[1]Ora, a respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais
ignorantes.
I Cor. 12.1
Retomando a ideia de que a escrita é
um “dom”, cito Paulo em Coríntios para diferenciar dom espiritual e dom da
escrita.
O dom espiritual, como pode ser
observado no capítulo 12 daquela epístola, tem um objetivo espiritual e se
manifesta de acordo com os propósitos divinos. O apóstolo lista uma quantidade
significante deles e a importância que tem para o ensinamento da palavra, escrita por uma inspiração dos céus.
O dom da escrita é a vocação para o
manuseio da palavra, a exploração dela pelos sentidos, a manifestação de
experiências sensíveis. Mesmo que o indivíduo não sinta dificuldade para
externar os seus sentimentos, ser criativo, ele necessita das técnicas. É
através delas que a matéria bruta é lapidada, transformada em um texto capaz de
seduzir, atrair leitores e deles receber opiniões positivas. Se alguém escreve
e a sua escrita não prende a atenção do leitor, aquele texto está inacabado, é
matéria bruta carente de técnicas.
As técnicas mais conhecidas e
importantes são a clareza, a concisão e a coesão. Conhecê-las é imprescindível para
quem pretende trabalhar com a palavra. Seus conceitos são indispensáveis para o
acabamento do texto, a transformação dele em algo útil e agradável. Sem esses
conhecimentos, o texto (de um escritor ou não) se torna pesado, enfadonho e
desagradável para o leitor.
Para os que se apegam ao dom espiritual,
eu digo o seguinte: não leiam, nem ande com o Aurélio a tiracolo.
[1]
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada: Velho Testamento e Novo Testamento.
JUERP/Imprensa Bíblica Brasileira, Rio de Janeir, 1988.