algo que me socorresse daquelas lembranças que causavam
calafrios. Eu não queria reviver tudo de novo.
Tudo isso foi um engodo da alma porque o olfato me fez pensar
o tempo todo em Aída contra a minha vontade. Alojou-se, tomou posse. Nem mesmo as
garotas com quem saí, delicadas e suaves, foram suficientes para impedir a fúria
com que as lembranças me viam.
Cansado das acácias, fui andando, fui estranho. Era preciso
se recompor, era preciso se reorganizar.
Mais adiante, longe delas, eu me recolhi de tal forma que o
tempo foi indo, sem que eu percebesse. Quando me dei conta, pés e mãos viam de
todas as partes.
Naquele momento, ninguém
apareceu para quebrar a minha dor. Até porque na dor já não há mais alento. Naquele dia eu deixei
as acácias e não tinha mais certeza se as queria por perto.