17 de mai. de 2014

Última dor da existência

Ela estava sentada no batente da porta. Face voltada para a calçada e entre os dedos o cigarro.
O cigarro, quando posto entre os lábios, estremecia. Nela havia solidão e o seu mundo estava desarranjado. A mente muitas coisas fazia, participava no cubículo do seu ser.
Passavam-se as horas.
Passavam pessoas. Só não passava aquela angústia, aquela dor, a última que alguém pode sentir nesta vida.
Só o cricrilar fazia-se presente no fechar e abrir dos dias.
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21 de abr. de 2014

A minha gata

Kika
A minha gata vive atrás de mim, toda dengosa. Mas o dengo dela tem explicação: é a fome. A minha outra gata afirma que não é nada disso, mas amor.

Acontece que a minha gata faminta quando está com o bucho cheio, me trai. Imagine: ser traído por um bucho cheio! E essa traição arranca risos da outra gata.
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24 de mar. de 2014

II Gerarte

Gerarte - Maceió - AL
A convite da professora Dilma Marinho de Carvalho, participei do II Gerarte (Gera Arte: Literatura, Música e Teatro) na cidade de Maceió – Alagoas. O evento foi organizado pela Escola Estadual Geraldo Melo dos Santos. O tema do II Gerarte foi: Mestre Graça foi a praça. 

O objetivo do evento é trazer temas do passado como a fome, a seca, a gravidez precoce, a violência e outros com a realidade dos alunos para que eles possam comparar épocas, refletir sobre elas e distinguir se houve mudanças relevantes.

Pça. de Eventos
O evento se início às 17:00 h e foi concluído às 10:00 h. Obras de Graciliano foram homenageadas e encenadas, mas outros autores foram lembrados, a exemplo de João Cabral de Melo Neto, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz etc. Poesias foram recitadas, músicas de Luiz Gonzaga cantadas por alunos... Segundo a professra Dilma, “o Gerarte surgiu depois de a escola passar por um período de violência, quando professores foram ameaçados, alunos brigavam no pátio e um aluno tocou fogo no banheiro”.


Desde que surgiu e com ele outras atividades, a escola tem colhido os resultados: a violência acabou, a comunidade se envolveu com as atividades escolares e o ambiente escolar voltou ao normal. E eu estive por lá, observando a participação dos alunos, as barracas temáticas, o ir e vir das pessoas; enquanto outras assistiam as apresentações.

Ronaldo e a Profª. Esp. em LB Dilma M. de Carvalho

Ronaldo e a Professora Dra. Eliana - UFAL
Ronaldo e o escritor Linaldo Santos
O autor e a professora Débora Santos
Aluna lê A menina das queimadas

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13 de mar. de 2014

Na sala

Estava na sala de espera. Pessoas viam, outras iam. Cada uma carregava em si ou na carne a sua história. As faces eram variadas, na variedade de cores que só os males imprimem no corpo. Aquele aspecto macambúzio me fez pensar na existência humana.

O vento seco do ventilado batia na minha face, provocando a minha rinite. Uma música de súplica cristã invadia os meus tímpanos, transformando-me em um filósofo de chinelo de dedo.  Não demorou muito tempo aquele estado de filosofia barroca. Uma criança chorava, um idoso estava no corredor numa maca, um jovem ensanguentado passava desmaiado.

Diante de tantas pessoas que buscavam para si ou para outrem alívio para suas dores, cura para seus males; entendi que o ser humano não passa de uma espécie atrasada e doente. Mas grave que isso era saber que boa parte dela cultiva sentimentos tolos e vis.

Eu ficava na perspectiva de ser atendido, até porque o meu estômago dava os primeiros roncos de fome. 
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