Neste vídeo, várias são as definições do conceito de Literatura. Elas se distinguem daquelas que a gente costume ver nos livros. Vale a pena dar uma espiada nele, compreender a importância da Literatura para as pessoas.
9 de abr. de 2015
29 de mar. de 2015
Para que tantos filhos?
Os filhos, os muitos que tivera
e criara não lhe fazia uma visita, não davam um telefonema, nem um cartão para o
vizinho ler para ele. Isso dilacerava o peito dele, largando-o ao abandono e a
depressão. Sentado à mesa com a face entre as mãos, sentia as lágrimas rolaram;
seguidas de um único soluço.
Muitos eram os pensamentos.
Bastante as angústias. Turbado, indagava a si: “Onde foi, meu Deus, que errei?
Que pecados cometi para ser castigado desse jeito? Se não fosse o meu vizinho,
o que seria de mim? Para que tantos filhos?”
Essas indagações rondavam a cabeça
dele e elas mexiam, remexiam o desgosto no mais profundo do peito. Para ele,
não havia sentido algum viver.
No outro dia, o vizinho não o
viu na cadeira, como era de costume. Mas achou que ele poderia estar dentro de casa,
fazendo alguma coisa. A mesma cena se repetiu no dia seguinte. Desconfiado,
chamou o filho e pediu que fosse ver se estava tudo bem com Pedro.
Sem retrucar, atendeu num instante
o pedido do pai. Ao adentrou na casa de Pedro, não o viu na sala. Foi à cozinha
e ele não estava. Ao ir ao escritório, avistou o corpo dele tombado.
Tirou o celular do bolso às
pressas, discou 192. Enquanto a ambulância não vinha, percebeu que havia uma
carta em uma das mãos. Nela, estava escrito: “Aquele que me encontrar, entregue
esta carta a um dos meus filhos. Obrigado”.
Os filhos, quando souberam de
sua morte, pediram que o vizinho tomasse conta do defunto. Dos seis, somente a
mais velha apareceu. Em nome dos demais, agradeceu, pegou a carta deixada pelo
defunto e nem deu importância ao que estava escrito. Estava de olho era nos
bens do finado.
Só que ela foi surpreendida. O
finado só havia deixado metade do que lhe pertencia e de menor valor. A outra
foi destinada para instituições e o vizinho que cuidara dele, sem nunca o
explorar, sem nunca pensar em seus bens.
Não demorou muito para ela riscar
o carro na porta de Fernando, fez aquele escarcéu e saiu queimando pneu,
dizendo impropérios, maldizendo céus e terra; jurando que iria metê-lo na
cadeia por se aproveitar de um idoso.
13 de mar. de 2015
Pra que serve trabalhar tanto nesta vida
Vida ou Morte? |
A
cadeira rangia. Ela
reclamava
por conserto, deixando ele incomodado e mal-humorado. Dela, ouvia-se
o último coaxar dos sapos vindos do quintal que dava numa lagoa.
Nisso,
lembrou-se daquela
criança que viveu vida dura nos canteiros, nos lotes de arroz e na
pescaria. Percebeu que a sua migração para a cidade frustrou suas
perspectivas de uma vida melhor.
Com a
cabeça cheia, precisar
sair.
Ficar
em casa só seria
receber cobranças da mulher e dos fiadores. E
para isso, ele não estava pronto.
Na rua,
andava
sem rumo; até se debruçar
no cais de arrimo e dele observar um pé-de-matafome cheio de vagens
verdes e avermelhadas pronto para pardais vindos de todas as partes.
Mas
foi uma criança, às margens do rio, descalça, de short
azul e sem camisa que chamou a sua
atenção.
Ela levava no ombro um jereré para pescar saburica em meio ao lodo,
dejetos humanos, bolsas plásticas, garrafas descartáveis presas às
orelhas-de-burro e caramujos em abundância nas partes rasas do Rio.
Aquela
criança o fez lembrar de muitas coisas e pensar em outras que ele
não desejaria. Saiu revoltado, foi ao bar de Lió, arrumou confusão
por lá e voltou para casa, deitando-se no sofá.
No
outro dia se levantou cedinho para pescar.
Ao
retornar da pescaria, encontrou Alberto de cócoras jogando pedrinhas
às margens do rio. Ancorou a canoa, aproximou-se dele, tocou-lhe o
ombro e disse.
— Algum
problema, meu amigo?
Tá todo desconsolado. O que foi?
— Meu
pai morreu!
— Ô
rapaz, que coisa. Meus sentimentos!
Essas
foram as únicas palavras proferidas entre eles. E logo percebeu
que o amigo precisava ficar só. Deu até logo e se foi carregando
seus objetos de pesca. Na ida, enquanto subia os degraus do cais de
arrimo, pensava na morte. Pensava porque sentia cansaço no corpo e
na alma.
Ao
chegou
na
porta de
casa. Barão o recebeu com alegria pulando sobre ele. Artur
simplesmente passou a mão sobre a cabeça dele e o acariciou. Entrou
em casa.
No
sofá, o filho do meio, pálido, não atentou para a chegada do pai.
Estava entretido com uma revista. Não era só a revista que o
entretinha; era a indiferença. Artur pôs o leme no quintal, jogou o
saco que estava dentro do balaio no canto da parede e foi direto ao
banheiro.
Enquanto
a água fria tomava a forma do seu corpo, ele pensava na face de
Alberto. Nunca vira o amigo tão abatido. A única coisa que podia
fazer naquele momento era apoiá-lo. Vestiu-se, penteou o cabelo.
Quando colocou os pés fora do batente, sua mulher o interpelou:
— Já
vai sair? Mal chegou da pescaria e já vai pra
rua?
— O
pai de Alberto faleceu. Você não sabia?
— Não,
não tava sabendo, respondeu ela descabriada.
— Ele
tá lá na beira do Rio todo desconsolado. Vou lá dar uma mãozinha
pra ele. Não sei que horas voltarei. E pare com essa mania de me
censurar.
Ela
calada estava, calada permaneceu; voltando-se para seus afazeres.
Alberto,
com os olhos lagrimejantes, notou Artur se aproximar. Depois, lhe
disse:
— Prá
que serve trabalhar tanto nesta vida. T’aí, meu pai; morreu e a
gente nem o caixão tem pra enterrar ele. Eu e meus irmãos temos que
pedir prós políticos, ficar devendo favor prá esse povo que só
faz isso atrás do voto.
Sem
ter o que dizer, Artur permaneceu ao lado do amigo silente,
contemplando as águas serenas do
Chico enquanto este se esvaziava. Ao perceber a
fragilidade dele, pensava na maldade do mundo, sem compreender como
alguém é capaz de se aproveitar de uma situação dolorosa como
essa.
26 de fev. de 2015
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Sidney Guerra trabalha com livros faz anos. Tem experiência na área e as dicas deixada por ele neste vídeo são úteis. Assista ao vídeo e veja o quanto é importante manter um website sobre o livro ou livros que você pretende publicar.
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