Abraço a compreensão e a quero sem receios. Sei que ela abre a mente e o peito. É uma espada que me faz lutar com mais precisão. Me fortalece, reveste o meu âmago de coisas novas e boas. Me apaixonei por ela desde o dia que os meus olhos estavam avermelhados de dor. Foi ela quem os abriu. Desde quando bocejava, molhava os cílios, que ela veio gentil e pôs a mão sobre mim. A compreensão me quer até que eu me ache.
Não se deve está preso ao dicionário aquele que busca clareza ou explicação para a compreensão. A sua significação é vasta como é a vida. Não é em algumas páginas ou palavras que ela se restringe, limitando-se a conceitos vagos.
À busca incessante dela causa dor e angústia porque as primeiras dificuldades aparecem em nós. É preciso vencê-las através do equilíbrio e quando nós estivermos vencidos a nós mesmos, teremos que vencer aqueles que estão lá fora, muitas vezes insensíveis e cruéis até com eles próprios.
A falta dela é motivo para a fuga, muitas vezes de forma dramática. Compreender não é simplesmente ouvir, olhar o problema alheio com dó ou piedade religiosa, mas penetrar na dimensão humana, sentir os conflitos e tomá-los como seus.
A sua falta tem causado grandes males. A relação funcional é um deles. Por causa dessa relação as pessoas se cansam fáceis umas das outras. Com gestos simples não conseguem ocultar os dissabores, as angústias. O mundo evoluiu, a ciência se multiplicou e a cada dia o homem se coisifica. Os seres humanos se toleram e a falta de compreensão “espalha-se no ar”. Olhos de ressaca, mentes alienadas, esperança sem vôo. O egoísmo prevalece, o individualismo impera.
Os seres são levados por “ondas” do consumo, da soberba. Desprezam-se e as conveniências aparecem sem receios, cinicamente. Os homens correm feitos loucos na vida selvagem que o Capitalismo lhes impõe todos os dias e na sua mesa lhe falta afago, compreensão, diálogo. Os homens andam meio perdidos porque ninguém quer levar o fardo um do outro, por isso, vivem se cansando uns dos outros.
Tem-se pregado o amor. Tem-se pregado a solidariedade. Tem-se pregado homem e ciência, máquinas e tecnologia. Mas não se tem pregado a compreensão. Todas estas coisas para nada servem, a não ser atiçar, atirar os homens nas paixões, afogá-los nas armas, droga, consumismo, guerras, busca desenfreada pelo poder.
É preciso. É urgente que se pregue a compreensão para resgatar o homem, tirá-lo do estado de máquina e dinheiro. É preciso pensar em um mundo melhor.