Jackson de Figueiredo |
(…) Jackson de Figueiredo Martins, rapaz agitado e furioso nascido em1891, em Aracaju, morreu precocemente aos 37 anos, em 1928, e foi o mais virulento e dramático pensador católico do país no início do século. Influenciado pelas ideias de Blaise Pascoal – filósofo cujas ideias digeriu do modo que bem entendeu, usando seus textos mais como tábuas de um mandamento que como estímulo a reflexão –, Jackson de Figueiredo se converte ao catolicismo em 1918. Logo começa a escrever compulsivamente. Seus artigos pregam, em essência, o primado da vida sobre a ortodoxia cristã.
O que a princípio pode parecer uma ideia estimulante, a primazia da vida em detrimento da rigidez espiritual, na mente de Jackson de Figueiredo se transforma numa construção ortodoxa ainda mais cruel. Jackson de Figueiredo pensa que a religião deve deixar de ser apenas um dogma a ser adotado e praticado nos rituais de fé, para se tornar antes de tudo “uma maneira de viver”. Deve ser introjetada como um conjunto de normas impiedosas que regem cada ato do indivíduo. Jackson de Figueiredo quer integrar natural e sobrenatural. Acredita no poder da razão para promover esse casamento, bastando para isso que o homem use raciocínios de ferro para dominar os instintos baixos da carne e a miséria da condição humana. Torna-se um homem severo, que preza a rigidez hierárquica, defende o respeito meticuloso à ordem e à tradição e chega a exercer o posto de “censor de imprensa” durante o governo Artur Bernardes.
CASTELLO, José. Vinícius de Moraes: o poeta da paixão.Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p.71;75.
1A Ordem, revista católica fundada pelo pensador sergipano Jackson de Figueiredo (nota de rodapé).
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