Esta roupa que uso
não é minha. É da terra, da morte, da vida.
Esta roupa não
está em nenhum manequim ou em alguma vitrine, por isso não posso comprar, por
isso me constrange.
Ela está emprestada. E só posso devolvê-la apodrecida.
A ferrugem
nasceu comigo atrapalhando o entendimento.
Por isso a
roupa, que não é minha, continua apodrecendo na vitrine.
Cadernos, 03/12/97.