Nas cidadezinhas, os prefeitos quando estão em apuro financeiro (nunca deixam de estar) costumam dizer que “não tem dinheiro”, que “os repasses diminuíram” e vão empurrando a administração com a barriga, digo: com a língua e remendos.
E assim vivem eles: um tapinha nas costas num dia, óculos escuro noutro, notas frias ali, vereadores passando no bolso por aqui. Mas as cidadezinhas continuam as mesmas: prestando serviços públicos devagar, faltando-lhes as bananeiras e os burros de Drummond.
Essa falta de dinheiro que a maioria dos prefeitos dizem que “não tem” é justificada por vários motivos. Um deles é tão comum, tão familiarizado que todos praticam-no: é a folha paralela.
A folha paralela é uma folha política, a parte; ajeitada por causa dos compromissos eleitorais. Para mantê-la, eles negam reajustes salariais a servidores e prestam serviços públicos sem qualidade. Assim estar distribuída: para os cabos eleitorais, polícia, parentes, amigos, financiadores de campanha (agiotas, comerciantes etc), o bolsa semanal, os contratados, servidores públicos apadrinhados e há situações em que membros do Judiciário fazem parte dela. A folha paralela é um problema político longe de ser resolvido, graças a mercantilização do voto.
Além dessas coisas aborrecentes, há os infelizes cognatas. O cognata é o papagaio do político. Ele repete aquilo que ouve dos prefeitos, deles adquirem alguns hábitos, acham graça em tudo o que dizem e sempre procuram, de uma forma ou outra, justificar as falhas administrativas e pessoais deles. Estão em todas as partes, em todas as classes e deles não se exige escolaridade. É apenas um animalzinho, nada mais.
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