14 de jan. de 2011
23 de dez. de 2010
Urbano coração
Agonia nos cantos da casa, nas esquinas das ruas, nos ângulos do mundo.
O mundo anda, corre, embriaga-se, cambalea no espaço sem rumo;
humilhando corações humanos que não são mecânicos.
E os homens, meninos, saem pelados pelas ruas;
correm, cansam-se, morrem e explodem de pressão.
Por isso, chora, chora
Meu irmão no urbano coração.
Cadernos, 1996.
17 de dez. de 2010
Ladinos
Há pessoas que a sociedade ver como cultas, respeitadas, honestas com as suas coisas, mas quando se trata das coisas públicas elas são desonestas, ladinas, larápias, gatunas. Por isso, ficam no cio, preferem a mancebia da canalhice e da corrupção.
E quando elas estão conectadas no mundo político, violentam direitos sociais e individuais sem nenhum pudor para que seus desejos sejam saciados, nem que para isso velhas amizades sejam esquecidas e deixadas para trás; tornando-se verdadeiros sepulcros caiados, expressados com o velho tapinha nas costas.
Quando contrariadas, costumam observar seu opositor de soslaio. De uma forma ou outra procuram macular a imagem daquela ovelha que se tornou negra, pelo simples fato de não mais compactuar de ideias vis e gatunas. Agarram-se a prepotência, impondo-a no andar e dizer quando se depara com aquele que se tornou seu desafeto. Só que essas infelizes esquecem que são empregadas eletivas. Para elas todos tem que fazer parte das coisas da “família”, pois, argumentam que “todo homem tem seu preço”.
Porque vivem, convivem com as maracutaias feito amuletos supõe que todas as pessoas do seu ciclo de amizade deve aceitá-las naturalmente. Aqueles que se recusam e se opõe, torna-se inimigo a ser perseguido e combatido. Para elas o termo corrupção faz parte do cardápio dos brasileiros.
Mas no silêncio e no miolo do pote, as práticas delas corroem a alma de remorso e solidão quando sabem que as necessidades básicas do povo não são atendidas por causa da barganha, das falcatruas, das notas negociadas, da patifaria. Amordaçados pela facilidade que a coisa pública propicia, degustam o mel da impiedade.
Infelizes sejam aqueles que se regozijam com essas práticas.
25 de nov. de 2010
Mendigo na feira
Estávamos
em um bar rindo e olhando as garotas passarem. Um mendigo passou, mas ele
resolveu dar meia-volta e parou diante de nós. Meio capenga, movia-se ao som da
música nos fazendo rir. Ele pediu uma dose de cachaça e ficou porali.
O dono do
bar amarrou logo a cara em alguma parte do bar onde era impossível de ser visto. Ele se aproximou, pegou-lhe pelo braço e o pôs para fora feito
cão sarnento.
No outro
lado da rua as bolsas iam e viam. O pirata, com seu som estridente, tocava uma
brega. Movido pela música, o mendigo dançava com uma parceira invisível, fora
de ritmo; expondo um riso cariado. Algumas pessoas riram, outras o desprezavam,
enxotando-o.
Depois
das risadas e do desdém, a esmola veio de costume: magra, áspera, fria, vazia;
tornada apenas um hábito por causa das ideias cristãs. E ele seguia seu caminho
abraçado com Dionísio, escárnio e ruindade.
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