11 de jun. de 2012

Sem etiqueta

Esta roupa que uso não é minha. É da terra, da morte, da vida.
Esta roupa não está em nenhum manequim ou em alguma vitrine, por isso não posso comprar, por isso me constrange.
Ela está emprestada. E só posso devolvê-la apodrecida.
A ferrugem nasceu comigo atrapalhando o entendimento.
Por isso a roupa, que não é minha, continua apodrecendo na vitrine.

Cadernos, 03/12/97.