A arte da
impressão envolvia uma série de conhecimentos diferentes: mecânica para as
prensas, fundição para as ligas, fabricação de papéis, formulação das tintas,
técnicas de encadernação, conhecimento de diagramação, arte, além de muita
cultura, conhecimento de outras línguas e escritas. Por tudo isso, os
impressores, calígrafos e escribas era pessoas muito especiais e de grande
importância na sociedade europeia. Constituíam uma elite de intelectuais que
trabalhavam com as tecnologias mais modernas da época e não paravam de inventar
máquinas, materiais e processos de fabricação. Mas também eram mestres da
estética, pois o desenho das letras exige vastos conhecimentos de arte,
desenho, geometria e estética. Para finalizar, nossos heróis eram pessoas de
grande cultura, pois falavam, escreviam e criavam letras em várias línguas e
escritas, não raro idiomas extintos. Por tudo isso, muitas vezes até as leis
eram “adulteradas” em benefício dos artistas da letra.
A história de
Francesco Griffo é um exemplo da importância dos tipógrafos na sociedade
renascentista. Conta-se que Griffo desapareceu de circulação após ter matado
seu genro em uma discussão familiar. Se a lei fosse aplicada, Griffo teria sido
condenado à forca, por assassinado. Mas inexplicavelmente depois do sumiço de
Griffo, muitas das fontes desenhadas por ele continuaram a aparecer no mercado.
Uma das versões contadas é que, pela sua importância, Griffo não foi condenado
à forca. Diz-se que seu nome foi mudado e ele continuou a viver na mesma casa,
trabalhando em paz por muitos e muitos anos. Mas trabalhando em quê? Griffo,
grifo, grifado. Pelo nome já deu para ver que a letra grifada ou itálica foi
inventada por ele. Ou letra cursiva – cursiv, como chamam os alemães.
Grifo não só inventou as primeiras letras itálicas como também entalhou os
primeiros tipos itálicos desenhados por Aldus Manutius que, juntamente com
Ludovico degli Arrighi da Vicenza (Vicentino), formavam o trio de mestres que
lançaram as itálicas mais conhecidas.
HORCADES,
Carlos M. A Evolução da Escrita: História ilustrada. 2 ed. Rio de
Janeiro: Editora Senac Rio, 2007. pp. 56-57.
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