Trata-se do fato de que a grande maioria dos livros
de poesia premiados, tanto na FNLIJ quanto no Jabuti, apresentam, para além de
suas qualidades literárias, ilustrações bem elaboradas e um acabamento
sofisticado. Tal constatação tem um lado muito positivo, que é a consolidação
de uma produção editorial cuidadosa. Mas há também um lado negativo, ou pelo
menos preocupante: ao praticamente exigirem dos livros o acabamento impecável,
as premiações sugerem a possibilidade de que muita poesia de qualidade esteja
sendo desconsiderada. Afinal, os júris que premiam, as comissões que selecionam
obras para programas governamentais, mas também professores, bibliotecários,
pais, crianças, enfim qualquer um que se (dis)ponha a escolher um livro de
poesia corre o risco de deixar de lado uma obra poética de qualidade, caso a
produção editorial do livro não acompanhe essa mesma qualidade. Trata-se de
mais um desafio a ser enfrentado pela literatura, e principalmente a poesia,
infantil.
CUNHA, Leo et al. Poesia: crianças, conceitos, tendências e práticas. Curitiba: Piá,
2012. p. 79.