Crônica - Burburinho na madrugada
Dormia profundamente à meia noite, quando, de repente, a janela do meu quarto se abriu sob o efeito de uma ventania que me despertou e fui fechá-la depressa. Quis voltar a dormir, mas apareceu um barulho estranho vindo da rua que me incomodava, por ouvir gritos e risadas. O que estaria acontecendo lá fora? Eram quatro pessoas, pois as vozes se destacavam.
Fui até a janela da sala e vi que a manifestação era de pessoas com camisas de um partido político. Alguns seguravam bandeiras e um estava com um alto falante, tocando jungles de um candidato chamado Zé do hospital. Não pude me conter e caí na gargalhada, pois uma moça estava vestida de enfermeira e um rapaz com vestes de um paciente.
Quando já estavam subindo a ladeira da rua Prof. Lauro do Carmo, percebi que os quatro eleitores estavam indo no bar do Mané, que permanece aberto durante a madrugada nas eleições, mas o hospital não. Que situação, há quem diga que o Zé não perde a eleição.
Aquele encontro inusitado, no meio da noite, me fez refletir sobre a política e suas nuances. A imagem daqueles quatro amigos, com suas fantasias improvisadas, me pareceu uma metáfora da nossa democracia: às vezes colorida e barulhenta, outras vezes confusa e até mesmo um pouco cômica. E, no fim das contas, todos em busca de um lugar para se divertir e esquecer, por um instante, dos problemas do dia a dia.
A política, afinal, é feita de pessoas, com suas paixões, suas frustrações e suas esperanças. E, por mais que as campanhas eleitorais sejam marcadas por discursos inflamados e promessas grandiosas, a verdade é que a maioria de nós busca algo mais simples: um futuro melhor para nossas famílias e para o nosso país. E, quem sabe, um bom lugar para tomar uma cerveja depois de um dia de trabalho.
Magna Maria de Oliveira Ramos
Cleno Vieira
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