Hoje fui
acometido por uma insônia miserável. Volvia-se sobre o colchão e os meus
olhos viam pontinhos luminosos na escuridão. Os grilos se foram, os
pardais pipilavam e abriam o dia. Um montão deles era um coral. Eu não
fiquei para trás, abri também o dia com as orelhas e da minha cama vi um
dia diferente com nuvens espessas e paradas.
Os primeiros raios de ressaca surgindo com uma preguiça própria do céu.
Olhos começaram a se abrir, mãos começaram a lavar os rostos. Os
primeiros movimentos saem na rua, algumas portas se acordam e para a
rua. Os pardais se espalham em vôos diferentes e buscam na variedade do
cardápio o dia. Saem assim como o homem para a vida. Mas, eu fico
coberto com o lençol e os meus olhos estão pesados. Um friozinho está
nos cantos do meu quarto, menino sapeca, sorrateiro.
LIMA, Ronaldo Pereira et all. Ritmo Vital: contos, poesias e crônicas. São Paulo, Edições AG, 2007.
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