Carlito os viu passar. Deixou o balcão, as garrafas
falantes nas mesas e acenou com a mão para eles. Queria ser o primeiro a ter
certeza dos boatos circulares das praças e bares. Ao se aproximar dos
conhecidos, perguntou-lhes:
— Seu Artur, é verdade que ontem à noite, quando vocês
pescavam, um casal de Nego d'água atacou vocês dois? Tá uma confusão danada nas
ruas. O povo tá com tanto medo que nem banho que tomar no [1]Rio.
— Olhe seu Carlito, não sei disso não. O povo conversa
muito. A gente não foi atacado por nenhuma criatura das águas. O que aconteceu
foi isso: a gente saiu da croa para pescar. De repente, um toró caiu sobre a
gente, acompanhado de uma ventania danada. Como o barquinho tava precisando de
reforma, não aguentou com os sopapos do vento. Ele se partiu ao meio e a gente quase
morreu. Só foi isso. Não teve Nego d'água nenhum.
Quando Carlito resolveu lhe fazer outra pergunta, o celular de Artur o interrompeu. Ao atender o telefone, ele ouvia o desespero da esposa. O pai dela morrera em seus braços. Despediu-se de Carlito e com pressa saiu acompanhado de Carlos.
Quando Carlito resolveu lhe fazer outra pergunta, o celular de Artur o interrompeu. Ao atender o telefone, ele ouvia o desespero da esposa. O pai dela morrera em seus braços. Despediu-se de Carlito e com pressa saiu acompanhado de Carlos.
Nisso, Carlito retornou ao bar. Nele, relatou para as mesas
o que acabara de acontecer. Elas ficaram compungidas e o mundo circular
continuou tico a tico nas ruas, nas praçs da pequena[2]Colégio.