5 de nov. de 2014

A cadeira de balanço de Sophós

Sophós estava na companhia de alguns conhecidos, mas seus pensamentos estavam dispersos. Cutucado por alguém, não deu importância. Levantou-se, cumprimentou a todos e se foi. Alguns fizeram mal, resmungando entre si.

Em casa, sentou-se na cadeira de balanço. Pensava:


"Não me adapto ao meio. O meio que é meu e que está fora de mim. Eu diferente, indiferente as faces que me roubam. Roubam os instantes pequenos, deixando-me só. A luz dos meus olhos percorrem sobre letras flutuantes e o vento alisa as folhas uma nas outras, numa brilheza. A folha amarela cai dentro de mim, porque ali não é a sua última fase.

Eu caminho suspenso e nada encontro. Todas as formas possíveis, todas as falas e palavras estão contidas e variadas nas cores de mim. Eu caminho, não numa estrada; mas por dentro de mim e por todas as partes e tropeço em uma interrogação.

Eu não vejo nada dentro de mim, a não ser eu. Unicamente eu, puro e original. O mundo de fora que espere, na porta, em silêncio e nos desencontros. Não sou culpado, e a culpa para mim é tolerar o absurdo.

Amanhã estarei outro dia e serei cheio de sol. Estarei no sono e estarei com os olhos abertos para mim".

E permaneceu bastante tempo ouvindo o cricrilar, o coaxar das suas reflexões, do seu jeito de ser naquele momento...
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1 de nov. de 2014

3º Encontro Sergipano de Escritores


Estive no 3º Encontro Sergipano de Escritores, dia 25 de outubro de 2014 revendo amigos, conhecendo outros escritores e me debruçando em novos livros.
Falar em livros novos, recebi um exemplar da SELETA DO II ENCONTRO SERGIPANO DE ESCRITORES, da qual faço parte, com o título Historinha. Essa seleta foi homenageia a irmã Dulce.
Após o lançamento dessa seleta, me dirigi ao auditório da Associação Semear. Nele, fiquei atento a palestra do Prof. Dr. Aderaldo Luciano. Ele é cordelista, tem larga experiência nessa área e nos brindou com uma belíssima palestra.
Expôs, com bastante clareza, a importância do Cordel produzido no Brasil, especificamente na região Nordestina. Não tratou dele como uma subcategoria literária, mas como Literatura genuína e citou nomes como o de Ariano e outros escritores renomados que liam, estudavam e se inspiravam nos cordéis.
Encerrada a palestra, visitei os cordelistas presentes no evento, deles comprei cordéis, troquei ideias e fui para casa na certeza que aprendi naquela tarde a importância da interação e diversidade.

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22 de out. de 2014

Beijando a flor

Em frente da minha casa há um jardim.

Nele, um beija-flor beija as flores todas às tardes.
Todos os sábados, em frente da minha casa, uma garota colhe  flores.

Houve uma semana que ela, o beija-flor e as flores se encontraram.

O beija-flor percebeu que a garota tinha olhos lânguidos. Correu ao encontro dela e a beijou.

A garota riu, agradeceu.

Disse: você beija todos os dias a sua flor. Eu as colho para o meu amor — os olhos lacrimejaram.

E entendeu o beija-flor.

E assim, combinaram adornar o jardim.
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12 de set. de 2014

Keinha e os bichos

Lilu
Sabe, lá em casa a gente cria duas gatas e um cãozinho como se fosse gente. As gatas se chamam Kika e Tina e o cãozinho, Lilu. Eles estão sempre por perto. Na verdade, quem cuida deles é Keinha.
Ela os conhece muito bem. Tininha, por exemplo, é ranzinza e ciumenta. Kika é carente e dengosa. Lilu adora pão com queijo, mas usa corticoide. Está sempre com eles no colo, mas não esconde que Tina é seu xodó. Keinha não se importa de ficar com a roupa cheia de pelos, nem a pele. Sempre conversa com eles. São seus serumaninhos.
Teve um dia que ela estava com Tina no colo, apertando-a com afeto. Lilu não gostou daquilo, aí, saltou no colo dela. Estava disposto para disputar o quinhão de amor que lhe pertencia, enchendo-a de lambidas. Tina não gostou dessa ideia. Ronronou para ele. Lilu rosnou. Para acabar com a arenga, Keinha lhes disse:
— Parem com isso. Vocês são irmãozinhos. E irmãozinhos não brigam, tentando reaproximá-los. Tina não quis nem saber. Saltou do braço do sofá e foi direto para a cozinha, aproximou-se de Kika, enchendo-a de lambidas.
Lilu queria mais atenção. Para isso, entrou no quarto, pegou a meia no tênis e saiu correndo pela casa, colocando-a debaixo da cadeira de balanço, esperando por Keinha. Ela foi pegar a meia, mas foi driblada por ele. Corria de um lado e de outro, até se cansar.
Cansado, ele largou a meia no meio da casa, esparramando-se no chão, atento aos movimentos de Kika e Tina. Ele se aproximou delas com seus latidos estridentes. Tininha, com seus olhos amendoados e azuis, olha para ele friamente. Quando menos se espera, ouve-se: caiiiin.... caiiin.... caiiiin....
Keinha saiu do computador. Queria saber o que aconteceu. Chegando lá, viu o focinho de Lilu sangrando. Pegou-o no colo, acariciou ele, se voltou para Tina dizendo:
 Menina, não pode fazer isso com seu irmãozinho não! 
Tina, desconfiada, olha para ela com seus olhos azuis, dá de dorso, entra no quarto, se deita na cama, lambe-se e cochila.


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